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segunda-feira, 20 de agosto de 2012

FIC] Mentiras e Segredos 21º e 22º Capitulo


  
Desejo!!!!
 
A água agitava-se á nossa volta, fazendo-nos ondular levemente, ora afastando-nos, ora aproximando-nos. As nossas pernas roçavam, pelo efeito do leve movimento que fazíamos para nos manter á superfície; as mãos dele acariciavam-me os ombros, deslizando de seguida pelas costas e parando na cintura, enquanto ele continuava a tomar a minha boca de assalto e me beijava com uma paixão fora de controle. O dedo moveu-se vagarosamente sobre a minha barriga, em círculos. Carícias leves e frustrantes que me faziam desejar muito mais...

Quando nos afastámos, esforçando-nos por voltar á realidade, sentia-me quente e frustrada no desejo que sentia por ele...mas o medo também ainda lá estava. Por muito que no presente ele ainda despertasse em mim sensações semelhantes ás do passado, havia algo que me impedia de me entregar por completo.

Naquele instante, percebi que ainda tinha uma batalha a travar...comigo mesma.
(Arthur)

Enquanto dirigíamos em direcção á casa da Lua após o jantar, o silêncio dominava. 

O beijo da praia não me saía da cabeça. Mesmo tendo-nos afastado, o desejo continuava lá, vivo e pulsante entre nós. 
Mesmo enquanto a via sair da água em direcção ao local onde tínhamos abandonado os sapatos e a minha camisola, eu tinha percebido a relutância com que ela o fazia. Por momentos, tinha visto a dúvida nos olhos dela, a luta interior que tinha travado entre o desejo e o medo...e, por muito que odiasse admiti-lo, tinha de reconhecer que o medo tinha sido um amigo sensato naquele momento.

Mas agora a caminho da casa dela, a tensão voltava em força. A relativa descontracção que tínhamos conseguido depois de sairmos da praia tinha-se evaporado completamente. 

Eu olhava-a pelo canto do olho, cravando as mãos no volante.

Ela tinha as mãos no colo, mas eu conseguia perceber a tensão nelas.

“Pára, Arthur!”, forcei-me a pensar, “Ela está linda e tu deseja-la mais do que tudo na vida...mas ainda não é hora! Não é! É tudo demasiado recente...as emoções ainda estão á flor da pele...”

Olhei-a uma vez mais, sentada em silêncio, com o cabelo apanhado e a minha camisola ainda vestida e a pontada de desejo aumentou um pouco mais.

Apertei mais as mãos no voltante, esforçando-me por me concentrar na condução e rezando ter controlo suficiente para fazer o que eu sabia ser mais correcto.
(Lua)

A tensão no carro era palpável. E não era dificil entender o porquê. Mesmo a custo, eu tinha conseguido afastar-me dele na praia, literalmente fugindo. Mas não por falta de desejo de ficar...e ele sabia.

Não tínhamos conversado sobre o beijo (foi só um beijo mesmo?!) e ele tinha-se comportado de forma inquestionável quando se juntou a mim na areia.

Tinha-me emprestado a camisola dele para que eu não ficasse com a minha o resto da noite, já que estava completamente transparente após o mergulho e tínhamos depois saído da praia em busca de uma pizzaria para jantarmos. Durante a noite conseguimos relaxar o suficiente para apreciar simplesmente a companhia um do outro e nos divertirmos durante o jantar, apesar de sabermos que o assunto (ou o desejo...) continuava entre nós.
Mas agora estávamos completamente sós dentro do carro. A caminho da minha casa. Será que ele ia subir? Quem sabe entrar...

Apertei mais as mãos no colo...seria eu capaz de o mandar embora esta noite? Ou, sozinhos, não conseguiria que a razão vencesse...e as saudades e desejo falariam mais alto?

Olhei-o de relance, e vi as mãos cravadas no volante, os nós dos dedos brancos pela tensão com que o apertava.

Fixei-me de novo na estrada, dividida entre a vontade de lhe tocar e o intenso desejo de que o caminho até minha casa fosse eterno.

Ele parou. Tínhamos chegado.

“E agora, Lua”, pensei para mim mesma, “O que vais fazer?”
(Arthur)

Ali parados, ainda dentro do carro completamente escuro, não fazia ideia do que fazer. 

Sabia que o correcto seria acompanhá-la até á porta do apartamento dela e despedir-me...

“Mas”, perguntei-me olhando para o lugar onde ela estava sentada, escondida pelas sombras, “Será que se subires consegues despedir-te simplesmente?”

