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terça-feira, 21 de agosto de 2012

[FIC] Mentiras e Segredos 23º e 24º Capitulo


  
Lua e Arthur!!!!

(Arthur)

Depois de a Lua sair do carro, ainda fiquei um longo tempo parado, procurando a razão que tinha perdido em algum momento. 
“Mais exactamente”, pensei com um sorriso levemente irónico, “Mal ela te beijou...”

Céus! Ainda parecia senti-la! A boca dela, a paixão que transbordava por todos os poros...

Quando me lembrei da mão dela a descer pelo meu peito, forcei-me a parar os pensamentos. Sentia-me duro...e esse rumo de pensamentos em particular não me ajudaria a ficar mais confortável.

Remexendo-me ligeiramente no banco e ganhando alguma consciência, apercebi-me que ainda tinha o casaco aberto. Fechei-o.
A Lua ia matar-me de desejo. Completamente.

Com um suspiro de resignação, arranquei em direcção a casa. Mesmo estando a planear um longo duche frio ao chegar, duvidava que conseguisse dormir nessa noite.
(Lua)

Ao acordar na manhã seguinte, sentia uma mistura de medo e excitação que fazia lembrar o primeiro dia de aulas.

Ainda enrolada sob os cobertores, recordei o dia anterior, assegurando-me que não tinha sido apenas um sonho. Sorria enquanto pensava na chegada dele á minha casa no dia anterior, na sensação que me tinha invadido ao perceber finalmente que ele não era culpado de nada...que acreditava que eu não era culpada de nada! O passeio, a praia...os beijos...

Sentia-me explodir de felicidade!

E de repente abri muito os olhos, sentando-me!

“Céus!... E como vai ser hoje no estúdio?!”, pensei ligeiramente assustada.

Com toda a emoção do dia anterior...a verdade é que não tínhamos esclarecido como agiríamos um com o outro no estúdio. Aliás...não tínhamos esclarecido coisa nenhuma, no fundo!

Peguei no celular tentanto pensar numa forma o menos idiota possível de lhe perguntar como o devia tratar dentro de...meia hora!!! Ai meu Deus! Atrasada outra vez!!!

Levantei-me a correr, escrevendo um sms para ele enquanto ia até ao armário.

“Atrasada de novo. Beijo”

Tirei uma roupa que não destoasse demasiado do roupeiro, passei menos de 2 minutos debaixo do chuveiro e vesti-me a correr.

O telemóvel deu sinal enquanto procurava um par de sapatos debaixo da cama. 

Agarrei-o com uma mão.

“Como sempre! Tencionas dar-me esse beijo no estúdio?”

Parei, ainda ajoelhada no chão.

“Boa pergunta...”, acabei por dizer a meia voz ainda com o celular na mão.

“Não faço ideia. Há cena de beijo hoje?”

Ele que decidisse! Aparentemente tinha acordado a horas como de costume, por isso raciocinava melhor do que eu... 

Calçava o segundo sapato quando o celular tocou de novo.

“Por mim...todos os dias a todas as horas.”

Disse silenciosamente (ou não tão silenciosamente assim) mal da minha vida e do Arthur, sempre com resposta para tudo.

Dirigi-me á saida pegando na primeira coisa que encontrei na cozinha sobre o balcão, nas chaves e na bolsa.

Ainda tinha 15 minutos para chegar ao estúdio e pensar em como lidaria com o Arthur...dentro e fora de cena.
(Arthur)

Já no estacionamento do estúdio, ria-me com as sms da Lua. Tinha acabado de chegar quando recebi a primeira...e quase conseguia imaginá-la a correr de um lado para o outro em casa enquanto ia respondendo ás mensagens e amaldiçoando-me por não lhe dar a resposta que ela queria.

Mas a verdade é que eu não tinha certeza do que era melhor.

Por um lado, não percebia como iria manter-me afastado dela no estúdio...duvidava que as pessoas não percebessem que se passava algo entre nós...e que não era, decididamente, briga!... Mas por outro lado, para bem dela e do plano que tínhamos preparado...seria melhor que realmente ninguém percebesse que nos tínhamos entendido!...

“Se bem que...”, pensei para comigo, “no fundo não falámos sobre até que ponto nos entendemos ontem..”.

Senti-me de repente um miúdo de escola, a pensar se o dia anterior significava afinal que namorávamos de novo ou não...

Olhei para o relógio. Estava quase na hora.

