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domingo, 19 de agosto de 2012

[FIC] Mentiras e Segredos 19º e 20º Capitulo


  
Plano!!!!

(Arthur)

Desde que eu tinha acabado de falar que a Lua estava pensativa. Eu não conseguia perceber se isso era bom ou mau sinal. Será que ela alinharia no meu plano?... Começava realmente a ficar nervoso.

“Lua...”, acabei por perguntar a medo, “é assim tão má ideia?...”

Ela olhou para mim com uma expressão indecifrável no rosto.

“Honestamente...não sei. Acho o teu plano completamente louco, para que saibas”, e apesar do tom sério, ela abriu um sorriso no fim, “Mas talvez...e só talvez, não seja assim tão má ideia....”

“Achas mesmo?”, perguntei ainda inseguro.

Não gostei da sombra que lhe passou no olhar, quando deu uma olhada ao redor.

“Afinal”, disse olhando finalmente para mim com um sorriso triste, “já não tenho muito mais a perder, ou tenho?”

Aquela sensação de derrota na Lua magoou-me mais do que qualquer outra coisa. E lembrou-me subitamente que ainda haveria muita coisa desses 5 anos que eu não sabia...

“Afinal”, pensei, “A Sophia só me contou a versão pública dos factos...”

Olhei para a Lua, que tinha encolhido de novo as pernas para cima do sofá, abraçando os joelhos.

“Agora não.”, disse para mim próprio.

“Lua...porque é que não pensamos nisso depois?”, perguntei, decidindo de repente que já chegava de conversa séria, “Porque é que não vamos aproveitar um pouco do sol lá fora? Vamos comer um sorvete, quem sabe ir até á praia um pouco?...”

Ela hesitou um pouco.

“Vá lá, Lua...”, insisti fingindo-me profundamente infeliz, “Dá-me uma oportunidade de te ver de biquini novamente!”

Ela olhou para mim espantada, como se, de tudo o que eu pudesse ter dito...aquela fosse a última coisa que esperava. E depois deu uma gargalhada.

“Só tu, Arthur...só mesmo tu!...”
(Lua)
Apesar de inicialmente pouco convencida acerca da proposta de passeio do Arthur, acabei por aceitar. E a verdade é que me diverti.

“Já não me lembrava de como era fácil estar com ele...”, pensei olhando-o pelo canto do olho enquanto comíamos sorvete sentados na areia.

Naquele momento, com o sol a começar a pôr-se, um sorvete na mão e a sensação da areia quente sob os pés descalços, era quase demasiado fácil esquecer tudo, pensar que eu e o Arthur tínhamos apenas saído para mais um passeio, igual a tantos outros que tínhamos feito...

Mas a verdade é que aquilo que o Arthur tanto se tinha esforçado por me fazer esquecer desde que tínhamos saído de casa começava finalmente a apanhar-me novamente...

Terminando o seu sorvete ao meu lado, o Arthur resmungou qualquer coisa.

“O que é que disseste?”

“Já estás a pensar outra vez...”, disse ele resmungando de novo.

Olhei para ele surpreendida

“Não estou nada!”, menti descaradamente.

Ele limitou-se a rir.

“Claro que estás, Lua!... Pensas muito alto!”

Eu abanei a cabeça, esforçando-me por não rir.

“Como é que podes saber em que é que estou a pensar?”
“Simplesmente sei.”, respondeu com um encolher de ombros e virando-se de novo para o mar, “Conheço-te.”

Eu acabei o sorvete, pensativa.

“Passaram 5 anos, Arthur...já não me conheces assim tão bem...”, acabei por dizer devagar.

Ele aproximou-se de mim, o suficiente para passar o braço pelos meus ombros, dando-me um beijo nos cabelos antes de encostar a cabeça á minha.

“Não, não mudaste”, disse, algum tempo depois olhando para mim, “Não lá no fundo, onde realmente importa...”

