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quarta-feira, 22 de agosto de 2012

[FIC] Mentiras e Segredos 25º e 26º Capitulo


  
Juntos!!!!

(Arthur)

A verdade é que me sentia pouco seguro em estar a sós com a Lua, mas, percebendo o nervosismo dela, fiz os possíveis por relaxar e me limitar a apreciar a companhia dela enquanto jantávamos.

“Da próxima vez jantamos na minha casa...e eu cozinho”, disse enquanto arrumávamos a cozinha, de costas para ela para esconder o sorriso.

Ela não me desiludiu. Atirou-me com uma toalha.

“Nem penses...tenho intenções de viver mais uns anos...e, sem ofensa, cozinhas pessimamente mal!”, disse fingindo-se chocada.
Eu virei-me para ela, encostando-me na bancada.

“Como sabes que não aprendi a cozinhar lá em Portugal?”, perguntei fingindo-me sério, “Têm comida optima lá, sabias?...”

Ela inclinou levemente a cabeça, analisando-me.

“Aprendeste?”

O ar de incrédula dela desarmou-me.

“Não.”, disse a rir sem me controlar mais, “Mas... é mesmo verdade que têm comida optima lá!”

Ela bateu-me outra vez com a toalha enquanto se ria.

“Parvo!”

Não resisti e puxei-a para perto de mim, segurando-a junto ao meu corpo.

“Não me insultes...sou teu namorado!”, disse a sorrir.

Ela riu-se e pousou a toalha, passando depois os braços á volta do meu pescoço.

“Vês como foi boa ideia jantarmos aqui?”, falou enquanto encostava a cabeça no meu ombro.

Apoiei a cabeça na dela e deixei-me ficar, simplesmente a apreciar a sensação de a ter assim, completamente relaxada e feliz nos meus braços.

“Amo-te”, pensei, fechando os olhos para me impedir de o dizer em voz alta. Apesar do momento perfeito, não sabia se algum de nós estava preparado para o peso do que aquela constatação significava.
(Lua)

Encostada ao peito do Arthur sentia-me...segura. A sensação dos braços dele á minha volta, da cabeça dele apoiada na minha...sentir aquele cheiro tão familiar que era só dele...

Fechei os olhos, tentando guardar aquele momento para sempre.

“Lua...”, e senti-o mover uma das mãos pelas minhas costas.

Afastei-me para o olhar...e a única coisa que consegui ver foi um brilho nos olhos. De desejo, sim...mas...havia algo mais lá no fundo também.

O beijo interrompeu-me os pensamentos. Foi uma sedução lenta e irresistível, um entorpecimento dos sentidos, enquanto as mãos dele percorriam o meu corpo num toque leve e vagaroso. E os lábios dele roçaram os meus como seda, até eu poder jurar que me sentia flutuar.

Era como ser gradualmente, habilmente e completamente derretida, corpo e vontade, coração e mente, até não me restar outra escolha senão render-me. Gemi por ele, emitindo um som suave e desesperado de prazer. E pouco a pouco, cedi ao poder daquele beijo, até que os dedos que seguravam os ombros dele perderam a força e eu deixei simplesmente cair os braços.

“Temos de parar...”, ouvi-o dizer contra os meus lábios, completamente perdida nas sensações que o beijo dele me provocava.

“Brevemente”, respondi sem deixar de o beijar e passando os braços novamente ao redor do pescoço dele, “Mais tarde... Daqui a mil anos, talvez....”

Não consegui resistir a dar uma dentadinha naquele lábio inferior tão sexy, muito ao de leve.

Ele riu-se, mas foi um riso trémulo, que terminou com um gemido quando a minha boca se afastou da dele e deslizou até um ponto mágico por baixo da orelha dele.

“Lua...”, disse rouco, “Isso é... excepcional... Mas acho mesmo que temos de esperar...só algum...”

Interrompi-o beijando-o de novo, profundamente.

“Sei...mas ainda não passaram mil anos...”, respondi um bom bocado depois, sorrindo entre beijos e tornando-os cada vez mais leves...

Ele riu-se e eu afastei-me ligeiramente, sorrindo.
(Arthur)

Era oficial. A Lua seria a causa da minha desgraça. Era a verdadeira tentação em forma de mulher!