Algo me dizia que não.

Senti-a, mais do que vi, movimento no lugar dela e não consegui evitar um ligeiro estremecer.

“Arthur...”, a voz era baixa e muito hesitante.

“Sim, Lua?”, apesar do esforço para soar o mais neutro possível, não consegui evitar que o desejo ficasse evidente na minha voz.

Senti que a hesitação dela aumentava.

“Eu...”, ela parou e eu ouvi-a respirar fundo antes de continuar, “Eu quero que subas. Mas ao mesmo tempo não quero! Quer dizer...não é não querer...é... Ai meu Deus!”

Vi o movimento que fez ao levar as mãos á cabeça.

“Estou a confundir ainda mais as coisas, não é?”, acabou por perguntar, “É que...eu não sei como explicar...”

Estiquei o braço e pousei a mão no braço de dela. Senti-a estremecer e maldisse a escuridão, que não me deixava ver a expressão dela.

“Eu entendo, Lua. A sério que entendo.”, parei e esperei, mas ela manteve-se em silêncio.

Decidi que a sinceridade era o melhor caminho.

“Sabes que te desejo. Mesmo antes, com toda a mágoa e raiva que tinha de ti, o desejo estava lá. Com um Oceano inteiro entre nós, o desejo continuava lá. Pensar em ti, imaginar-te...”, fiz uma pausa decidindo que até a sinceridade tinha limites...pelo menos se eu quisesse manter a razão!, “Enfim...percebes o que quero dizer!”
Senti-a rir-se ao meu lado, mas ela continuou sem falar.

“O que eu queria dizer”, acabei por continuar, “É que eu percebo a tua confusão. Desejo é a parte fácil. O resto é que é complicado...”

“Eu sei.”, disse ela baixinho, “Se fosse só pelo desejo...”

Interrompi-a, a bem do meu autocontrolo.

“Eu sei!”, e a minha voz deve ter soado ligeiramente dura porque a senti sobressaltar-se ligeiramente, “O meu autocontrolo tem limites, Lua...e ele está perigosamente na margem. Não estiques.”

Ela riu-se novamente.

“Isso quer dizer que não vais subir comigo?”, e por muito que tentasse, eu não conseguia perceber se a voz dela transmitia mais alívio ou desilusão.
(Lua)

Eu estava imensamente confusa. Havia uma parte de mim que o queria. Muito intensamente.

Mas o bom-senso dizia-me que era muito cedo. Ele tinha voltado há pouco tempo e, a bem dizer, apenas hoje tínhamos esclarecido coisas que nos tinham magoado durante anos. Não era sensato irmos para a cama no mesmo dia...por muito que o desejássemos.

“E se desejas...não é Lua?”, brinquei comigo própria em silêncio.

No entanto, eu não conseguia deixá-lo ir. Pensar que o dia estava a acabar...o meu dia quase perfeito... Simplesmente não conseguia.

A voz dele interrompeu o meu debate mental comigo mesma.

“Eu quero muito subir...”, respondeu-me finalmente, “mas se eu subir...dificilmente consigo deixar-te simplesmente á porta de casa...”

A sinceridade dele não ajudava a acalmar os meus medos e resolver as minhas dúvidas, infelizmente.

“Também quero muito que subas...”, senti imediatamente a tensão aumentar nele, “Não quero que o dia acabe...”

Ele relaxou ligeiramente. Só ligeiramente.

“É melhor subires, Lua...prolongar este assunto só vai fazer com que seja ainda mais dificil dormirmos esta noite...cada um em sua casa!”, acabou por dizer com um ligeiro toque de humor.

Apesar de desiludida, tive de concordar e pus a mão na porta, com a intenção de sair.

Mas uma parte de mim não conseguia decidir-se.

“Nem um beijo de boa noite?...”, não resisti a perguntar.

Ele acendeu finalmente a luz do interior do carro, e eu pude ver a intensidade do desejo no olhar dele.

“Tens a certeza que queres arriscar?”, perguntou, rouco.

Como única resposta, estendi a mão para apagar de novo a luz e inclinei-me para ele, procurando-lhe a boca no escuro.
(Arthur)

Eu senti-a aproximar-se, mas tudo o que consegui fazer foi ficar imóvel. Tinha a impressão que me iria desfazer em pedaços se me movesse.

Mas quando a boca dela alcançou a minha, todo o meu autocontrolo se esmigalhou no mesmo instante.