Escrevi uma última sms para a Lua, hesitando antes de a enviar.

“Melhor que haja beijo apenas em cena hoje. Precisamos falar. Adoro-te. Atrasada e tudo*”

Enquanto fechava a porta do carro e me dirigia para a entrada do estúdio, pensava em como, apesar do talento dela, os dias a gravar com a Lua nunca eram fáceis para mim!...
(Lua)

Cheguei ao estúdio com apenas 5 minutos de atraso e abri imediatamente a bolsa, á procura do celular que tinha tocado enquanto conduzia.

Li a sms do Arthur enquanto me preparava para sair do carro.

“Muito bem”, pensei, “Nada de público, portanto...”

Enquanto corria para a entrada e pensava em que estúdio iríamos gravar hoje, sentia um sorriso enorme colado na cara. Ele tinha dito que me adorava...e eu tínha-me derretido completamente!...

Apressada e distraída, quase esbarrei com alguém!

“Ai! Desculpe... Ray!”, acabei por dizer surpreendida ao reconhecer a Rayana.

Ela riu-se enquanto fazia uma careta.

“Suponho que também estejas atrasada, já que temos cena juntas no estúdio H daqui a menos de 10 minutos...”

Eu ri-me, enquanto nos apressávamos juntas para a sala de maquilhagem.

“Estúdio H! É isso!...”, exclamei, “Tinha-me esquecido completamente de qual era a primeira cena do dia!...”

Ela abanou a cabeça.

“Estás pior do que eu...mas é uma pequena consolação saber que vou dividir a bronca do Ivan com alguém...”, disse ela enquanto entrávamos a rir na sala de maquilhagem e a maquilhadora nos olhava com cara de zangadas.

“Atrasadas...”

Troquei um olhar com a Rayana e contivemos o riso, enquanto nos sentávamos em frente ao espelho para começar, finalmente, o dia de trabalho.
(Arthur)

O Ivan não estava feliz. Nada feliz. Passavam 10 minutos da hora e faltavam ainda a Lua e a Rayana para começarmos a gravar.

Percebi que alguma delas tinha entrado quando ouvi a voz dele.

“Até que enfim!... As meninas acham que isto é uma brincadeira?!”

Estiquei o pescoço para ver quem era a primeira a levar a bronca.

A Lua e a Rayana estavam as duas prontas, mas o ar de arrependidas não convencia nem o coelhinho da Páscoa... Contive o riso para não enfurecer ainda mais o Ivan.

“Desculpa...não volta a acontecer!”, acabou por dizer a Rayana. Deu uma cotovelada na Lua e ela acenou com a cabeça, obedientemente. Percebi que mordia o lábio para não rir.

“Exactamente...não volta a acontecer”, acabou por dizer de cabeça baixa.

O Mica chegou ao pé de mim, apreciando a cena, como todos os que ali estávamos.

“Se a Lua solta um risinho que seja...ele mata-a...”, disse na expectativa.

Fui obrigado a concordar em silêncio.

O Ivan olhou de novo para as duas com ar furioso.

“Já atrasaram o suficiente! Às vossas posições por favor!”

A Lua virou costas e o olhar dela varreu finalmente todo o cenário, parando em mim. Sorri-lhe e ela sorriu de volta, com os olhos a brilhar.
O pequeno salto que o meu coração deu perante aquele sorriso fez-me pensar que fingir que nada se passava entre nós iria ser, de facto, uma tarefa muito complicada.
(Lua)

O dia tinha sido longo...e eu agradecia aos céus por finalmente ter acabado!...

Gravar era esgotante, principalmente porque grande parte das cenas tinham sido com o Arthur...e se antes a tensão entre nós era dificil de aguentar...agora estava perto do insuportável!...

Tínhamos disfarçado bastante bem...ou pelo menos eu assim pensava!

“Ei!”, ouvi ao meu lado, “Perdida em pensamentos outra vez?”

Eu sorri para a Sophia.

“A sonhar com um longo banho quente, comida e cama!”, acabei por dizer.

Mantivemo-nos a andar juntas em silêncio até á saída.

Eu pensava no Arthur. Será que o ia ver hoje ainda? Praticamente não tínhamos falado durante o dia todo...só aqueles olhares que me deixavam quase de pernas a tremer...

Apercebi-me que a Sophia falava...e que eu não tinha ouvido.

Olhei para ela interrogativamente e ela limitou-se a rir.