Levei uma mão á face dela e fiz-lhe um carinho. Ela virou-se um pouco, depositando-me um beijo na mão.

“Adoro...beijar-te”, e a leve hesitação na voz dela foi subtil, quase inexistente.

Comprovando com aquela ligeira hesitação que ela ainda não estava pronta, dei-lhe um beijo estalado nos lábios, tentando aliviar um pouco a tensão.

“E eu adoro tudo em ti!”, disse afastando-a numa tentativa de que ela não percebesse o quanto o beijo me tinha afectado.

“Odeio ser um viciado em trabalho...mas ambos temos cenas para estudar para amanhã...”, lembrei-a, procurando uma desculpa para ir embora.

“Podemos estudá-las juntos...”, disse ela, sorrindo, “Afinal...contracenamos na maior parte delas!...”

Ela tinha razão. Amaldiçoando a minha falta de imaginação para inventar desculpas, segui-a até á sala, enquanto pensava que, pelo menos, não tínhamos cenas de beijo para ensaiar!...
(Lua)

Enquanto ensaiávamos as cenas, discutindo as personagens como fazíamos anos atrás...eu não conseguia parar de pensar no que quase tinha dito na cozinha.

Por algum motivo, não tinha conseguido dizer o “adoro-te”.

Olhei-o disfarçadamente enquanto ele lia a cena concentrado e sentado no chão como era hábito.

Não fazia ideia do que ainda me assustava, do que me levava a não me entregar por completo. Eu tinha acreditado nele, confiava nele...e sem dúvida alguma que ainda o amava e o desejava, quase com loucura...

“Então porquê o medo, Lua?”, perguntei para mim mesma, “O que é que ainda te faz duvidar?”

Suspirei, e ele olhou para mim.

“Problemas com a Raquel?”

Pousei as folhas no sofá, desistindo.

“Não...desta vez é com a Lua mesmo...”, respondi, disposta a conversar.

Ele pousou também as folhas dele e mudou de posição, ficando de frente para mim.

“Qual o problema, Lua?”, perguntou directo.

Gesticulei, não sabendo como explicar.

“Sou eu! Quer dizer...eu e tu!”, deixei cair os braços, confusa, “Não sei Arthur...eu...”

Ele esticou o braço para me segurar na mão.

“Fala”, incentivou.

“Nós os dois...estamos aqui e parece que os últimos 5 anos não aconteceram! Não achas estranho que tenha sido tão fácil voltarmos á rotina?!”, soltei-lhe a mão e levantei-me do sofá, inquieta, “Estás aqui em casa, fazemos as mesmas coisas, dizemos as mesmas piadas... Não sei...”

Ele acenou levemente com a cabeça com ar pensativo.

“Percebo onde queres chegar...”, acabou por dizer, “Mas não sei o que te dizer... Incomoda-te que tenhamos voltado tão facilmente ao que éramos?”

“Não...não é isso.”, sentei-me no chão, ao lado dele, “Eu gosto de estar contigo...e no fundo, pensei durante anos em como seria voltar a ter exactamente o que temos agora... Mas assusta-me pensar que sou assim tão...fácil!”

Calei-me, quase assustada com o que tinha dito.

Estava tremendamente confusa. Quando tinha começado a falar, não sabia exactamente o que iria dizer...mas as palavras tinham fluído sem eu conseguir pensar ou pôr-lhes uma lógica, e eu apercebia-me agora que era precisamente isso que me incomodava...ser considerada fácil...outra vez.

Ele segurou-me novamente na mão e fez-me levantar a cabeça, para que o olhasse.

“Não és fácil, Lua. Nada fácil mesmo...em nenhum sentido! Não vou dizer que és uma santa, porque sabes perfeitamente que não o és. Felizmente!”, disse com um leve sorriso, mas continuando de imediato com ar sério novamente, “O que escreveram e disseram sobre ti...eram mentiras, e TU sabes. EU sei. Todos os que valem a pena sabem!... O público acredita no que quer...mas tu és tu, independentemente do que os outros pensam de ti. Tu és a Lua, e aqui, comigo, é só isso que eu quero que sejas.”

Eu sentia as lágrimas prestes a caírem, mas ele continuou.

