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sábado, 17 de novembro de 2012

{FIC} You Back CAPÍTULO I Parte 1







Era agora ou nunca. Ele tinha que tomar sua decisão. Pensou muito, ponderou tudo, pesou os prós e contras e então a comunicou.
- Estou indo para Manchester. Hoje – disse Arthur pausadamente, ríspido e frio. 
Ela não sabia se o pegava pelos cabelos e lhe descia o cacete ou se fingia não se importar com o disparate a sua frente. Já tinham tido uma conversa - se é que aquilo poderia ser chamado de conversa - sobre essa história de ir para Manchester, mas Lua tinha certeza de que era uma coisa momentânea e que ele logo pararia de falar nisso. Bom, ela estava errada.
- Mas hein, me explica de novo o porquê disso – pediu em um tom sarcástico, fazendo pouco caso das possíveis razões de Arthur. Se levantou da cadeira e o encarou com olhos fuzilantes. Os lábios estavam para sangrar de tanto roçar seus dentes neles.
- Cara, eu já te disse... – Arthur revirou os olhos e se alterou, não queria mais ter essa conversa. - Não quero mais “isso”, quero viver outras coisas, conhecer pessoas novas, sei lá. Quero ver como a vida pode ser...
- E eu te limito? É isso? - Perguntou Lua, incrédula. Podia sentir o sangue ferver - Olha, Arthur, me desculpa, mas se você acha que eu vou ficar de joelhos e pedir que você fique, você está muito enganado. Vá para Manchester, veja como a vida pode ser, mas não me volte aqui dizendo que a vida não foi o que você queria.
- Caramba, Lua, será que você não entende? Pô, eu quero poder sair sem ter que dar satisfação, virar noites em claro, tomar uns porres de vez em quando. Nada do que eu quero é o que você quer, não dá pra continuar assim. Eu não quero continuar assim.

Lua sentia o nó em sua garganta crescer cada vez mais. Mas nem que o Sol explodisse, ela o pediria para ficar, seu orgulho era maior. O silêncio invadiu a sala, que já teve dias melhores. Ela buscava os olhos de Arthur, mas ele parecia a evitar. Ele não se pronunciou mais e como ela não insistiu, Arthur pegou seu casaco, as chaves do carro e partiu rumo à sua casa, de onde iria para Manchester. Assim sendo, Arthur foi, sem dar satisfações, sem deixar telefone ou endereço. Simplesmente, foi.
Sábado à noite, ou talvez domingo de madrugada, não fazia muita diferença já que o que ela mais queria era chegar em casa e se jogar na cama, saiu para falar besteira e beber umas tequilas com os amigos. Definitivamente, a noite tinha sido proveitosa. Olhou para o céu. A lua estava linda, brilhando como nunca. Branca, quase que como neve. Sorriu da ironia de ter o mesmo nome daquele astro grandioso, mas naquela noite se sentia quase como ela. Se sentia leve, quase... Feliz.

Do nada, sentiu uma pontada no peito, algo estranho, algo bom. Continuou a caminhar pela calçada, queria chegar logo em casa. Vai que aquela pontada era algo sério? Preocupada, apertou o passo e foi. Até que viu alguém a esperando em frente a sua casa. Milhares de pensamentos sem cabimento passaram por sua cabeça, assustando-a. Mas ela se deu conta de que estava exagerando e decidiu por seguir o caminho. Continuou a andar como se não quisesse nada, sem dar bandeira. “Afinal, se for ladrão, eu corro” pensou. Foi quando percebeu. Era ele, ali, sentado na soleira de sua porta. Esfregou os olhos, não conseguia acreditar. Pensou em dar meia volta e esperar ele ir embora, mas sabia que se arrependeria pelo resto de sua vida se o fizesse. Decidiu então falar com ele.

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