“Eu estava a perguntar o que andaste a fazer ontem...ficaste de me ligar e nada!..”, os olhos brilharam maliciosamente, “Ou devo perguntar com quem estiveste?...”

Fingi-me desentendida.

“Não faço ideia do que estejas a falar...”, mas o sorriso traiu-me.

Ela limitou-se a dar uma gargalhada.

“Então aqueles olhares entre ti e o Arthur hoje era simplesmente porque, por mera coincidência, acordaram os dois com amnésia e decidiram encarnar a Lua e o Arthur com menos 5 anos...”

Tive de me rir também.

“Foi assim tão evidente?”

Ela encolheu os ombros.

“Não se comentava nada pelos corredores, se é isso que queres saber...por isso suponho que não tenha sido TÃO evidente assim...”, o tom dela era exagerado, mas o sorriso era sincero.

Chegadas ao meu carro, encostamo-nos a falar em voz baixa, enquanto lhe contava o dia anterior em linhas gerais. 

“Então vocês estão juntos de novo?”, perguntou, “Fico muito feliz por tudo ter acabado bem no fim...e no que diz respeito a esse plano completamente sem pés nem cabeça...estou completamente dentro, claro!”

Eu ri-me.

“Imaginei que sim...”
(Arthur)

Vi-a mal saí do estúdio. Estava encostada ao carro a falar com a Sophia, e pareciam concentradas na conversa.

Não sabia se me deveria aproximar...mas a verdade é que queria falar com a Lua. Tinha passado o dia á espera de ficar a sós com ela, mas a ocasião não tinha aparecido.

Acabei por me aproximar lentamente delas.

Quando cheguei finalmente junto delas, ela olhou-me com um sorriso enorme e a Sophia virou-se para trás para ver quem era.

“Devia ter imaginado que eras tu...”, disse fingindo-se chateada, “Sempre a rondar!... Desaparece!”

Mas o sorriso com que terminou de falar fez-me perceber que a Lua já a deveria ter posto ao corrente do dia anterior.

“Tenho culpa de não conseguir manter-me afastado?”, brinquei, “A culpa é da tua amiga, que não me larga...sempre ás voltas na minha cabeça!...”

Ela riu-se.

“Já percebi que estou a ficar a mais...”, disse virando-se novamente para a Lua, “Melhor eu ir para não empatar os pombinhos!”

A Lua também se riu.

E de repente eu tive uma ideia luminosa.

“Não empatas nada! Aliás...porque não vamos jantar os três?”, o olhar dela foi de pura surpresa, “Assim podes...tomar conta de nós!...”

Ela olhou de mim para a Lua e de novo para mim. E depois, lentamente, começou a sorrir enquanto abanava a cabeça.

“Odeio ser empata...mesmo por uma boa causa como essa!”, deu um passo atrás e piscou o olho á Lua acenando, “Fui!”

Eu vi-a afastar-se e olhei para a Lua.

“Parece que ficamos só nos os dois mesmo...”
(Lua)

Apesar de ter passado o dia a pensar no Arthur e em estar sozinha com ele...agora que estava não fazia ideia do que dizer.

“Queres ir jantar lá a casa?”, acabei por perguntar impulsivamente.

A cara dele foi de sofrimento e eu percebi finalmente as implicações do que tinha sugerido.

“Tem dó, Lua...”, e depois aquele brilho nos olhos..., “A não ser que...”

Interrompi-o. 

“Esquece! Falei sem pensar mesmo!”

“Bem me pareceu...mas sonhar não custa!...”

Eu ri-me, mas o facto é que continuávamos sem saber para onde ir ou o que fazer.

“Antes de irmos onde quer que seja...tenho uma dúvida.”, acabou por dizer olhando para mim fixamente.

Limitei-me a esperar.

“Afinal...estamos a namorar ou não?!”

Abri a boca para falar, mas fechei-a de seguida sem dizer nada. A verdade é que não fazia ideia...

Resolvi provocá-lo um pouco, arqueando uma sobrancelha.

“Isso é um pedido?”

Ele chegou-se um pouco mais perto.

“Se precisas de um...sim, é.”, e a voz dele era baixa, quase no meu ouvido.

“Arthur...”, a respiração dele tão perto deixava-me com alguma dificuldade em raciocinar, “Pode aparecer alguém...”

“Se aparecer eu mato...”, disse com um sorriso pondo as mãos na minha cintura.

