- É o ciclo menstrual dela senhor Aguiar. Por que está tão preocupado? Há algo que eu deva saber? A senhorita Blanco sofreu algum tipo de... - ela pareceu buscar palavras - abuso?
Arthur sentiu as palavras amargarem na boca ao lembrar de como ele a obrigou a fazer amor no banheiro...
- Na verdade....
Ele parou. O que diria? Que a havia estuprado? Mas não era verdade, afinal apesar de ter sido grosseiro e rude, e até, mesmo egoísta, ela adorou cada segundo e ele ainda podia ouvir a voz rouca e excitada dela ecoando em seus ouvidos.
"Arthur...Por favor...."
Resolveu mascarar os acontecimentos.
- Na Verdade nós...Nós...tivemos...
- Sexo? - a mulher completou impaciente. Ele corou. Raramente corava.
- Sim, mas...Nós...excedemos...alguns limites...foi meio...
Ele gaguejava e aquilo definitivamente irritava Márcia.
- Selvagem? - a Mulher completou mais uma vez.
Impossibilitado de falar, ele apenas assentiu.
- Houve algum tipo de violencia? São adeptos do Sadomasoquismo?
Arthur arregalou os olhos perplexo com a naturalidade com a qual ela fez a pergunta.
- Não! Claro que não. Nós apenas...Apenas foi mais intenso...e mais demorado que o normal, só isso.
Mulher arqueou a sobrancelha e depois esboçou um sorriso que não expressava nada.
- Certo, certo, compreendo. Não há com o que se preocupar senhor Arthur, sexo é natural e saudável. Eu sei que as maioria dos pais de primeira viagem ficam assim, paranóicos com o fato de acharem que a criança sente algo durante o ato sexual, mas isso é mito, então não se preocupe. O sangramento é devido a menstruação dela, nenhuma... brincadeira mais empolgada faria aquilo. Sua mulher e seu filho estão ótimos.
Foi um choque.
Uma descarga de mil volts que o deixou palido, paralisado, sem respiração.
- C-Como é?
Foi tudo o que ele conseguiu balbuciar, a voz era quase uma respiração. O coração dele bata tão forte, tão forte que ele achava que iria sair.
- F-Filho?
- Você não sabia?
A mulher perguntou surpresa e preocupada com a palidez de Arthur.
Mas ele ainda estava digerindo as primeiras informações.
- F-filho? Você disse filho? Lua...eu vou ter um filho?
Ele encarava a mulher como se visse um et.
- Ah! Sim, compreendo. Você não sabia. Então sua namorada também não deve saber. - ela falou como se falasse consigo própria. - Ela ainda está dormindo.
Arthur parecia fora de órbita. Lua esperava um filho. E claro que era dele, obvio que era não havia qualquer duvida sobre isso. Ela esperava um filho dele.
- Ela esta mesmo esperando um filho?
Márcia rolou os olhos.
- Sim senhor Aguiar, ela está grávida de seis semanas.
Um filho. Um filho para coroar todo aquele sentimento lindo que descobrira ter por ela.
- Mas...ela...o sangramento...
- Sim, sim. Algumas mulheres menstruam normalmente nos primeiros meses de gravidez e por isso, muitas vezes demoram a descobrir a condição de gestantes. Isto deve ter ocorrido com vocês.
Arthur ainda estava paralisado. Emocionado e horrorizado.
Lua estava grávida e horas antes ele havia feito amor com ela com uma brutalidade sem tamanho. E se tivesse feito mal ao seu filho? A constatação caiu como uma pedra em seu estomago.
- Tem certeza que eles estão bem? Certeza absoluta? Os dois.
A mulher rolou os olhos mais uma vez.
- Sim senhor Aguiar, estão perfeitos. Precisam apenas de paz e tranquilidade.
- Certo. - ele disse ainda aéreo.
- Quer dar a noticia a ela? - perguntou a mulher.
- Quem? eu?
Márcia bufou. Anos de universidade para chegar ali e agora ela era obrigada a alfabetizar um pai de primeira viagem.
- Não senhor, o coelhinho da páscoa. Colabore senhor Aguiar, eu sei que deve ter sido um choque, mais eu tenho mais 6 pais histéricos para atender hoje.
- Mas o que eu digo pra ela?
A mulher irritou-se.
- Que tal algo como, oi amor, você está grávida?
Ela disse sarcástica.
- Pense em algo, ou se preferir eu mesma digo.
Só de imaginar aquela mulher sisuda entrando no quarto e dizendo "Oi, você está grávida, tchau ... Não, não era assim que ela merecia saber.
- Eu conto...eu conto... - ele disse nervoso.
- Ótimo. Passe bem senhor Aguiar.
E sem lhe dar chance de perguntar mais nada, ela saiu.
Ela o encarou... Era como se as palavras tivessem sumido no ar. Os olhos diziam tudo... as lágrimas que brotaram nos olhos dela sem cair, diziam o quanto ela precisava dele naquele momento.
Continua......
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