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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Capitulo 35º e 36º Capitulo de Falsa Lua-de-Mel


Quem é o Verdadeiro Culpado!!!!
Penúltimo Capitulo

— Besteira — disse Micael, olhando para Sophie que chorava abertamente. — Fui eu quem o matou! — Limpou a garganta e disse mais alto e claro — Eu matei Felipe!
— Micael, não — pediu Sophie, a voz entrecortada.
— Que inferno! — interveio Chay, unindo-se ao grupo. — Primeiro jogamos o jogo "não foi ninguém", e agora vocês estão disputando o crédito de ter matado o infeliz? Por que estão fazendo isso quando sabem que fui eu quem o matou?
— Ah, não! Você não vai levar a culpa por isso! — esbravejou Mel, furiosa com Chay. — Arthhur, fui eu quem matou Felipe.
— Querida... — começou Chay.
— Não me venha com "querida", seu escocês idiota! — foi a resposta rápida de Mel. — Fui eu quem matou Felipe com minhas próprias mãos e posso provar!
— Parem, por favor — implorou Sophie, as lágrimas escorrendo por seu rosto.
— Mal, nem pense em fazer isso! — ordenou Chay.
— Calem a boca, vocês dois, eu já disse que fui eu quem o matou... — Micael entrou na conversa novamente.
— Parem! — Sophie gritou. Ainda estava abraçada a Ana, que assistia a tudo assustada.
— Eu te amo, maninha — Ana murmurou, tocando o rosto molhado da irmã.
— Oh, Ana, meu amor, eu também te amo! Lembre-se sempre disso, está bem? Prometa-me que, se eu tiver de ir embora, você não vai se esquecer disso — pediu Sophie, emocionada.
Micael  virou-se para Arthur com uma fúria contida naquele corpo enorme, toda emoção brilhando em seus olhos escuros.
— Quer nos provar que ainda tem coração, "tira"? Arrume isto aqui! 

Arthur passou a mão pelos cabelos. Precisava pensar com clareza e acalmar o grupo.
— Antes de qualquer coisa, vamos todos à sala de estar principal — sugeriu ele em voz clara. Depois colocou a mão no ombro de Ana, que estava tremendo. — Vamos sentar perto do fogo, está mais frio do que nunca, hoje...
— É porque o dia hoje está claro. — Ana sorriu timidamente. — Fica mais frio quando não há nuvens para manter o ar quente embaixo — explicou ela, olhando a todos. — Fica sim!
— É mesmo, você acertou de novo! — disse Micael, mexendo no cabelo dela.
— Eu estou em apuros, Micael? — perguntou Ana.
— Não, meu bem, não está —Arthur garantiu, olhando fixamente para Arthur.
— Que bom! — exclamou ela, dançando pelo corredor. — Então não preciso mais me esconder? Posso andar pela casa?
— Pode, meu bem. — Foi a vez de Chay. — Pode ir, nós iremos num instante.
— E não mexa no fogo — Sophie pediu. — Lembra o que aconteceu da última vez?
— Lembro — respondeu a moça, mordendo o lábio. — Mas os bombeiros vieram rapidinho.
Sophie deu uma risada espontânea ao comentário da irmã.
— Vá com ela, Sophie — Mel sugeriu.
— Vá você também, Mel — insistiu Chay, empurrando Mel levemente, mas ela não se moveu.
Mel abriu a boca para responder, mas ele a silenciou com um dedo sobre seus lábios. Por um instante, ela ficou parada, indecisa. Então, passou um braço pelos ombros de Sophie e as duas se encaminharam para a porta.
—Algum dos dois quer me dizer que diabos está acontecendo aqui? — Arthur foi direto ao assunto. Nem Micael nem Chay responderam, olhando um para o outro com expressões enigmáticas. — Que droga... Bem, de qualquer forma está óbvio.
— Se está óbvio, você não precisa de nós para dizer nada. — Chay finalmente quebrou o silêncio. 
Arthur olhou para Lua, sem acreditar. Ela pensou em todos eles, tentando a todo custo proteger Ana, tão doce e meiga, e sentiu um aperto no coração. Olhou para Arthur, por quem já se sentia apaixonada e sentiu o aperto aumentar de intensidade.
— O que Arthur está dizendo é que está óbvio quem vocês estão protegendo.