Roçou os lábios nos meus ao de leve.

“Ainda não me respondeste...”, observou sem se afastar.

“A quê?...”, perguntei agarrando-me á camisola dele num esforço de me manter na realidade.

Ele riu-se contra a minha boca.

“Se namoras comigo”

Aquele leve brincar com a minha boca, só passando os lábios ao de leve nos meus, mordiscando ligeiramente e apenas prometendo um beijo que não chegava nunca estava decididamente a deixar-me louca...

“Não sei...não consigo pensar”, defendi-me enquanto subia a mão pelas costas dele até á nuca, “Talvez se me beijares....”

Ele tentou afastar-se um pouco, mas eu não deixei.

Pousei a mão na nuca dele e pus-me em bicos de pés. Naquele momento, não queria saber do sítio onde estávamos ou se aparecia alguém. Parei com os lábios a milímetros dos dele, para saborear o instante em que a respiração fica suspensa e o coração dá um salto. Depois eliminei a distância.
(Arthur)

Ainda tinha as mãos na cintura dela quando ela me beijou. Quando a língua dela avançou para um contacto mais íntimo, não consegui evitar que elas subissem, passeando-se sobre ela.

O beijo dela fazia-me sentir a cabeça andar á roda, e eu esforcei-me por o manter o mais leve possível.

Recuei quando o desejo ameaçava controlar-me e passei o polegar pelos lábios dela.

“Suponho que sim, que namoro contigo”, acabou por dizer sorrindo, “Mas que fique claro que é só porque beijas extremamente bem!”
Ri-me, recordando as brincadeiras do passado.

“Bom...dantes era só pelo meu corpo...por isso suponho que estou a melhorar em alguma coisa...pelo menos agora já é por algo que sei fazer...”

Ela sorriu também e encostou-se novamente ao carro, hesitante.

“Achas que não somos mesmo capazes de estar a sós?”, acabou por perguntar, “Apetecia-me mesmo ficar em casa contigo...”

A pontada de desejo fez-me pensar instintivamente num não. Mas o ar de hesitação dela fez-me ponderar antes de responder.

“Suponho que podemos tentar...”, disse com cuidado, “Mas, Lua...”

Ela interrompeu-me, pondo-me um dedo nos lábios. Adorava quando ela fazia aquilo!

“Se acontecer...já não somos crianças. Lidaremos com isso.”, sorriu dando-me um beijo leve nos lábios antes de se virar para abrir a porta do carro, “Mas vamos tentar que não aconteça, ok?... Por muito torturante que seja...acho que a espera vale a pena...”

Deixei-a entrar no carro e esperei que ela abrisse o vidro.

“Tens a certeza?”, insisti, “Podemos procurar outro sitio onde jantar...calmo... sei lá!...”

Ela riu-se.

“Começo a pensar que tens mais medo de mim do que eu de ti...”, brincou, “E sim, tenho a certeza. Páro no caminho a comprar algo para comermos, de acordo?”

Pus a cabeça dentro do carro apenas para a beijar levemente. Depois de todo o tempo que já tínhamos estado naquele parque de estacionamento...não seria por mais um beijo que seríamos apanhados...esperava eu!

“De acordo”, acabei por responder, “Vemo-nos em tua casa.”

Vi-a partir e preparei-me mentalmente para uma noite em que iria pôr á prova todo o meu autocontrolo.
(Lua)

Quando cheguei a casa, o carro do Arthur já estava parado na frente do prédio.

Tremi um pouco em antecipação. Tinha realmente vontade de ficar a sós com ele, sem me preocupar se alguém nos via, se tirava foto, se comentava... Mas sabia que tinha arriscado muito ao insistir para ele ir lá a casa...ainda me recordava bem da noite anterior...

Ganhando coragem, saí do carro e esperei o Arthur sair também.

Ele chegou perto de mim e deu-me um beijo leve no cabelo enquanto punha o braço sobre os meus ombros.

“Não mudaste de ideias no caminho?”, perguntou.

Abanei a cabeça, negando.

“Não.”, olhei-o, “Porquê? Queres ir embora?”

Ele encostou a face aos meus cabelos, inspirando profundamente.

“Nem pensar!”, disse quando se afastou com um sorriso contagiante, “Estou morto de fome e esse embrulho tem um cheiro maravilhoso!”
Limitei-me a rir e, ainda abraçados, subimos até ao meu apartamento.

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