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segunda-feira, 19 de novembro de 2012

7º Capítulo de A Cabana


Convivência!!!!



– Se vira. – disse me voltando para o fogão.

– Seria mais fácil se você tivesse me deixado no meio da neve a mercê dos lobos não? – perguntei irritada.

– O que você quer dizer?

– Não é meio obvio? Se eu sair vou acabar morrendo de qualquer jeito... Então porque você não me deixou para morrer de vez?

– Eu não deixara ser humano algum, em hipótese alguma, morrer... Não sei antes fazer tudo o possível para salvá-lo! – eu disse irado, eu nunca, mas nunca mesmo deixaria alguém morrer sem antes tentar ajudar.

– É eu percebi isso, e salvar as pessoas inclui tirar a roupa delas?

– Pensei que já tivéssemos superado esse assunto. – eu disse cansado, ela vai ficar tacando a culpa em mim agora?!
– Pois é! – disse ela irritada e ficou parada encarando algo. Bem... Já não tinha mais volta não é? Afinal o que poderia ser feito, eu a salvei e não a deixaria sair por aí sozinha e correr o risco de morrer novamente.

– Tudo bem! – eu disse vencido. – Você pode ficar, mas até essa nevasca passar! – e então ela se grudou em mim e começou a me beijar e me agarrar... Eu estava nervoso e a empurrei um pouquinho sem parecer grosseiro.

– Isso vai ser mais difícil do que parece! – eu disse sentindo meu corpo querendo reagir ao contato.

– O que você quer dizer? – ela perguntou se soltando de mim.

– Nada. – eu disse rispidamente. – Quer café? – desconversei.

É... Isso realmente seria muito, muito difícil!
Nós tomamos café em silencio, ao que me pareceu ele estava tentando me ignorar. Tudo bem eu não era muito de falar mesmo!

Após o café ele limpou tudo ignorando a minha ajuda e dedicou o seu dia na leitura de um livro, me ignorando completamente. E eu fiquei boiando o tempo todo.

– Onde eu tomo banho? – perguntei depois de horas em silencio.

– No banheiro. – disse ele sem desgrudar os olhos do seu livro e foi então que me dei conta de duas coisas. Primeiro: eu não tinha visto banheiro algum dentro da cabana e segundo: eu estava morrendo de vontade de fazer xixi.

– Er... E onde fica o banheiro? – perguntei sem graça.

– Lá fora. – disse ele e eu quase surtei
Peguei minha mochila e com minhas coisas e fui procurar o bendito banheiro. Tinha uma casinha do lado de fora e entrei nela. Tinha um vaso sanitário e um chuveiro, tomara que tenha energia elétrica aqui! Pesei minhas necessidades, o que era mais urgente? Fazer xixi! Fiz o que tinha que fazer – e tenho que dizer, é muito estranho fazer xixi nesse lugar! – e me despi de minhas roupas batendo queixo de tanto frio, entrei em baixo do chuveiro e abri a torneira, eu necessitava de um banho... Mas quando a água bateu em minhas costas tenho certeza de que meu coração havia parado de bater.

– Ahhhhh... – eu gritei desesperada tentando encontrar e torneira para fechar aquela água gelada.

– O que foi? – Arthur apareceu no banheiro desesperado.

– A água ta gelada. – eu disse chorando.

– Ah, por favor, você esta fazendo drama por causa de nada? – ele perguntou me encarando.
– Você pensa que é fácil tomar banho em água gelada com essa neve aqui fora e com esse frio de rachar coco? – perguntei indignada.

– Para mim é! –disse ele todo insolente e foi então que notei uma coisa... Eu estava completamente nua e ele não desgrudava os olhos dos meus seios.

– Seu tarado! – o empurrei para fora dali e ouvi a risada rouca dele que me arrepiou inteira.

Calma Lua, você consegue! – Esse era o meu mantra. Eu estava repetindo-o para mim mesma a cerca de dez minutos. Eu ia até o chuveiro ligava, e fechava ao sentir a água gelada. Era muito desesperador isso!

Por que meu Deus, por que o senhor foi fazer isso justo comigo que sempre fui uma boa menina e sempre me comportei...

Ou é isso ou é casamento com o Pedro, você que escolhe! – disse a voz da minha consciência.

Sabe o anjinho e o diabinho?
Não era o anjinho que tava me aconselhando agora, porque se fosse ele, ele me aconselharia a colocar minha roupa e entrar na casa, me enrolar em trezentos cobertores e me deitar em frente à lareira... Mas esse diabinho encapetado sempre ficava me dando conselhos bestas como esse, por exemplo! Era isso o que eu pensava enquanto me lavava rapidamente em baixo da água gelada... Odeio meu lado mal!

