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segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Jogos do amor capítulo 41 e 42



Eu mal podia acreditar naquilo. Continuei andando no asfalto, completamente aturdida, deixando que Arthur empurrasse a bicicleta. "Seis horas", suspirei para mim. Estava louca para contar a Pérola. Queria gritar e comemorar com minha melhor amiga. Mas é claro que a última pessoa para quem eu poderia falar algo era para minha velha amiga Pérola.
Olhei para o Arthur:
- Preciso que alguém me belisque!
Em vez disso ele me puxou da rua, me tirando da frente de um que carro estava vindo.
Toda segunda-feira eu faço um turno duplo na piscina, trabalhando com a segunda série primeiro, e depois com o Hau e as suas crianças estrangeiras. Hau e eu chamamos nossa maneira de ensinar em dupla de "fazendo ópera". Existe um diálogo constante entre nós: enquanto eu falo as regras, ele traduz o que eu disse em palavras ou frases inteiras em vietnamita - e vamos nos comunicando por meio de gestos dramáticos com os braços. Enquanto isso, as crianças ficam entre nós, balançando a cabeça para a frente e para trás, como se estivessem na platéia de uma ópera acelerada.
Mas, naquela manhã, o show estava mais lento. Não conseguia me concentrar no trabalho, e Hau teve de agir por nós dois. Nas aulas, Hau normalmente copiava todos os gestos que eu fazia. Assim, quando expliquei, do lado de fora da piscina, o nado crawl, andando e dizendo para as crianças observarem o movimento dos meus braços, ele fez o mesmo. Foi quando o meu melhor nadadorzinho, Tam, perguntou se eu podia demonstrar o nado de costas.
- Lógico, é super divertido nadar de costas. Vou mostrar como que é - infelizmente, não me lembrei de olhar para trás. Girei os braços e andei de costas, caindo direto na piscina com os braços e as pernas esticados pelo susto.
Hau não perdeu tempo. Rodando os braços, andou para trás e caiu na água ao meu lado. As crianças desataram a rir. Depois, todas queriam experimentar aquilo.
Eu ainda estava pisando nas nuvens, quando os monitores se reuniram à tarde no escritório do acampamento.
- Então - disse Arthur -, outra aula inspiradora com a líder esportiva, senhorita Lua.
Ele estivera com as crianças do Hau, fazendo pinturas e trabalhando a linguagem. Anna deu uma espiada sobre o material para ver o que as crianças haviam desenhado. Eu mal olhei os papéis enrugados pela água, mas deu para identificar uma série de cabelos loiros envoltos por jatos de água, piscinas azuis e braços estendidos de pânico.
- Fico surpresa que você ainda não os tenha convencido a escreverem músicas sobre mim - disse para Arthur.
- Ah, eles não precisam de incentivo algum - replicou ele.
- Como foi o seu dia? - perguntou Chay, apoiando as mãos suavemente na mesa; sua expressão era sorridente, gentil e amigável.
Mas ele estava me observando.
- Bem- disse -, por que está perguntando isso?
- Por nada - ele sorriu e levantou os ombros. – Parece que você está um pouco aérea, hoje. Eh..., eu não estou reclamando, Lua - acrescentou, assim que eu franzi a testa. - É só curiosidade. Você me chamou de Lay no almoço.
Abri um sorriso de desculpas para ele.
- Duas vezes.
- Ah.
- Lay. É Chay com um L de Luke – falou Arthur.
Tenho a impressão de que ele se achou muito esperto ao elaborar aquela teoria.
- Luke é um herói olímpico que a convidou para assistir a um filme no campus hoje à noite - ele continuou. - Isso explica alguns acontecimentos do dia?
- Convidou, mesmo? - Pamela se entusiasmou. A menina estava mexendo novamente nas unhas cor-de-rosa cintilantes. Agora, ela estava colando uma longa unha de plástico que era afiada o suficiente para fatiar uma cebola. - Demais!
- É mesmo - disse, levantando da cadeira. - É melhor ir agora. Tenho que colocar umas roupas limpas. - Eu me dei conta de que estava prestes a encontrar Luke.
- Mas você não vai trabalhar até tarde? - Arthur lembrou.- Pelo menos, é o que você falou pra ele. Não vai ser estranho ele perceber que trocou de roupa?
Continua....

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