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sexta-feira, 24 de agosto de 2012

[FIC] Mentiras e Segredos 29º e 30º Capitulo


 

                                                    Decisão!!!!
                                              ( Peúltimos Capitulos )


(Arthur)

Acordei de manhã, com o sol a entrar pelas cortinas que tínhamos esquecido de fechar. Virei-me para ver a Lua dormir, como tinha feito tantas vezes antes...e deparei-me com a cama vazia.

Sentei-me na cama, perplexo. A Lua NUNCA acordava primeiro! E mesmo quando acordava, raramente se levantava!...

Saí da cama e procurei a minha roupa. Apanhei as calças na cadeira e reparei que a minha camisa tinha desaparecido. Saí do quarto assim mesmo, com um sentimento inexplicável de que algo não estava bem.

“Não sejas idiota, Arthur!...”, pensei enquanto me dirigia á cozinha para a procurar, “Ela simplesmente acordou mais cedo e está a comer ou algo assim...”

A cozinha estava vazia. E o aperto no peito aumentou.

Percorri o resto da casa, completamente silenciosa, com o coração a bater mais forte a cada passo.

“Ela tem de estar em algum lado... Tem de estar....”

E então vi o bilhete sobre a mesa junto á porta...
(Lua)

Olhando para o mar azul na praia ainda quase vazia, sentia a areia fazer-me cócegas nos pés nus, o cheiro do Arthur ainda impregnado na camisa que vestia por cima do biquini, a brisa leve a despentear-me os cabelos...

Depois de ter andado quilómetros pela praia enquanto o dia nascia lentamente, sentia-me finalmente em paz comigo mesma de novo.

O coração batia novamente a um ritmo compassado, a mão que tinha sentido durante horas apertar-me a garganta, impedindo-me de respirar, parecia finalmente ter desaparecido... e a angústia que me tinha arrancado de casa ainda com as últimas estrelas a despedirem-se no céu era agora uma breve memória.

Fechei um pouco os olhos, apreciando aquela paz que sentia estender-se lentamente por cada célula do meu corpo, inundando-me...

“Sim, Lua”, pensei para mim própria, “Sair foi a melhor decisão que poderias ter tomado...”
(Arthur)

Vi-a ao longe, os longos cabelos cacheados a ondularem ao vento, a face ligeiramente virada para cima, como se estivesse a absorver uma misteriosa energia que só ela sentia.

Descalçando-me, avancei lentamente pela areia em direcção a ela.

“Arthur!...”, e o sorriso iluminou-lhe a face e os olhos, “Não imaginei que viesses cá ter!...”

Sorri também enquanto me sentava ao lado dela e lhe dava um beijo leve nos cabelos.

“Acordei sem ti e entrei em pânico! O teu bilhete fez-me voltar á realidade...”, brinquei, procurando desvalorizar o quão assustado tinha estado por momentos.

Até ler a breve nota em que dizia que tinha acordado cedo e decidido dar um passeio até á praia e voltaria mais tarde, tinham-me passado mil hipóteses pela cabeça.

“Pânico?!”, perguntou afastando-se um pouco para me olhar surpreendida, “Achaste que eu tinha fugido enquanto tu dormias...na minha casa?!”

Encolhi os ombros, ainda um pouco envergonhado pelo susto que tinha apanhado.

“Mais ou menos...”, respondi sem saber o que dizer. 

Depois de ler o bilhete, eu próprio tinha chegado á conclusão que as ideias que me tinham passado pela cabeça tinham sido idiotas. Mas enquanto tinha percorrido a casa vazia...

Estremeci levemente, lembrando-me do pânico que me tinha assaltado durante aqueles terríveis minutos.

“Bom...pelo menos estou feliz por teres encontrado uma substituta para a tua camisa...”, ouvi-a dizer tentando não se rir.

Olhei para baixo para a t-shirt roxa que até a mim ficava um pouco larga. Dizia em letras garrafais “SOU GRANDE. E DEPOIS?”

“Sabia que tinhas de ter algumas destas t-shirts gigantes algures no armário...só esperava que tivesses tido o bom-gosto de escolher alguma lisa...”

Ela parou de tentar conter-se e deu uma gargalhada.

“Uso-as para dormir, Arthur!! Não têm de ser bonitas...só confortáveis!”
(Arthur)

Passámos o dia juntos, e eu desisti de lhe contar que eu e a Sophia tínhamos finalmente conseguido que a falsa informação sobre a Lua estar casada chegasse á Luisa.

Ela tinha-me telefonado mal a Sophia saíra de casa dela, pedindo-me para que a encontrasse.

Tinha-lhe prometido que o faria assim que pudesse e telefonado imediatamente para o investigador que tinha encarregado de seguir todos os passos da Luisa.