“E há pouco não to disse, porque achei que não estavas preparada para o ouvir. Foi um erro.”, fez uma pausa, acariciando-me a face com o dedo e sorrindo-me com o ar mais doce do mundo, “Eu, Arthur Aguiar, amo-te pelo que tu és, Lua Blanco. O resto do mundo não me interessa. Só tu, entendes? Só tu, Lua.”

Eu tinha desistido de tentar conter as lágrimas, e elas corriam-me livremente pela face, enquanto eu me deixava cair contra ele, refugiando-me na segurança daqueles braços que me apertavam.
(Arthur)

Eu sentia-a tremer nos meus braços. E por momentos, fiquei com medo do que tinha dito. Será que me tinha precipitado?...

“Não, Arthur, acalma-te!”, forcei-me a pensar enquanto continuava a abraçá-la, acariciando-lhe o cabelo, “Ela está só... nervosa... já passa...”

Eu tinha entendido finalmente o medo dela. Tudo o que tinha sido escrito e comentado sobre ela...tinha deixado as suas marcas. Esta, imaginei, era só mais uma.

Fiquei ali, sentado no chão, com a Lua encolhida nos meus braços, a cabeça pousada sobre a dela, enquanto lhe acariciava os cabelos num gesto de conforto.

Senti-a mexer-se e afrouxei um pouco o abraço, permitindo que ela olhasse para mim.

Ela não o fez. Limitou-se a afastar-se, olhando para baixo.

Ergui-lhe suavemente a face e limpei-lhe as lágrimas, sem saber o que dizer.

“Lua...”

“Molhei-te a camisola...”, disse ela baixando de novo a vista e passando a mão pela frente da minha camisola, molhada pelas lágrimas dela.

Fiz um esforço para me manter calmo e fi-la olhar de novo para mim.

“Lua...a camisola não me interessa...”, disse com cuidado.

Ela acenou levemente e encostou-se de novo a mim.

E ficamos novamente em silêncio. Eu, desesperado por não saber o que dizer ou como reagir, e ela...honestamente...eu não fazia a mínima ideia!

“Sabes porque deixei o meu antigo apartamento?”, disse ela finalmente, sem se mexer.

Tinha vontade de ver a expressão dela, mas controlei-me.

“Não.”, limitei-me a dizer, “Porquê?”

Ela demorou um pouco a responder.

“Quando começaram a sair as primeiras...notícias, eu não valorizei. Mas depois...aquilo começou a invadir a minha vida, tudo o que eu fazia...”, fez uma nova pausa, mas eu mantive-me imóvel, apenas abraçando-a e esperando, “Comecei a tentar desmentir. Não resultou. Parti para a justiça...não resultou tambem...”

Ela afastou-se finalmente do meu peito e olhou-me.

“Perdi processo atrás de processo...advogado atrás de advogado...todos prometiam...”, parou e baixou de novo os olhos, para os tornar a erguer, “O meu apartamento foi vendido, Arthur. Neste momento...eu não tenho nada, entendes? Esta casa continua a ser da Marisol...ela simplesmente...deixa-me morar aqui...”

Percebi. A Lua tinha perdido tudo. Aquilo que tinha conquistado com Rebelde, tinha desaparecido na luta contra o escândalo. 

“Lua...isso para mim não muda nada”, disse segurando-lhe a face com ambas a mãos, “Eu disse que te amo pelo que tu ÉS...nunca te amei pelo que tu tinhas...”

Ela segurou-me nas mãos, baixando-mas para o chão.

“Eu sei. Mas precisava de te dizer isto...precisava que soubesses exactamente a quem estás a dar esse... amor...”, e a voz dela continuava hesitante.

Puxei-a de novo para mim, roçando os lábios levemente nos dela e abraçando-a de seguida.

“Eu sei, Lua. Sei exactamente a quem estou a dar esse amor.”
(Lua)

Deixei-me ficar mais um pouco no abraço dele, tentando ganhar coragem para dizer em voz alta que sim, que eu também o amava... mas as palavras simplesmente não saíam...

Acabei por me afastar, fitando-o nos olhos.

“Arthur...eu gosto de ti. Não duvides disso...”, eu não sabia como continuar, mas queria fazê-lo entender...

Ele deu-me mais um beijo leve.

“Eu sei, Lua.”, disse, “Eu espero. Esperamos juntos, de acordo?”

Olhei-o mais um pouco e inclinei-me para o beijar.

