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terça-feira, 10 de julho de 2012

web O professor capitulo 100




Lua parou de imediato, reconheceu aquela voz com facilidade, quase se casara com aquela voz, por um momento achou que ele estava falando com ela.

- Mas, estão me vigiando Pedro! Você tem que me ajudar!

E a segunda voz fez o estômago de Lua dar uma volta completa, ela teve vontade vomitar outra vez. Tinha a impressão de conhecer aquele tom de voz enjoativo, mas não conseguia se lembrar exatamente da onde.

- Eu não tenho nada a ver com isso!

- Como assim, não tem nada a ver com isso!? - A voz da mulher tilintou de indignação, Lua andou o mais demoradamente que conseguiu, podia ver as cabeças do outro lado da cerca viva, apenas a ponta das cabeças, eles conversavam bem próximos um do outro, aos cochichos.

Não queriam ser vistos juntos, muito menos ouvidos, isso era muito claro. Mas, porque? Ela aprumou os ouvidos, antes estava intrigada, agora era pura curiosidade e uma pequena pontada de intuição que dizia que ela deveria ouvir o que estava sendo dito ali.

- Isso tudo foi idéia sua, seu hipócrita! Você me passou o telefone dele, você me avisou quando eu teria que ligar, você até disse o que eu tinha que dizer! Eu nunca nem ouvi falar de Arthur Aguiar... - O peito de Lua comprimiu e seu estômago afundou vertiginosamente, ela se apoiou na cerca viva, segurando-se para não cair - ...Até você chegar com essa proposta idiota e agora que a polícia está atrás de mim você vem dizendo que não tem nada a ver com isso! Eu exijo o mínimo de proteção, não ficarei sozinha! Não irei presa!

- E do que eles vão te acusar? Trote?! - Pedro rebatia, nervoso.

- Você nem mesmo parece um advogado! Talvez eu deva procurar alguém mais profissional! - A outra debochou.

A outra. Rayana. Devia ser ela. Tinha que ser ela.

- Vocês o quê?

- Encontramos! Nós a encontramos! A autora da ligação misteriosa! Eu sei onde você pode encontrá-la! - A voz de Lucas vinha animada pelo alto-falante do telefone e combinava com as batidas de coração de Arthur, que pulava com uma esperança empolgante.

- E o que está esperando, dê-me o endereço! - Arthur mandou, ansioso.

- Ouça - Lucas parou um instante para respirar - Nós a seguimos até certo ponto hoje, eu sei para onde ela foi, mas não posso tocar nela, não tenho uma acusação formal... Então, você terá que se virar...

- Certo. Certo - O outro rebateu com impaciência. Ele resolveria isso hoje, mesmo que tivesse que arrastar a tal mulher pelos cabelos até Lua e a obrigasse a contar a verdade para ela.

- Há um evento acontecendo, de um grupo de advocacia...

Arthur arregalou os olhos, sem ar, o coração deu uma guinada na batida, ele olhou rapidamente para a fachada do prédio, onde um banner balançava tristemente com a brisa noturna.

- O Grupo Maldonado?

- Sim, este mesmo!

- Você está de brincadeira...

- O quê?

- Eu estou saindo dele agora mesmo... - Ele mal podia acreditar.

- Então volte agora mesmo, meu irmão! A mulher refugiou-se nessa festa, eu garanto!

- Deus! Obrigado, Lucas, realmente obrigado - Arthur não conseguia conter o sorriso de satisfação.

- É para isto que serve a família, não é? - A risada do irmão soou fraca e metálica no telefone - Vá resolver sua vida, irmão. Eu tenho que ir, uma ocorrência grave, acabei de receber a informação...

- Certo! Obrigado - Ele repetiu, extasiado - Não o atrapalharei mais! Eu te mando notícias!

- Promete? - Mas a pergunta saiu irônica e Arthur nunca a respondeu, encerrou a ligação, guardou o aparelho no bolso e correu de volta para a festa.

Arthur voltou à entrada da festa, correndo e derrapou nas pedrinhas quando encontrou Lua bem no meio do caminho, pálida, com os lábios esbranquiçados, apoiada à sebe alta. Ela o viu e eles trocaram um olhar prolongado, ela parecia fraca, parecia pedir colo, ele se adiantou, estranhando encontrá-la assim, tão vulnerável, Lua parecia prestes a chorar, ela estendeu os braços para frente, na direção dele, tentou dar três passos, mas suas pernas fraquejaram, Arthur arregalou os olhos, abismado quando os olhos cor lindos de Lua reviraram e ela despencou em direção ao chão.

- Lua! - Num movimento rápido, ele a amparou nos braços antes que ela caísse de fato, estatelada na pedra - Lua ? Lu? Olhos lindos?

Continua.....

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