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quarta-feira, 21 de novembro de 2012

{FIC} You Back CAPÍTULO III Parte 1








Ele sabia que levaria bem uma hora ou mais para ela cair no sono de fato. Arthur a conhecia melhor do que ninguém, melhor do que ela mesma. Suas qualidades, seus defeitos, estavam todos guardados em sua cabeça. Esperou até três e pouca da madrugada e resolveu subir. "Boba, do jeito que é, deve ter trancado a porta" pensou. Andou pelo corredor nas pontas dos pés, o celular na mão como se fosse uma lanterna. Ele se sentia extremamente estúpido e, ao mesmo tempo, incrivelmente... Alegre, talvez, não sabia explicar. Colocou a mão na maçaneta e confirmou suas suspeitas. Sentou-se no corredor apoiado contra a parede e tentou se lembrar onde ela guardava a cópia da chave do quarto. Coçou a cabeça na intenção de estimular os neurônios a funcionarem mais efetivamente, mas foi em vão. Levantou-se e começou a perambular pelo andar de cima tentando, ou se lembrar onde estava a chave, ou descobrir um outro jeito de entrar naquele quarto. Foi até o fim do corredor e se apoiou no parapeito da janela. O vento frio lhe tocava o rosto, arrepiando o corpo. Tentava por os pensamentos em ordem, ligar os pontos e lembrar de onde estava aquela maldita chave, mas tudo o que conseguia fazer era lembrar do passado. Todos os seus erros vinham à sua cabeça como bombas, lhe causando a maior das dores que já havia sentido na sua vida: o arrependimento amargo de tê-la deixado. Fechou a janela e desceu para a sala. Olhou para o sofá, para a mesa, para os quadros. Sentia um pouco de si em cada pedacinho daquela casa, talvez porque nunca se sentira tão bem em um lugar como ali. Andou, andou, andou até seus olhos caírem no aparador na entrada da casa. Contas, as chaves de casa e os porta-retratos que Lua amava. Eram três e ela sempre os deixava ali. O primeiro era um de Lua com sua família, essa, que morava em Londres.

Continuava lá, na moldura amarelo-gema que eles compraram num brechó. O segundo era de Lua com sua irmã, no dia de sua formatura do ensino médio. Também continuava lá, e a cada segundo que ele o olhava ela parecia ficar mais bonita. O terceiro era um de Arthur e Lua na viagem para Floripa que ele a forçou a ir. Não era de se estranhar que não estivesse mais lá. Arthur olhou para seus pés e apoiou as mãos no aparador. Lembrava daquela foto toda vez que sentia o sol tocar sua pele. Dormiram na praia, todos juntos, e acordaram com gaivotas voando em meio às nuvens, o sol radiante fazendo os cabelos de Lua brilhar como nunca tinha visto antes. Ele precisava parar de se perder no passado. Levantou o rosto e pôs-se a se encarar no espelho a sua frente. Arrastou as mãos pelo aparador e deu de encontro com o puxador de uma das gavetas. Decidiu abri-la e lá estava ele, um pouco empoeirado, mas estava lá. Soprou a poeira que estava no vidro e, assim que percebeu que ia voltar a lembrar dos tempos junto de Lua, abriu a gaveta de novo, desta vez, para guardar o porta-retrato. Se deparou com um envelope. Surpresa: seu nome estava nele. "O que essa louca aprontou dessa vez?" sorriu, enquanto o abria. Lá dentro estava um papel todo rabiscado, uns quinze inícios de frase mal sucedidos, até chegar no décimo sexto que, aparentemente, foi satisfatório para Lua.
"Tutu,
Você sabe que eu me altero muito fácil quando dá merda na Copa ou quando estou de TPM e acabo fazendo e falando coisas que não deveria. Ainda não sei como você consegue me aguentar nesses dias, mas fico feliz que continue por aqui, apesar dos apesares. Por isso, fiz uma cópia da chave do meu quarto, já que tenho mania de te deixar fora dele quando estou estressada. Não costumo querer te ouvir quando estou meio nervosa, então aí está a sua chance de se fazer ouvido. Se tiver vontade de entrar lá, sabe o que fazer. Ok, você nunca lerá isso e eu estou viajando em deixar isso aqui, mas se por algum motivo você procurar a chave e encontrar isso, não deixe de entrar no meu quarto. Se você se importou o bastante para querer entrar lá e começou a revirar a casa, definitivamente, eu tenho que ouvir o que você tem a dizer. Não esquece que eu te amo. Muito, viu?