Com ele, sentia-me suave e macia. Encantadora e descontraída. Segura, a salvo. Seduzida. E, acima de tudo, amada. 

Podia confiar e entregar-me nos braços dele, como agora, encostando o corpo ao dele e abrindo os lábios, numa rendição total. 

Quando me afastei dele, ainda com o gosto dele na minha boca, sentia-me mais forte, mais confiante.

E, com o sentimento a explodir-me no peito, disse finalmente aquilo que esperara 5 anos para voltar a dizer a quem quer que fosse.

“Amo-te”
(Arthur)

Senti o coração falhar um batimento.

Eu tinha esperado uma eternidade para a ouvir dizer isso de novo...e agora que o ouvia...

Encostei a minha cabeça á dela, esforçando-me por absorver tudo o que ouvi-la tinha provocado em mim. Não tinha esperado tanto dela, tão cedo. 

Uma parte de mim queria beijá-la com loucura, mostrar-lhe sem palavras o quanto eu também a amava. Mas outra parte estava simplesmente abalada demais para fazer o que quer que fosse.
(Lua)

Depois de as dizer, foi fácil repeti-las. De repente, sentia-me explodir de felicidade, como se o meu peito não fosse suficiente para tudo o que eu sentia.

Levantei-lhe a cabeça, fazendo-o olhar para mim enquanto sorria abertamente.

“Amo-te amo-te amo-te amo-te!”, repeti, a explodir de felicidade.

Ele riu-se, um riso trémulo, e segurou-me na face.

“Sei, Dona Lua...também te amo...muito!”, deu-me um beijo rápido, mas atordoante o suficiente, “Quase me matas do coração...”

Eu ri-me, ainda borbulhando na montanha-russa de sentimentos da última hora.

“Porquê?”

“Primeiro porque não o disseste...depois porque o disseste...”, disse ele sem me largar., “Pões-me louco...completamente!”

“Não é de propósito”, disse a rir, “Mas gosto do efeito!”

Ele abanou a cabeça e levantou-se.

“Por muito que te ame...acho melhor ir embora agora...”, acrescentando de seguida, “Acho que nenhum de nós está com grande capacidade de raciocinar, neste momento...”

Eu levantei-me também, indecisa.

“Podes ficar, sabes?...”

Ele sorriu e aproximou-se de mim, colando o corpo ao meu. Elevou uma das mãos, agarrando-me com a outra pela cintura.

“Sei...e quero muito ficar.”, os olhos brilhavam de desejo, “Mas não quero que amanhã acordemos e pensemos que foi um erro, que nos precipitamos. Quero que, quando fizermos amor novamente, estejamos conscientes do que estamos a fazer, aproveitando cada minuto, cada segundo do momento.”

Estremeci pela intensidade com que ele falava.

“Eu amo-te, Lua”, repetiu, “E quem esperou 5 anos espera um pouco mais.... Quero que seja perfeito.”
(Arthur)

Sair de casa da Lua naquela noite foi, sem dúvida, uma tortura. Desejava-a com loucura, mas queria mais do que simplesmente afogar toda a emoção num momento de prazer físico. Queria que ela estivesse suficientemente segura de que seria para sempre, de que a amava muito para além do intenso desejo que havia entre nós.

Enquanto conduzia para a minha casa vazia, pensar em tudo isso não me impedia de sentir um incómodo aperto nas calças e ter a sensação que esta seria, de novo, uma noite em que seria dificil adormecer...
Lua)

Os dias entraram numa rotina, passando um atrás do outro. No estúdio, eu e o Arthur tentávamos agir o mais discretamente possível. Em casa, recuperávamos velhos hábitos, velhas rotinas.

Jantávamos juntos todas as noites. Na minha casa ou na dele, comíamos e trabalhávamos até tarde na noite. E, incrivelmente, mantinhamos um controle quase sobrenatural no que respeitava ao desejo que sentíamos.

Havia beijos sim. Muitos beijos. Beijos de carinho, apaixonados, divertidos, de fazer perder a respiração...beijos na sala, na cozinha, enquanto estudávamos cenas ou aproveitávamos simplesmente um filme no final da noite. Mas não avançávamos além. 

Para dois adultos apaixonados que passavam grande parte da noite juntos e completamente sozinhos, o certo é que exercíamos um controle formidável.... E eu, pela minha parte, começava a desesperar.

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