A gravidez, Lua estava descobrindo, era desconfortável. Mas a revista
que ela estava lendo lhe ensinara que o enjôo só acontecia no começo da
gestação. Aquilo geralmente desapareceria no quarto mês. Mais sete ou
oito semanas, então!
— Sim, vamos direto, acho. Assim haverá menos chance de brigarmos num restaurante lotado,
Ela arqueou a sobrancelha.
— Você acha?
— Na verdade, não. — Arthur a olhou atravessado. — Como você está se sentindo?
— Em que sentido?
— Em todos!
— Bem, eu não mudei de idéia quanto a me casar com você, se é o que quer
saber — resmungou Lua, vestindo a jaqueta que Arthur segurava para ela.
Ele ficou sério.
— Será que podemos ao menos começar a noite sem brigar?
— Você perguntou!
— Você sabe que eu estava me referindo ao enjôo.
— Então por que não disse logo? — Lua deu um risinho. — Eu só vomitei
quatro vezes hoje. Nada mal, levando em conta que não comi nem bebi nada
o dia todo!
Arthur não ficou muito feliz ao ouvir aquilo.
— Minha ex-mulher foi a um médico aqui na Inglaterra quando estava
grávida do Luke. Acho que vou marcar uma consulta para você...
— Não! Não quero ver o mesmo médico que sua mulher consultou quando estava esperando o Luke!
Arthur pareceu surpreso e franziu a testa, mal-humorado: — Por que não? Este cara é o melhor!
— Que seja. Mas a Sarah era sua esposa, e eu sou apenas...Apenas...
— A mulher que em breve será minha esposa.
Tudo seria uma batalha? Provavelmente, concluiu Arthur. Mas ele não iria
desistir. Valeria a pena, depois que tivesse o filho no colo e Lua na
cama...
— Acho melhor você se acostumar com a idéia — disse Arthur. — Você, eu e o bebê seremos uma família.
— Se acha que será simples assim, sinto pena de você.
Claro que ele não achava que seria tão simples. Já sabia que Lua podia
ser teimosa. Mas pensava que, quanto mais cedo ela aceitasse a ideia do
casamento, melhor seria para ambos. E para o bebê...
— Vamos. — Arthur a pegou pelo braço com firmeza. — Vamos ler todo o
cardápio até encontrarmos algo que você consiga manter no estômago.
Bruschetta e azeitonas, foi o que Lua descobriu, antes de tentar uma sopa e aspargos.
— Quer que eu peça mais? — ofereceu Arthur, ao ver que Lua comia o pão e as azeitonas com gosto.
— Vamos esperar e ver se consigo manter isso no estômago.
— Você telefonou para seus pais? — perguntou ele de repente.
Lua ligara. E fora um telefonema difícil. Não podia simplesmente contar a
eles, pelo telefone, que estava grávida. Ela lhes devia uma explicação.
Mas assim que mencionou a companhia de um amigo, a mãe ficou toda
atiçada. Sem dúvida ela já estava pensando na cor do vestido das
madrinhas. O que era outro problema para Lua resolver. Se ela realmente
casasse com Arthur, não queria que os pais soubessem por que estavam se
casando. Entretanto sabia que não poderia manter
o bebê em segredo por muito tempo, e não se importava com a reação dos
pais, mas não queria que percebessem que Arthur não a amava.
Amor.
Lua sempre achou que se casaria com alguém que amasse assim como fora com os pais.
— Lua? — chamou Arthur, incomodado com o silêncio.
Ela respirou fundo.
— Sim, eu liguei. E disse que eu o levaria para conhecê-los no sábado. Eles entenderam a razão e ficaram eufóricos.
Arthur se perguntava por que ela não parecia nada feliz. Afinal, era o
que ela queria. O dinheiro dos Aguiar, a disposição. Lua pode não ter
planejado que Arthur estaria ligado ao dinheiro, mas muitas coisas
saíram diferentes do planejado. Incluindo o que ele sentia por ela...
Quando se casou com
Sarah, a namoradinha do colégio, e se separou, ele jurou que jamais se
apaixonaria ou se casaria de novo. Mas de algum modo ele soube, depois
da noite que passara com Lua, que ela era diferente. E mesmo assim a
dispensou de maneira cruel na manhã seguinte.
Continua.....
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