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domingo, 9 de junho de 2013

mais que um amigo capitulo 3




POV LUA


Sou o que minha mãe costuma chamar de Dona Arrepiandinha. Ela quer dizer com isso que não deixo ninguém chegar muito perto, papo de psicologia popular. Mas sempre digo a minha mãe que odeio psicologia popular. Ter todo mundo rotulado bonitinho, como se fosse apenas uma
Como Arthur estava dizendo, sou muito travada pelo medo. Mas, pergunto de novo, quem não é?

- Medo, é? - Apertei os olhos e encarei Arthur.

Ele tinha voltado de um período na fazenda de seu avô. Eu não pude deixar de notar que o trabalho na fazenda tinha feito maravilha por seus músculos do braço e do peito. Se, ao menos, ensinar jazz a um bando de meninas de dez anos pudesse fazer o mesmo por meu corpo!

Arthur concordou muito sério.

- Olhe para si mesma. Você tem dezessete anos e nunca namorou. Tem certeza de que quer passar seu último ano de colégio sozinha?

Assim já era demais! Agora era a hora de virar o jogo.

- E você, Arthur? Está certo que você tem uma coleção de namoradas, dessas que vai pegando por aí afora, de qualquer jeito. Vai me dizer, que quando está no seu carro, com uma dessas garotas, você não se sente sozinho, solitário?

- Pelo menos estou tentando arranjar companhia.

- Eu também tento...apenas não tenho o mesmo sucesso.

Arthur deu um risada.

- Você colocou isso na sua cabeça e não muda. O seu príncipe encantado poderia vir, com seu cavalo branco e tudo o mais, que você o deixaria passar.

- Não é bem assim não.

Infelizmente, quanto mais essa conversa se prolongava, mais eu sentia que Arthur estava levantando uma questão importante. Como desejava que ele fosse direto a questão e depois me deixasse comer meu sanduíche em paz!

- Prove então.

- Provar o quê?

Perguntei desviando o olhar para o chão, já arrependida por ter prolongado aquela conversa. Até comecei a pensar em algumas piadas sobre garotas de dez anos a quem ensinaria jazz. Faria qualquer coisa para que ele deixasse de lado os assuntos pessoais.

- Mostre-me que você quer mesmo se apaixonar.

- Como?

- Ora como? Se apaixonando, é claro.

- Arthur, isso não é como tirar um dez em história. A gente não sai simplesmente por aí e se apaixona porque quer.

- Como você sabe, se nunca tentou?

O papo já estava ficando ridículo. Arthur não iria desistir, e eu já estava me sentindo envergonhada. Ele adorava me ver em situação embaraçosa. Por algum motivo achava isso uma demonstração de afeto. Eu achava humilhante.

- Esqueça.

Disse com firmeza e mordi meu sanduíche e liguei meu i-pod. Se não prestasse atenção nele, talvez ele acabasse desistindo.

continua...

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