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terça-feira, 27 de agosto de 2013

Amor Por Contrato


         
                36º Capitulo


Arthur tinha plena certeza que nunca em sua vida, havia ido para a empresa tão angustiado. Se estava bravo com Lua? Oh sim estava, mas a vontade te beijar-lhe a boca e lhe levar até o ápice do prazer era muito maior... Tão maior que chegava a ser sufocante.
Ele afrouxou a gravata e a voz de Perola lhe tirou dos pensamentos:
- Arthur? - ela disse estralando os dedos na frente dele

- Perdão. - ele disse limpando a garganta - Falávamos sobre …?
- Esta tudo bem com você? - ela perguntou parecendo realmente preocupada
- Sim. Prossiga por favor.
Ela continuou lhe falando sobre os compromissos e as reuniões que ele teria naquela manhã, e ele teve de fazer uma força tremenda para prestar atenção em tudo o que ela dizia.
Quando por fim a última reunião foi encerrada já eram quase quatro da tarde, e Micael estava impaciente ao seu lado:
- Não acredito que ainda nem almoçamos! - ele reclamou novamente
- Você tem quantos anos? Cinco? - Arthur disse revirando os olhos
- Fome não tem idade. - ele disse bravo fazendo Perola rir.
- Vou ver se consigo algo para vocês comerem. - ela disse caminhando para fora da sala.
- Perola... - ela virou-se - … antes de tudo, ligue para minha casa e pergunte como Lua esta se sentindo.
Ela assentiu e passou pela porta com passos largos.
- Aconteceu alguma coisa? - Micael perguntou parecendo esquecer um pouco da fome
- Lua teve um torcicolo. Quero apenas saber se a dor já passou. - Arthur respondeu começando a digitar algo que parecia importante no computador.
- Vocês estão brigados? - Arthur o encarou sério – Notei vocês distantes no jantar, e o seu humor também não esta dos melhores hoje.
- Você é pago para ser meu advogado ou meu psicólogo?
- Nossa, e não é que a briga foi feia! - ele disse ignorando a arrogância do amigo – Quer me contar alguma coisa?
- Não. Definitivamente não.
- Mas você sabe que … - Arthur o interrompeu
- Mais uma palavra, e eu vou despedir você. - ele ameaçou
- Tudo bem, mas … - voltou a ser interrompido
- Mais uma, e alem de despedi-lo eu também vou lhe dar um soco!
Micael jogou a cabeça para traz e riu com vontade, porem preferiu ficar calado. Provocar Arthur nem sempre era seguro o bastante.
Perola entrou novamente na sala. Porem agora suas mãos estavam ocupadas com uma bandeja que continha comida e dois copos de suco.
- Oh, muito obrigado. - Micael disse começando a comer.
- Você fez o que eu lhe pedi? - Arthur perguntou parecendo não se importar com a bandeja recheada posta sobre a sua mesa
- Ah sim! - ela disse depois de alguns segundos parecendo ter que lembrar do que Arthur falava – Eu liguei, mas ninguém atendeu. Lua deve estar dormindo.
Algo no tom da voz dela fez Arthur apertar os olhos e franzir a testa, ainda mais bravo:
- Não seja indelicada. É da minha mulher que você esta falando. - ele disse ríspido o bastante para que Perola ficasse sem jeito.
Micael parou de mastigar e olhou de um para o outro, surpreso.
- Perdão Arthur, não quis ser indelicada. Apenas fiz um comentário. - ela disse parecendo corada – Se me dão licença... - ela disse forçando um sorriso e se encaminhando até a porta.
Assim que a porta bateu, o olhar de Micael voltou-se para Arthur:
- Você foi meio que... ríspido quando ela falou da Lua. - assim que o olhar de ambos se encontraram ele completou – Ríspido até de mais. Tem algo que eu ainda não sei Arthur?
- Não entendi a pergunta. - ele disse se fazendo de desentendido
- Entendeu sim. - Micael disse tomando um gole de suco – O que à entre você e a Lua afinal?
- Não tem nada de mais. - ele disse dando de ombros – Apenas não gostei do tom que ela usou quando disse que Lua estava dormindo.
- As vezes eu acho que esse casamento de vocês não é tão de mentira assim...
- Não seja estúpido.
- … e Sophia pensa a mesma coisa. - Arthur ficou um tempo em silencio e depois perguntou :
- A Lua disse algo a Sophia ou .. - Foi a vez de Micael interrompê-lo
- Talvez sim... mas Sophia nunca me contaria. - ele deu de ombros – Porem, ela tem a mesma opinião que eu. Ambos achamos que a algo mais.
- Pois são dois tontos. - ele disse começando a juntar os seus papeis.
- Tontos são você e Lua, que só o que sabem fazer é perder tempo. Confesse pro seu amigão aqui... - ele disse apontando para si mesmo – Você esta caidinho por ela não éh?
- Claro que não!
- Oh meu Deus, esse olhar! - Micael começou a gritar – Eu conheço esse olhar! Você esta apaixonado por ela!
- Pare de criar fatos fictícios Micael.- ele rugiu como um leão – Tudo isso é patético.
- Pode apostar que depois do jeito que você defendeu ela aqui nesta sala, diante dos meus olhos, nada mais é patético amigo.
Arthur suspirou bravo:
- Como você reagiria se ela falasse da Sophia?
A pergunta de Arthur não o pegou de surpresa pelo contrario:
- Eu faria a mesma coisa que você. - ele disse de imediato
- Viu?! - Arthur disse vanglorioso
- Afinal, - Micael completou – eu sim admito que estou completamente maluco por Sophia. E isso meu amigo, é só mais uma prova de que você se encontra na mesma situação com Lua.
Indignado por ter sido preso em sua própria armadilha ele anunciou com a voz grossa:
- Estou indo pra casa.
Quando girou a maçaneta a voz de Micael o chamou novamente:
- Como seu advogado e amigo eu te alerto Arthur, não perca tempo. No contrato que eu mesmo redigi esta bastante claro: 6 meses. O tempo não para amigo... não para.
Arthur estacionou seu esportivo vermelho em frente a sua casa, e entrou sem fazer barulho.
Não precisou pensar muito sobre onde encontrar Lua. Pelo contrário, afrouxando a gravata ele foi logo para o pequeno “jardim” improvisado.
Ela estava agachada com os cabelos presos e com com uma tesoura na mão parecendo muito concentrada em tirar as folhas murchas da pomposa flor que ele não soube identificar.
Ficou alguns segundos quieto, extremamente indeciso. Depois da conversa com Micael, desconhecia outra palavra que o descreve-se naquele momento além de confuso. Extremamente confuso.
- Melhorou do torcicolo? - ele perguntou de repente.
Completamente assustada e pega de surpresa, Lua gritou e caiu sentada no chão frio e sujo de terra.
Diante de tal cena, a última coisa que Arthur conseguiu fazer foi ficar sério. Ele se desmanchou em gargalhadas.
- Que droga! - ela disse virando-se para ele – Quase morri do coração! - disse respirando fundo com a mão em cima do peito.
- Desculpe. Não quis assustá-la. - ele disse ainda com um largo sorriso nos lábios
- Tudo bem, sem problemas. Só estava distraída. Que horas são? Não é cedo para você já ter chegado em casa?
- Saí mais cedo. - ele disse dando de ombros como se não tivesse importância – Você ainda não me respondeu.
- Sobre o qu.. Ah, o torcicolo. - ela disse lembrando – Esta melhor. Já não me doí. - garantiu sorrindo
- Fico feliz. - retribuiu o sorriso
Pelo menos o susto havia feito as coisas ficarem menos pesadas entre eles.
O silencio caiu sobre eles e ambos não disseram mais nenhuma palavra.
Arthur mergulhou no mar daqueles olhos grandes e brilhosos que lhes deixou sem fôlego, e parecendo afundar-se ainda mais, ele foi até um abismo de incertezas e medos, o deixando ainda mais confuso.
- Bom... - ele disse sentindo a garganta fechar – Te-tenho que trabalhar. Qualquer coisa estarei em meu escritó-tório.
Ele saiu com passos largos e apressados.
Por Deus ele havia mesmo gaguejado?!
Lua era uma feiticeira por conseguir fazer isso com ele.
Assim que a porta do escritório se fechou e ele se sentiu seguro, desabou em uma cadeira respirando fundo.
As palavras de Micael ainda atormentavam sua mente e nublavam seus pensamentos.
Ele nunca admitiria para si mesmo o real motivo para aquele suor frio que começou a lhe molhar a testa, e nem do frio terrivelmente desconfortável que estava no seu estomago. Porem, mesmo não admitindo, estava com medo... Medo de que Micael tivesse realmente razão.
Dez dias se passaram, e a relação de Arthur e Lua começava a melhorar. Já riam e voltaram a fazer as refeições juntos, porem nada mais que isso. Suas camas e seus corpos continuavam separados.
- Atrasado de novo? - Lua disse estendo a xícara de café para Arthur que descia as escadas apressado e tentando arrumar a gravata.
- Sempre passo da hora por causa desta bendita gravata.
- Venha cá e me deixe cuidar disso.
Ele caminhou em sua direção e ela deu um nó em sua gravata rapidamente.
- Pronto. - ela disse enquanto ele bebia o café rápido.
Alguém tocou a campainha. Ou melhor dizendo “esqueceu” o dedo na campainha, e não adiantou de nada Lua gritar enlouquecida três vezes um “já vai!”.
Abriu a porta com cara de poucos amigos, e se deparou com Sophia, mais branca que um papel:
- O que houve? Parece preocupada.
A loira entrou sem ser convidada como sempre fazia. Lua fechou a porta dando de ombros.
- Ei Sophia. - ela disse sorrindo – E ai?
- Preciso de você... - a loira disse aflita, parecendo a ponto de chorar
- Bom dia Sophia. - Arthur disse. Ela não respondeu seu comprimento – Bom, já vou indo. - ele disse pegando a maleta e indo até a porta - Até mais meninas. Sophia, algum recado pro Micael? - ela apenas negou com a cabeça, e Arthur arregalou os olhos – Tudo bem. Um ótimo dia pra vocês. Tchau Luh. - ele disse fechando a porta
- Tchau! - ela gritou para que ele escutasse. - Fale, o que quer?
- Eu sou uma idiota! Sou a maior idiota do mundo! - ela disse parecendo entrar em pânico
- Descobriu a pouco tempo? - Lua disse com humor
- Eu falo serio! - a loira falou – Estou em primeiro lugar na lista dos idiotas!
- Puxa... desde quando Arthur caiu para a segunda posição?
A tentativa de animar a amiga não ajudou muito, pois ao contrario de rir ela bateu o pé no chão, bagunçou os cabelos e sentou no sofá escondendo o rosto com as mãos.
- Eu não acredito que fiz isso! - ela disse quase sussurrando
- Que fez oque? Que ganhou de Arthur em questão de idiotice? - a loira meneou com a cabeça – Bom, é difícil de acreditar mesmo que alguém ganhe dele. Até eu estou chocada.
Lua chegou mais perto de Sophia e percebeu que ela começava a soluçar.
- O que houve? - disse ficando seria de repente e vendo que o assunto não permitia brincadeira.
Poucas vezes na vida virá Sophia tão desesperada... Isso se não fosse a primeira vez.
- Estou perdida. - a loira disse erguendo o rosto molhado de lagrimas

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