— Ana não fez nada — assegurou Micael. — E quando a polícia chegar, ela nem vai estar aqui. Aliás, ela nunca esteve aqui.
— Micael, pelo amor de Deus! — Arthur, que estava alguns passos à frente voltou em seus passos. — As impressões digitais dela estão por toda a parte. As evidências não mentem, a verdade virá à tona.
— Você já tem a verdade que precisa — retrucou o mordomo.
— O que eu tenho — disse ele desanimado —, são quatro confissões de um assassinato, e nenhuma delas é a verdadeira. — Olhou para os dois homens que não baixavam a guarda. Soltando uma imprecação, virou-se para Lua e pegou-lhe a mão. — Lu, as motos para neve estão funcionando, mas ainda não há sinal de celular. O nosso objetivo é chegar a algum lugar que dê sinal, onde possamos ligar para a polícia e pedir ajuda. Caso contrário, seguiremos até Sunshine.
— Se quiser chegar lá antes de escurecer é melhor sair agora — Micael aconselhou, olhando para o relógio. — E trate de não se perder.
— Christian vai conosco — disse Christopher a Dulce ao vê-la preocupada. — Um ajudará ao outro. Vamos ficar bem.
Guiou Lua até o final do corredor, de repente voltou-se para Micael.
— Não faça nenhuma idiotice enquanto estivermos fora. Pelo menos nada mais idiota do que confessar um crime que não cometeu. — Viu quando Alfonso ficou pálido. — Estou falando sério. Ninguém pode entrar naquela adega, ninguém, entendeu?
— Eu sei o que significa idiota — respondeu Micael, irônico.
— Então não se esqueça.  
Arthur já tinha pilotado motocicletas antes, logo achou que uma moto para a neve seria a mesma coisa. E por sorte foi. Era uma sensação maravilhosa, deslizar rapidamente pela neve grossa e fofa por debaixo de pinheiros, em vez de uma rodovia engarrafada.
Também era maravilhosa a sensação de ter Lua agarrada às suas costas, seu peito pressionando-lhe as costas, suas pernas presas às dele. Poderia se acostumar com isso facilmente, mas não naquele frio. A temperatura devia estar beirando zero grau, muito mais frio do que estava acostumado. Fora uma péssima idéia se expor assim ao frio por muito tempo.
Eles seguiam Chay. Ao menos tinha parado de nevar, porque não fazia idéia de onde estavam ou qual direção tomar. À sua volta, só conseguia distinguir o azul forte do céu e o restante do cenário, branco. A neve cobrira todo e qualquer sinal que pudesse ajudar a lembrar o caminho, inclusive a estrada. Imaginou que se algo acontecesse e eles se separassem de Chay, poderia ao menos seguir as marcas do veículo de volta para casa. Pelo menos esperava que sim, pois não queria fazer parte da estatística "Perdidos na Sierra".
Chay os guiou por cerca de dez quilômetros, e quando pegaram à direita em uma clareira, que os levou ao alto de um morro, gritou:
— Ainda estamos na estrada! — seu grito soou abafado por causa do capacete. — Por enquanto está tudo bem!
— Como pode saber? — gritou arthur.
— Sinceramente?! — berrou o escocês,, virando o pescoço e dando de ombros. — É só um palpite! A neve nunca chegou a cobrir os postes da rua, então pelos vãos entre eles, estou arriscando que ainda estamos na estrada, está vendo?
Arthur viu os vãos, e como eles apareciam em intervalos regulares, só podia acreditar que Chay sabia o que estava dizendo.
Mais adiante, Chay diminuiu a velocidade apontando para um declive que claramente não era a estrada, e sugeriu que parassem. 
— Talvez tenhamos sorte de conseguir sinal do celular aqui — gritou ele, e manobrou a moto, fazendo um cavalo de pau, antes de voltar por onde vieram em alta velocidade.
— Chay, não faça isso! — gritou Arthur, sentindo seu coração se apertar. — Ele vai acabar atolando.
Mal terminou de falar e a moto de Chay mergulhou num monte de neve, e atolou. Para piorar, o motor morreu. Chay se levantou e tentou reiniciar o motor.
— Ele terá que desatolá-la primeiro — disse Arthur com um suspiro desanimado.