Não resisti a deitar a cabeça no ombro dele, aconchegando-me mais naquele abraço tão reconfortante. Sentia-me estranhamente segura.

“Achas?”, perguntei hesitante e insegura, “Achas que algum dia vou ser a mesma Lua por quem te apaixonaste?”

Ele fez-me virar para ele, encarando-me. Depois percorreu a minha face com o dedo, levemente, como se me estivesse a desenhar...ou analisar. Os olhos, as sobrancelhas...o dedo dele deslizando pela minha face para de seguida passar ao de leve pelos meus lábios...

Fechei os olhos, confortada pela carícia e indecisa quanto ao que ele procurava em mim.

A mão dele parou finalmente sob o meu queixo.

Eu abri os olhos, ficando imediatamente submersa nos dele, que pareciam ver dentro de mim.

“Tenho a certeza.”, disse simplesmente.

E, naquele momento, acreditei nele.
(Arthur)

Apetecia-me beijá-la. Não com aquela luxúria, aquele desejo imenso que queimava sempre que estávamos juntos, mas numa tentativa de a confortar, de apagar aquela nuvem de insegurança que via nos olhos dela.

Mas forcei-me a não o fazer, limitando-me a tocá-la, levemente. Independentemente de tudo estar esclarecido entre nós...ela tinha razão numa coisa. Tinham passado 5 anos. E o tempo deixa as suas marcas.

Rodeei-lhe de novo os ombros, para que se encostasse a mim novamente.

Ela tinha mudado, sim. Não na sua essência, na sua verdadeira forma de ser...no fundo dos olhos da Lua ainda se via a coragem, a vontade de lutar...mas aquela sombra de medo e insegurança que pairava á superfície era nova, sim.

Quando estávamos juntos, sempre tinha sido ela a fonte de energia, de alegria, de optimisto, de confiança... Era ela quem me incentivava a fazer coisas completamente disparatadas, como cair na água completamente vestido...sabendo que teria de voltar para casa a pé; ou cantar no meio da rua...o que inevitavelmente tinha juntado um mar de gente do qual tínhamos tido que escapar da forma mais simpática e educada possível...


Ali sentado ao lado dela enquanto lhe acariciava distraidamente o cabelo, lembrei-me das constantes gargalhadas, da boa-disposição e entusiasmo pela vida, da simples confiança nela e no mundo que me tinham fascinado desde o primeiro momento. Recordei a força e optimismo dela, que dizia que se queríamos mesmo algo...nada era verdadeiramente impossível.
A forma como se entregava a tudo o que fazia, a todos aqueles de quem gostava...

Sim...havia coisas na Lua que tinham mudado. Pelo menos na superfície.

Dei-lhe um beijo no cabelo e ela virou um pouco a cabeça para olhar para mim.

“O que estás a pensar?”, perguntou finalmente.
Fiz-lhe um leve carinho na face, enquanto no que iria dizer.

“Estava apenas a lembrar-me de como éramos antes. De como conseguias sempre convencer-me a alinhar nos teus planos, por mais loucos que fossem!...”, disse finalmente com um sorriso.

Ela sorriu também, voltando a pousar a cabeça no meu ombro.

“Lembras-te quando te convenci a ajudares-me a trocar a ordem de todos os roteiros do Ivan e ele passou o dia completamente louco a reclamar que já não sabia nada e que estava a ficar louco?”, e eu conseguia sentir na voz dela, mesmo sem a olhar, um sorriso.

Eu ri-me. Impossível esquecer. Tinha sido divertido ver o Ivan completamente perdido...mas tínhamos ouvido uma bronca enorme quando ele tinha finalmente percebido a troca!

“E quando decidiste numa sexta á saída do estúdio que te apetecia partir naquele momento numa viagem sem destino e fomos a conduzir em direcção ao interior...sem malas nem nada?”, perguntei.

Foi a vez dela se rir.