Com um gemido de desejo, agarrei-a e puxei-a para mais perto, esquecendo-me de tudo excepto do desejo que sentia.

Ela aproximou-se o maximo possivel, e eu senti-a tentar ultrapassar a barreira entre os bancos.

“Arthur...”, sussurrou.

Beijei-a mais profundamente, exigindo e explorando aquela boca que me levava ao desespero. Segui depois pelo pescoço dela, desesperado por ter mais dela, por sentir mais, saborear mais, tocar mais!

Ela gemeu ligeiramente, virando-se para que a beijasse novamente na boca. 

“Beija-me, Arthur...”, e o murmurio dela fazia-me perder a razão.

Beijei-a, com a língua entrelaçando-se na dela num ritmo rápido, as mãos apertando, percorrendo-a, pedindo muito mais...
Ela passou a mão pelo meu cabelo, chegando a minha boca ainda mais perto, quase me devorando.

Foi a minha vez de gemer quando ela desceu as mãos pelas minhas costas e a boca pelo meu pescoço. Trazendo as mãos para o meu peito, desapertou o fecho do casaco que eu tinha vestido depois de sairmos da praia para substituir a camisola e passou a mão pelo minha pele, arranhando ao de leve enquando descia.
Segurei a mão dela, impedindo-a de continuar a descer, e procurei-lhe a boca uma vez mais.

“Vais fazer-me perder o controlo, Lua...”

Ela riu-se, colada á minha boca. Mordeu-me levemente o lábio, lambendo-o de seguida.

Afastei-me um pouco, procurando em algum lugar uma réstia de controlo. 

Sentia a respiração dela no escuro e a pulsação no pulso que ainda segurava. Ambas estavam tão aceleradas como a minha.

Fechei os olhos com força, apesar do escuro, e levei a mão dela á face, inspirando o cheiro dela. Aquele cheiro que me fazia lembrar que não era só um corpo, que o desejo não era apenas físico...


“Eu vou arrepender-me terrivelmente de dizer isto...mas é melhor subires... Agora!”

Larguei-a, e só abri os olhos depois de ouvir a porta bater.
(Lua)

Tremia enquanto procurava o puxador para abrir a porta. Não olhei para trás enquanto me dirigia á entrada do prédio. 

Só parei depois de entrar e ouvir a porta bater. Sentei-me nas escadas mesmo, incapaz de continuar.

Não devia tê-lo beijado. Felizmente, ele tinha sido sensato pelos dois, porque o certo é que eu tinha perdido completamente a razão mal lhe tinha tocado. Mal senti o sabor dele, um desespero e uma incontrolável necessidade dele tinham-me invadido, varrendo tudo o resto da minha mente.

Apoiei os braços nos joelhos e a cabeça entre as mãos.

“Céus, Lua!”, pensei.

Quase tinha feito amor com ele ali mesmo, no carro. Se ele não me tivesse parado, tê-lo-ia feito. Mesmo agora, sentada no escuro nas escadas do prédio, sentia-me pulsar de desejo!... 

Esforcei-me por recuperar algum controlo, mas as sensações da boca dele, da língua dele no meu pescoço, das mãos dele a percorrerem-me...

“Pára!!”, disse em voz alta.

A luz acendeu-se de repente, e um dos meus vizinhos apareceu como que por magia á minha frente, surpreendido.

“Está a sentir-se bem?...”, a voz dele soava genuinamente precupada.

Tentei afastar o Arthur da cabeça por uns segundos.

“Eu...sim, estou...”, não soava convincente, e sabia.

“Não parece...quer que lhe vá buscar um copo de água...ou que a ajude a subir até ao seu andar?...”

Abanei a cabeça e levantei-me, apesar de ainda sentir as pernas um pouco trementes. Forcei o sorriso.

“Não é preciso, obrigada. Já estou melhor...”

Ele olhou-me, não muito seguro, mas acabou por virar a cabeça na direcção do elevador.

“Suponho que vá subir então?...”
“Claro...”, pensei enquanto me esforçava por ordenar os pensamentos, “Vou para o...quinto.”

Por momentos, nem em que andar morava me recordava!...

Enquanto abria finalmente a porta de casa, deixando o meu vizinho ainda com ar preocupado no elevador, lembrei-me de repente que no dia seguinte tinha cenas com o Arthur.

Controlei-me para não gemer de desespero. 

Trabalho difícil o meu...muito muito dificil mesmo...

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