Beijos, Lu"
Arthur sorriu triunfante. "Até quando é louca é brilhante" pensou, não acreditava que ela tinha escrito aquilo. Sim, era do feitio de Lua escrever sobre tudo e por causa de tudo, mas a idéia de que ela o deixaria uma carta com uma chave jamais lhe passou pela cabeça. Pegou a chave e subiu as escadas rapidamente. Passou no banheiro, ajeitou o cabelo, checou o sorriso e depois sacudiu a cabeça em reprovação. "O que estou fazendo?" perguntou dando um tapa na cabeça e voltando para frente da porta do quarto de Lua. Fechou os olhos, respirou fundo e colocou a chave na fechadura. Girou com cuidado para não acordá-la. Entrou, girou nos calcanhares vagarosamente para fechar a porta e se voltou para a cama de Lua. Ela estava deitada num canto da cama, cobertores até o pescoço. Arthur sentou-se na cama com cuidado e começou a passar seus dedos pelos cachos perfeitos de Lua. Analisava suas feições lembrando da última vez que esteve deitado ali.
Flashback on, Arthur's POV

Aquele corpo... ela não sabia o que podia fazer comigo. Pegou uma toalha, amarrou em volta do corpo nu e foi escovar os dentes. Ela tinha uma obsessão com a higiene bucal, chegava a ser irritante. Desfez o coque, jogou seus cabelos para o lado e virou para me olhar. Sorriu e piscou enquanto eu achava graça da espuma da pasta dental em sua boca. Eu me divertia com a idiotice de Lua, era tudo muito leve e gostoso ao lado dela. Lua terminou de escovar os dentes e saiu do banheiro, fazendo uma careta ao ver que eu fiquei todo esse tempo... hm, admirando-a. Ficou vesga e mostrou a língua. Arqueei uma sobrancelha e mordi meu lábio inferior, queria fazer ela entrar no jogo. Ela sorriu e veio correndo, se jogando na cama. Como se alguém estivesse lendo meus pensamentos, assim que caiu na cama, o nó frouxo da toalha se desfez e ela ficou nua. Lua pegou a toalha rapidamente e se cobriu de novo, o rosto entre as mãos.
- Como se eu já não tivesse visto tudo isso aí antes - ri colocando as mãos atrás da cabeça enquanto ela murmurava alguns palavrões.
- Você não está ajudando - ela disse, envergonhada, fazendo biquinho. Não importava quantas vezes ela já tivesse se despido para mim, sempre ficava com vergonha no dia seguinte.
- Você é boba - eu disse, me deitando de lado na cama e passando meus dedos por seu cabelo- Ou você acha que eu não fico espiando o que tem debaixo do cobertor enquanto você dorme?
- Puta merda, hein Arthur? - ela virou um pimentão. Lua se virou e colocou o travesseiro na cara, ficando de costas para mim. As curvas que seu corpo fazia, parecia uma... Montanha-russa. Uma montanha-russa do prazer, isso. Subi minha mão pelo seu quadril até sua cintura e a senti se arrepiar. Sorri enquanto ela apertou o travesseiro com força contra seu rosto.
- Você vai se sufocar - falei, rindo.
- Ãão oou ãão - ela falou, ou ao menos tentou falar. A tomei pela cintura e tirei o travesseiro de seu rosto, jogando-o no chão. Depois foi a vez da toalha, que acabou parando bem em cima do travesseiro. Lua fechou os olhos com força, como se aquilo fosse me fazer fechar os olhos também.
- Não vou fechar meus olhos - argumentei - Gosto muito da vista.
Ela abriu os olhos e me encarou. Arqueou a sobrancelha e tentou fugir de meus braços. Haha, fail. Virou o rosto e começou a se mexer na tentativa de me fazer largá-la. Ela realmente achava que aquilo ia me fazer desistir? Não mesmo. Beijei seu colo, seu pescoço, seu queixo e aos poucos ela foi ficando mais calma.
- Tá gostando, né? - caçoei e ela bufou. Beijei seu nariz, sua bochecha e finalmente lhe beijei a boca. Naquele instante, toda aquela vergonha pareceu ir embora, porque ela me puxou pelos cabelos e me apertou forte contra seu corpo. Ela se fazia de santa, mas não me enganava. Eu sabia que aquela menina era uma devassa.

Flashback off.

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