Enquanto esperava que o sono viesse, sentindo o toque suave do corpo quente e relaxado da Lua já adormecida ao meu lado, não consegui impedir-me de sorrir.

“Quem sabe essa notícia não venha a ser verdade?”, pensei, com o silêncio da noite como única testemunha.
(Lua)

O Arthur andava estranho.

Mesmo no estúdio, enquanto esperava a minha vez de gravar, não conseguia tirar esse pensamento da cabeça.

Desde que ele praticamente se tinha mudado lá para casa que as coisas entre nós estavam cada vez melhores...mas havia algo mais na cabeça dele nos últimos dias... 

Telefonemas que ele atendia cada vez com mais frequência, sempre saindo da sala ou utilizando monossílabos para responder...papéis misteriosos que ele arrumava sempre que eu entrava...e aquele olhar com que ás vezes me fixava e que eu não conseguia interpretar.

Sentada no chão, olhei para ele, que conversava com a Soph num canto.

“E, já agora...”, pensei franzindo a testa, “A Soph anda bastante misteriosa também...”

“Lua, Arthur, Sophia!”, chamou a Renata, interrompendo-me os pensamentos, “A vossa cena!”

Pousei as folhas do roteiro e levantei-me. 

“Parece que não é apenas a novela que tem bastidores...”, pensei enquanto me dirigia ao cenário, “A minha vida também tem...e algo me diz que a acção está toda a decorrer lá...”
(Arthur)

Sair do estúdio sem a Lua naquele dia tinha sido complicado. Com tudo preparado, não tinha contado com a insistência dela em irmos juntos para casa!

Sabia que ela andava desconfiada de que algo se passava, mas eu e a Sophia tínhamos conseguido manter tudo no mais absoluto segredo....ou pelo menos eu esperava que sim!

Parado no meio do trânsito, não conseguia evitar o nervosismo. 

“Espero mesmo que ela não tenha descoberto nada!”, pensei batendo com os dedos no volante, inquieto, “Estranha como anda...”

O meu celular tocou naquele momento. Atendi no alta voz.

“Quem fala?”

“Sou eu, Arthur!”

A voz da Sophia inundou o carro e eu senti o sorriso estampar-se na minha cara.

“Onde estás?”, perguntei.

“Na terra do Pai Natal...”, respondeu-me irónica, “Não foi lá que combinámos?...”

Dei uma gargalhada.

“Dá-me um desconto, Sophia! Estou nervoso!”

Ouvi-a rir-se do outro lado.

“Está bem, está bem...mas estás atrasado! Onde estás?”

Olhei o carro da frente, que finalmente avançava mais um pouco.

“A caminho. 10 minutos no máximo e estou aí!”

“Ok...”, disse enquanto eu ouvia o barulho de algo a cair do outro lado.

“Sophia?...”, perguntei preocupado.

“Não te assustes...não foi grave! Não se partiu nada! Mas despacha-te!”, gritou-me antes de desligar.
(Lua)

O Arthur tinha fugido! Por muito que procurasse, não encontrava outra palavra para o descrever...

Ainda parada no estacionamento do estúdio a olhar para onde o carro dele tinha acabado de desaparecer, eu não me sentia minimamente feliz. Estava estupefacta. E começava, lentamente, a ficar furiosa!...

Aquele...e eu nem conseguia encontrar uma palavra apropriada no momento...tinha, literalmente, inventado uma desculpa esfarrapada e desaparecido antes de eu ter tempo sequer de piscar!

Depois de semanas todo cheio de mistérios e compromissos importantíssimos que eu nunca conseguia perceber onde e com quem eram...hoje tinha-me mentido descaradamente e arrancado o mais depressa possível!

“Passa-se alguma coisa, Lua Maria”, pensei cerrando os dentes, “E tu vais descobrir hoje o que é...nem que tenhas que o matar para isso!”
(Arthur)

Estava tudo perfeito. 

Parado na porta, não conseguia parar de sorrir enquanto olhava á volta.

“Achas que...”, comecei.

“Arthur!”, interrompeu-me a Sophia com uma mistura de desespero e impaciência, “Se voltas a perguntar se eu acho que ela vai gostar...eu mato-te!”

Ri-me, nervoso.

“Não consigo evitar! Acho que nunca estive tão nervoso na minha vida!”

Ela pôs-me a mão no ombro e quando olhei para ela vi que também ela sorria, olhando á volta.

“Ela vai adorar.”, e olhou para mim, com os olhos brilhantes, “E eu vou começar a chorar de emoção se não saio já daqui!”

“Estou em pânico!”, admiti com o riso nervoso ainda na voz.

Virei-me para ela.

“Obrigada por tudo, Soph. Foste uma super amiga...mesmo!”

Ela piscou e deu um passo atrás, levantando as mãos em sinal de rendição.