“Essa foi uma das minhas ideias mais brilhantes, Arthur! Tens de admitir!”, disse com um sorriso enorme, “Se bem que passaste as primeiras horas da viagem a reclamar que aquilo era uma irresponsabilidade, que deveríamso avisar alguém que íamos para fora, que poderíamos pelo menos ter parado em casa para pegar alguma roupa...”
“Aquilo FOI uma irresponsabilidade”, disse eu, sorrindo de seguida, “Mas admito que foi divertido...e que acabou por ser um dos melhores fins-de-semana de sempre...”

Parei um pouco.

“Tentei fazer isso uma vez, lá em Portugal...”

Ela mexeu-se ao meu lado, afastando-se para olhar para mim algo surpreendida.

“A sério?!... E então?...”

Encolhi os ombros e brinquei um pouco com a areia, porque ainda doía pensar no que tinha sentido ao estar sem ela.
“Nada. Conduzi durante 3 horas em direcção ao Norte, parei numa cidade linda junto á praia, entrei num bar para tomar um suco, e quando o terminei entrei de novo no carro e voltei para trás.”

“Porquê?”

Olhei para o mar, para não ter de a encarar.

“Porque ali sentado na esplanada comecei a pensar que afinal eu preferia a montanha e devia ter conduzido para outra cidade mais interior, que o tempo afinal não estava assim tão bom e eu tinha coisas para fazer em casa...e acabei por aperceber-me que o problema não era o mar ou a montanha, o tempo ou a disponibilidade...era eu estar completamente sozinho e ainda a sentir terrivelmente a tua falta.”

Ela não disse nada por um longo período...e eu também não me sentia capaz de a encarar.

“Quando foi isso?”, acabou por perguntar baixinho.

“Há dois anos atrás, no dia do teu aniversário.”
E ficamos de novo os dois em silêncio. 

Eu fitava o mar, e pensava em quantas vezes, do outro lado do Oceano, tinha recordado momentos como aquele e me sentido a pessoa mais solitária do mundo. 

Entrelacei os dedos nos dela, aproveitando apenas o momento e a sensação de finalmente a ter de novo ao meu lado...de finalmente me sentir completo outra vez.

Olhei o mar fixamente.

“Estava aqui a pensar...” e o meu tom era sério, “Será que a Dona Lua tem coragem de cair na água agora?”

Sorria quando olhei para ela, procurando aliviar o ambiente.

Ela riu-se....e as minhas intenções de aliviar o ambiente desapareceram.

“Até que ia saber bem...mas não cheguei a trazer o biquini, lembras-te?”, disse ela com um sorriso divertido.

Eu olhei-a fixamente.

“Lembro. Lembro-me perfeitamente...”
(Lua)

Estremeci. O brilho nos olhos do Arthur era de puro desejo...e a intensidade disso ainda me assustava...e excitava.

Olhei para o mar, e novamente para ele. O descarado estava a sorrir com um ar super confiante de quem tinha a certeza de que eu não teria coragem!

Lutei comigo mesma durante cerca de 5 segundos, enquanto dizia para mim própria que era uma ideia idiota, que alguém nos poderia reconhecer, que não teríamos roupa seca para vestir a seguir...

E levantei-me de um salto.

“O último a chegar á água paga o jantar!” disse já a correr.

Ele seguiu-me...depois de tirar a camisola! “Trapaceiro!”, pensei a rir enquanto sentia o choque da água fria contra a minha pele quente.

Ele não demorou a alcançar-me, apanhando-me em duas braçadas.

“Perdeste! Hoje pagas-me o jantar!”, disse a rir enquanto o salpicava com água.

“Quando quiseres...”, respondeu-me aproximando-se de mim, “E nem precisas ganhar uma corrida para isso...”

Na verdade, percebi a intenção dele muito antes de ele me tocar. Mas fosse do efeito da água e sol ou do brilho que via no olhar dele, decidi dar uma hipótese ao desejo em vez do medo.

Quando ele me puxou contra ele e me beijou apaixonadamente, disposto a tomar tudo o que eu lhe desse, simplesmente deixei-me levar.

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