Coloquei minha roupa na velocidade da luz e corri para dentro da casa mais rápido ainda, quando vi eu já estava enrolada em vários cobertores e me aquecia em frente à lareira. Agora era o meu lado bom que comandava. Eu batia queixo de tanto frio, meu lado mal foi muito mal comigo porque ele não me aconselhou a não lavar o cabelo, e eu o lavei, ódio! Agora aqui estava eu com a cabeça molhada e com os cabelos pingando água gelada em minha roupa.

– Louca. – ouvi a voz de Arthur, mas ignorei, a minha maior preocupação no momento era ficar bem quentinha. – Você não deveria ter lavado os cabelos. – disse ele em um tom de conversa casual.

– Me conta uma novidade. – eu disse emburrada.

– Você pode ficar resfriada. – disse ele ainda em tom casual.

– Você quer que eu faça o que agora? – perguntei me sentando e encarando-o.

Ele não disse nada, apenas se levantou e foi até um pequeno armário ao lado da cama e pegou algo lá. Parou em minha frente e me estendeu uma toalha, fiquei encarando-o feito besta até que ele respirou fundo e se sentou atrás de mim e começou a enxugar meus cabelos.
– Hmmm... – aquilo tava tão bom. Parecia uma massagem, e quando ele ouviu meu gemido começou a mover a toalha mais devagar ainda, fazendo eu me sentir mole feito gelatina.

– Pronto. – disse ele parando bruscamente a massagem. Vi que ele correu para se sentar na cama e cruzou uma perna por cima da outra como se tentasse esconder algo... Eu hein, que cara estranho!

– Obrigada. – eu disse alisando meus cabelos, e meus dedos enroscaram nas pontas. – Droga. – eu disse, por que essa porcaria tinha que enroscar logo agora? Aposto que eu estava com uma juba do tamanho da do Rei Leão!

Fui até a minha mochila que estava encostada ao lado da cama e peguei meu pente, começando a pentear esse monte de feno que eu chamava de cabelo. Não me contentei até que ele estivesse bem lisinho.

– Seu cabelo é bonito. – disse Arthur.

– Obrigada. – eu disse corando. – O seu também é. – eu disse reparando que seus cabelos tinham cor castanha e que eram lindos.
– Todo mundo costumava dizer isso. – ele disse passando os dedos nos fio bagunçando-os mais ainda, eu é que queria estar ali fazendo aquilo!

– Você não disse que sempre morou aqui? – perguntei reparando no que ele havia dito.

– É. – disse ele se levantando e indo ate o fogão.

– Onde você arruma comida? – perguntei curiosa.

– Já estou fazendo um grande favor deixando-a ficar aqui, então se comporte e não faça perguntas. – disse ele ríspido e me calei até o final da noite.

Nós havíamos comido em silencio e ele repetiu o ritual do café da manhã e o do almoço, lavou tudo e foi ler seu livro.

– Então... – eu disse reparando em um pequeno detalhe. – Aonde você vai dormir? –perguntei.

– Na minha cama. – disse ele levantando os olhos de seu livro.
– Certo. – eu disse meio nervosa ao me lembrar do que havia acontecido naquela cama mais cedo. – E onde eu vou dormir? – perguntei corando de nervosismo.

– Boa pergunta. – disse ele meio pensativo. – Só temos uma cama.

– Reparei. – disse mais nervosa ainda.

– Então teremos que dividi-la já que os cobertores não são suficientes para duas pessoas dormirem separadas. – ele disse me olhando estranho.

– Com tanto que você não me agarre de novo. – eu disse retirando minha blusa de frio mais grossa e me embrenhando entre os cobertores.

– Não fui eu que te agarrei. – disse ele me olhando bravo. – Foi você que começou a gemer que nem louca e que começou a me agarrar, eu só dei continuidade.

– Você poderia ter me acordado. – eu disse meio que escondendo o rosto nas cobertas.

– Eu sou um homem você quer que eu faça o que? – ele perguntou.
– Não se abusa de alguém que esta delirando. – eu disse meio brava.

– Delirando? – ele perguntou com a voz divertida. – Ao que me parece você havia dito que estava sonhando.

– Você entendeu o que eu quis dizer. – eu disse e ouvi sua risada rouca, arrepiei de novo. – Boa noite. – eu tentei dar fim naquela conversa.

Ouvi que ele havia se levantado e espiei por debaixo das cobertas. Ele tirou a camisa que estava vestindo, em seguida tirou a sua calça de moletom e já ia tirar a cueca quando interrompi.

– Ei, ei, ei... Isso aí fica! – eu disse nervosa.

– Eu sempre durmo assim. – disse ele me olhando bravo.

– Mas se você não notou ainda, você tem companhia hoje... Ou você arrancaria a roupa desse jeito se eu fosse homem? – perguntei erguendo as sobrancelhas sugestivamente e o vi bufar irritado.

– Tudo bem. – disse ele bravo vindo se deitar do meu lado.

Assim que ele se deitou pude sentir o calor que irradiava de seu corpo e fiquei totalmente nervosa. Essa seria uma noite muito, muito longa mesmo. 

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