“Vou embora! Mesmo! A única pessoa que pode chorar de emoção hoje é a Lua...e tu, talvez!”

Eu ri-me e ela aproximou-se novamente, dando-me um beijo na face e apertando-me o braço num gesto de amizade e incentivo.

“Vai correr tudo bem. A sério!”

Fiquei sozinho, olhando mais uma vez ao redor e respirando fundo. A Sophia tinha razão...estava tudo perfeito e a Lua ia adorar...ou pelo menos eu esperava ansiosamente que assim fosse!!
(Lua)

Quando cheguei a casa o meu humor já tinha passado muito para além da fúria. Durante o caminho tinha imaginado milhares de formas de matar o Arthur lenta e dolorosamente. E sentia-me com vontade de as testar a todas!

Entrei em casa ainda a reclamar mentalmente contra namorados cheios de segredos e desculpas esfarrapadas.

Atirei o casaco para o sofá e descalcei-me. Ia em direcção á cozinha quando o meu celular tocou.

“Lua!”

“Diz, Soph.”, respondi impaciente.

“Bolas...o que é que eu te fiz?!”, perguntou espantada.

“Nada. Que eu saiba.”, respondi sem tentar esconder o mau humor, mas sentindo-me na obrigação de explicar, “Foi o Arthur.”

Imaginação minha ou a pausa do outro lado tinha sido um pouco longa demais?...

“O que é que ele fez?...”, e, se eu não estivesse tão furiosa, talvez tivesse notado a ligeira incerteza no tom de voz...

“Irritou-me.”, respondi laconicamente.

“Ah!...Pois...o que é dificilimo de fazer...”, respondeu ela irónica.

Olhei para o celular com ar de fúria, como se ela me pudesse ver.

“Mas querias alguma coisa ou só entreter-me?”, acabei por perguntar sem paciência para conversinhas.

“Queria uma coisa...mas deixa para lá...falamos depois!...”

Respirei fundo e fechei os olhos com força. Aquilo era jogo sujo...a Sophia sabia que eu não resistia áquele tom de voz.

“Aiiii! Diz lá o que é antes que eu me arrependa!”, acabei por dizer rendendo-me.

A voz dela soou entusiasmada...e eu revirei os olhos enquanto a ouvia, confirmando que tinha sido enganada mais uma vez...
(Arthur)

Recebi uma mensagem da Soph pouco depois de ela sair.

“Tudo pronto. Ela está a caminho. NÃO TE ATRASES!!”

Ri-me enquanto fechava a porta e esperava pelo elevador. Não tencionava atrasar-me. A gelataria era mesmo ali em frente. E eu só esperava não morrer de ansiedade até ela chegar....
(Lua)

Quando entrei na gelataria e vi o Arthur, fiquei confusa. Por um breve momento, a ideia de que o ia apanhar a fazer algo errado assaltou-me....

E depois ele sorriu-me, nada surpreso por me ver ali, e eu percebi que tinha caído em algum tipo de armação....

“Eu mato a Sophia...”, pensei para comigo enquanto ele se dirigia a mim, “O que é que estes dois andaram a preparar?!”

“Surpresa?”, perguntou com um sorriso enorme enquanto se aproximava para me beijar.

Desviei-me e olhei-o com cara feia. Até perceber exactamente o que se estava a passar não tencionava ceder um milímetro que fosse!

“Furiosa.”, acabei por responder de braços cruzados, “Deixaste-me plantada no estúdio com uma desculpa esfarrapada, a Soph telefona-me e faz aquela vozinha chorona que sabe que acaba sempre por me dar a volta, e eu acabo aqui, a encontrar-me contigo em vez dela!”

Ele riu-se.

“Eu sei. Fui eu que lhe pedi que te ligasse. Imaginei que se fosse eu dirias que não.”

“Imaginaste bem.”, disse ainda sem abandonar a pose, “Agora explica.”

No fundo, estava a morrer de curiosidade.

Ele passou-me o braço á volta dos ombros. 

“Mesmo a fingires-te furiosa, és linda na mesma!”, disse ele rindo e depositando-me um beijo leve nos lábios que eu mantinha completamente cerrados, “Vamos.”

(Arthur)

Eu estava muito mais do que nervoso...mas ver a Lua a tentar esconder a curiosidade por baixo daquela capa de fúria fingida estava a dar-me uma vontade de rir enorme!

“Não que ela não esteja mesmo furiosa contigo, Arthur!”, pensei enquanto a conduzia para a rua, “Afinal...a desculpa foi esfarrapada mesmo!”

Controlei-me para não rir enquanto chegávamos á porta onde eu queria que ela entrasse.

(Lua)

Estávamos á porta do meu antigo prédio, e eu estava cada vez mais confusa.

