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quarta-feira, 5 de junho de 2013

Mais Que Um Amigo capitulo 2


POV LUA

- Sim, e daí?

Se eu não apressar o Arthur enquanto ele fala, poderemos ficar sentados por horas, eu ouvindo e ele dando milhões de voltas em torno de um assunto.

- Então porque você nunca escolhe maçã, por exemplo? Ou até mesmo manga?

- Nunca ouvi falar que manga fosse um sabor de chá.

- Está certo, mas a questão não é essa. O fato é que você nunca varia. Não diz: "Ei, manga pode ser interessante. Acho que vou experimentar". Em vez disso, segue sempre a mesma dieta de chá gelado e faz dele a sua única companhia.

- Chá gelado não é a minha única companhia. Você é que é.

Arthur pegou a garrafa de chá gelado de minhas mãos, já meio vazia, e tomou um grande gole.

- Lua, eu estou falando por metáforas, vê se me acompanha no raciocínio.

- Sim, estou acompanhando. Estou acompanhando...

- Em qualquer situação, você escolhe sempre o caminho mais seguro. Tem medo de tentar coisas novas. Tem vivido a sua vida toda como uma freira que prometeu seguir apenas um caminho, e só aquele caminho. Encare a verdade, você precisa variar.

- Por quê?

- Por quê? Porque se fizer isso, coisas incríveis podem acontecer.

- Por exemplo? - como comentei antes, Arthur tem a mania de me meter na marra dentro de suas teorias.

- Você poderia ser uma inventora, como o cara que inventou o telefone. Poderia ser uma cantora de sucesso. E, o que é mais excitante, poderia se apaixonar. Ou arranjar um namorado, ou pelo menos ter um encontro.
Suspirei profundamente. Minha vida amorosa, ou melhor, minha falta de uma, era um dos assuntos favoritos dele. Nos momentos mais inesperados - por exemplo, quando estávamos estudando matemática, eu podia contar com ele para me lembrar de minha existência sem namorados. "Esta equação é igual a sua vida amorosa, um monte de fatores desinteressantes que são iguais a zero."

Sei que estou passando a impressão de que o Arthur é uma pessoa insensível e só fala sobre coisas sem graça, mas não é nada disso. Acontece que ele não entende como nós, as pessoas normais, levamos a vida. Por normal eu quero dizer aqueles que não têm quase um metro e setenta e cinco, cabelos sedosos e lindos, olhos castanhos e um corpo absolutamente incrível. Para quem ainda não adivinhou essa é a descrição de Arthur, como meu amigo também é chamado, se não citei essa observação antes. Ele também é muito charmoso e tem um jeito irritante de fazer todo mundo gostar dele logo de cara.

Mas aquilo que ele estava dizendo sobre o medo, na verdade, tinha sentido. Eu sinto medo, em relação a um monte de outras coisas. E, principalmente, convivo com o terror da rejeição. Quero dizer, tenho visto tantas garotas chorando no banheiro, com o coração partido por causa de algum cara que decidiu lhes dar um fora bem no meio do pátio da escola! Daí, quando olho para essas garotas, sempre retocando o batom e saindo para o pátio para se mostrarem de novo disponíveis para a tortura, experimento a maior simpatia por elas. De verdade. Mas me pergunto também porque é que elas se colocam nessa situação. Ter um namorado é mesmo tão bom assim? Vale a pena sentir-se tão mal toda vez que se vê o garoto de quem se gosta colocar o bração em volta de outra garota? Eu acho que não, de jeito nenhum!

continua...

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