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terça-feira, 20 de novembro de 2012

{FIC} You Back CAPÍTULO II Parte 2









Lua desceu as escadas e o chamou, puxando-o para fora de seus pensamentos.
- Então, Arthur – ela deu uma ênfase em seu nome, como se estivesse repugnando-o -, já sabe o que vai comer?
- Alguma sugestão? – sorriu torto, dirigindo-se ao balcão da cozinha, o escapulário que ela lhe dera na boca. "Ele ainda o tem..." pensou, confusa.
- Não. Você não vai mesmo pedir para entregar? – Perguntou, com a sobrancelha arqueada e um pacote de miojo na mão.
- Não tenho dinheiro.
- Então você vem da Inglaterra para o Brasil sem dinheiro? O que você estava esperando, ganhar na loteria enquanto estava aqui?
- Estava contando com a ajuda de uma amiga, mas acho que ela está meio azeda.
- Não sei nem porque estou fazendo isso - Ela o olhou como uma mãe olha um filho desobediente ao agradá-lo sabendo que não devia -, mas vou te dar um pouco do meu miojo. E se você quiser tomar um banho, tem toalha limpa no banheiro, tá? – Lua sorriu amarelo.
- Então tá. Vai fazendo o nosso jantarzinho que eu vou tomar um banho – Arthur piscou e sorriu, debochado, achando graça da situação. Lua desconversou e balançou a cabeça em reprovação. “Abusado, idiota, acha que é assim é? Não sei nem porque vou dar meu miojo pra ele...”.
Enquanto usava de seus conhecimentos vastos na área de culinária para preparar dois pratos de macarrão instantâneo, Lua pensava nas duas últimas horas que havia se passado. Se beliscou bem umas três vezes, na tentativa falha de acordar do "sonho". Mas não era sonho, tampouco pesadelo, ela ainda não sabia. Restava esperar para ver o que iria acontecer. Após alguns minutos, desceu um Arthur Aguiar limpo, lindo e cheiroso, pronto para se deliciar com um prato de macarrão e Coca-Cola. Passou as mãos pelo cabelo e veio até a cozinha, um sorriso no rosto. Lua fez pouco caso, colocando um pouco de macarrão em seu prato e levantando o nariz ao passar por Arthur em seu caminho à sala. Arthur riu, pegou seu prato e a seguiu.
- Você podia tomar aulas de culinária – ele comentou enquanto os dois comiam, sentados no tapete, e assistiam algo na televisão. Ele puxava o miojo com um som irritante, como sempre fazia.
- E você podia ficar na sua – ela rebateu. Arthur podia sentir que o clima não era dos melhores, mas não podia deixar essa chance passar.
- Você teria coragem? – perguntou deixando o miojo de lado e a olhando de frente.
- Coragem de quê, cara pálida? – perguntou Lua nada curiosa.
- De me perdoar.
Lua parou o que estava fazendo e o encarou. Não tinha noção do tempo, mas tinha certeza de que ficou o encarando por uns bons minutos. Tentou esboçar um sorriso, quis virar o rosto e depois quis gritar, mas seu cérebro parecia ter dado pane e ela continuava a o olhar. Arthur também não tirou seus olhos dos dela. O silêncio havia se tornado mais esclaredor do que todas as palavras que ela poderia pensar em falar, afinal, não sairia nada muito eloquente de sua boca naquele momento. Ainda assim, ela podia ver que Arthur passou a entendê-la naquele momento, tudo por causa do silêncio que seu corpo fazia questão de não preencher. Ela via em seus olhos castanhos a compreensão da dor que ela sentia. Arthur sorriu de leve, pegando sua mão, mas ela permaneceu estática. Não conseguia falar, não conseguia se mexer. Nem xingá-lo ela conseguia. Pensava no que poderia dizer, em como ela faria para o fazer ficar ali. Bolou centenas de frases, mas não se atreveu a falar nenhuma delas, era muito orgulhosa para dar o braço a torcer e dizer o quanto precisava dele a seu lado.
- Eu já te perdooei - ela falou, fria - Agora se me dá licença - e Lua se levantou, evitando todo e qualquer contato visual com Arthur -, eu vou dormir, tenho muito o que fazer amanhã. Hoje, quero dizer... Ah, tanto faz. Passar bem.
Enquanto Lua subia as escadas em passos rápidos, Arthur a observava com o maior dos pesares. Não acreditava que tudo o que o Chay dizia era verdade, que ela realmente estava em pedaços. Ainda assim, ele sentia que ela não tinha desistido dele, que ainda restava um pouco - ou "um muito" - daquele amor, mas ela não queria externar isso. Sabia como ela era orgulhosa e nunca daria o braço a torcer. Só que ele sabia como amolecer aquele braço como ninguém.

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