Parei, tirando o braço do Arthur dos meus ombros e encarando-o de frente.

“Afinal o que se passa aqui?!”

Ele limitou-se a sorrir, com os olhos brilhantes.

“Explico-te lá em cima, pode ser?”

Eu olhei para o prédio, indecisa. O meu apartamento...o meu querido apartamento. O que é que aquele louco tinha preparado?!

“Ainda não te perdoei”, disse-lhe enquanto entrava na porta que ele segurava, “Por isso apaga esse sorrisinho da cara!”
(Arthur)

Enquanto subíamos, eu conseguia ver a Lua ficar cada vez mais ansiosa. Eu próprio estava cada vez mais ansioso!

Olhei para ela, que fixava os números que passavam indicando o andar e passei as mãos suadas nas calças.

“Ela vai gostar, Arthur!”, forcei-me a pensar, “Ela vai gostar...”
(Lua)

Quando parámos á porta do meu antigo apartamento, confirmei a suspeita de que era para ali que nos dirigíamos. Só não entendia porquê!
O Arthur estendeu a mão com a chave na minha direcção.

“Vá, abre!”

Peguei na chave, hesitante.

“Arthur...”, comecei a medo...

Ele deu-me um beijo, calando-me. E eu cedi, entregando-me um pouco e adiando o momento de abrir a porta.

Mas ele afastou-se com um sorriso e apontou de novo para a porta.

“Abre, Lua, a sério...”, disse com um sorriso que me derreteu.

Olhei uma vez mais para a porta e respirei fundo, abrindo-a.
(Arthur)

Enquanto a Lua abria a porta, eu fechei os olhos com força, procurando inutilmente acalmar-me. 

Nunca na minha vida tinha estado tão nervoso!... E, honestamente, esperava nunca mais vir a estar! 






(Lua)

Abri a porta e parei, estupefacta. 

A sala estava cheia de flores, alguns dos meus móveis que eu tinha tido de vender ao abandonar o apartamento estavam nos seus lugares novamente...

Senti as lágrimas nos olhos, e não fiz nenhum esforço para as controlar.

“Arthur...”, disse quase sem voz.

Ele avançou, incentivando-me a dar mais alguns passos. Sorria.

“Gostas?”, perguntou.

“Está lindo!...”, disse encaminhando-me para o meio da sala, “O meu sofá...a minha estante...”

Cada objecto que eu tinha um dia comprado com todo o cuidado para aquela casa e que achava que nunca mais voltaria a ver...

Virei-me finalmente para ele.

“Como é que conseguiste?...”, perguntei ainda sem saber o que pensar...

Ele aproximou-se, e eu vi pela primeira vez que as mãos dele tremiam um pouco enquanto me pegava na mão e depositava a chave da porta que tinha acabado de fechar na minha palma.

“É teu outra vez. Como nunca devia ter deixado de ser.”
(Arthur)

Ela olhou-me por um momento, como se não acreditasse. Depois o olhar desceu para a mão onde eu tinha deixado a chave e que ela não tinha movido.

Quando me olhou de novo, os olhos brilhavam com muito mais do que lágrimas. Atirou-se para os meus braços e eu abracei-a, enquanto ela soluçava no meu ombro.

“És louco...és completamente louco...e eu amo-te!”, afastou-se apenas o suficiente para me olhar, e a expressão era uma mistura de zanga e emoção “Eu estava furiosa contigo! Mesmo!”

Eu só consegui rir, abraçando-a de novo.
(Lua)

Aquele louco tinha comprado de novo o meu apartamento! Não sabia se queria mais beijá-lo ou bater-lhe!

Afastei-me novamente, procurando acalmar-me um pouco.

“Não precisavas ter feito isto...”, olhei em volta e de novo para ele, “Sabes que adorei...fizeste-o porque sabias que eu ia adorar...mas não posso aceitar...”

Olhei-o nos olhos, procurando fazê-lo compreender.

“O apartamento é teu...já vai ser suficientemente bom saber que és tu quem mora nele!”, fiz-lhe um carinho na face e tentei brincar, “Mas é óbvio que vamos passar a ficar muito mais vezes em tua casa do que na minha!...”

Ele riu-se.

“Na verdade...”, parecia hesitante, sem saber como falar.

Aproximei-me, enlaçando-o pelo pescoço enquanto sorria.

“Diz...”, tentei incentivá-lo enquanto pensava no quanto o amava, no quão perfeito e romãntico era...e no quanto eu queria beijá-lo naquele momento!

Ele segurou-me na face com ambas as mãos e deu-me um beijo leve.

“Na verdade eu tinha esperanças que aceitasses dividi-lo comigo...”, fez uma pausa, e eu pensei se o meu coração não tinha parado de bater também, “Casa comigo, Lua.” 

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