Chay tentou ligar o motor, sem sucesso, pois a parte fronteira estava totalmente atolada, e não havia como chegar ao compartimento do motor sem desenterrá-lo. Ele desmontou da moto e afundou até o peito na neve. Arthur e Lua se juntaram a ele, tentando levantar a moto, sem conseguir avançar muito. Estavam perdendo preciosos minutos da luz do dia.
— Não percam tempo, subam até o topo, de onde conseguirão sinal para o celular, eu vou continuar cavando.
Arthur não gostava da idéia de se separar de Chay, mas ainda iria levar um bom tempo até que ele conseguisse fazer a moto funcionar de novo. Preferia gastar aquele tempo tentando notificar a polícia sobre onde estavam.
Seguiu mais lentamente do que Chay na moto. Seguiram por entre as árvores e encontraram um desfiladeiro, de onde se tinha uma vista belíssima dos lagos, florestas e vida selvagem em abundância.
Arthur desligou a moto e puxou seu celular do bolso, punindo por instantes para desfrutar da sensação deliciosa de ter Lua abraçada a seu corpo, com os braços em volta de sua cintura e o rosto encostado em seu ombro.
— O que foi? Não há recepção?
— Há, sim — respondeu ele em voz baixa, mas tentando sorver aquele momento, assim se lembraria dele para sempre.  
Lua correu a mão enluvada por seu peito, descansando-a sobre seu coração.
— Eu estava errada antes, Arthur.
— Errada sobre o quê? — perguntou.
— Em fazê-lo pensar que eu queria que nada mais existisse entre nós quando saíssemos daqui — explicou ela, tirando o capacete, esperando enquanto ele fazia o mesmo. Então pressionou a boca em seu pescoço, e quando ele se virou para olhá-la, beijou-o longa e docemente. — Eu estava com medo, ainda estou — admitiu quando os dois se soltaram do beijo. — Sei que parece tolice, mas pensar em como posso me sentir com você, me assusta mais do que ter encontrado Felipe. Mais do que ter passado dois dias no escuro, mais até...
— Já entendi — Arthur disse secamente, passando um dedo pela testa de Lua e arrumando seu cabelo quando uma rajada de vento o desalinhou. — Eu assusto você.
— Assusta — admitiu ela, olhando-o fundo nos olhos. — Mas também faz com que eu me sinta viva e isso é tão bom que vale a pena todo o sofrimento.
— Eu não vou fazê-la sofrer, Lu — disse ele com voz atormentada. — Não haverá sofrimento algum.
— Você diz isso agora, quando não sabe de todos os meus defeitos.
— Não pode ser assim tão ruim. Quer que eu conte os meus para se sentir melhor?
— Faria isso?
— Está bem, aí vai: eu deixei o trabalho bagunçar com a minha cabeça — disse ele, virando-se de frente para ela, pousando as mãos sobre suas coxas.
— Eu sei. — Lua sentiu o coração se aquecer ao vê-lo partilhar algo tão íntimo: frustração, raiva, vergonha. Mesmo se quisesse se esquivar de se envolver, não conseguiria. — Qualquer um em seu lugar teria feito o mesmo. — Inclinou-se e tocou-lhe o rosto com o seu, sentindo sua alma se enlaçar à dele.— Fazer o que faz, dia após dia...
— Eu pedi demissão.
— Mas vai voltar.
Ele a fitou e balançou a cabeça lentamente.
— Você parece estar tão certa disso.
— Eu acredito em você, Arthur. 
— Mesmo até quando eu não acredito. — Ficou emocionado ao ouvi-la. — Ser um policial não ajudou muito em meus relacionamentos no passado.
— Então talvez não seja somente eu que esteja acostumada a tomar péssimas decisões.
— É verdade. — Ele esboçou um sorriso. Suspirou profundamente. — Eu acho que vou acabar voltando, sim. Será que isso vai afetar minha imagem para você lá fora?
— Por que afetaria? Ser um policial é o que sabe fazer de melhor.
— Também tenho outros defeitos, Lua — avisou ele, enigmático, com o olhar vago.
— Não me diga que gosta de cantarolar músicas de Elvis Presley.
— Nem gosto dele.
— Ainda bem, então pode dizer o que tem de pior.
— Deixo roupas espalhadas pela casa e não tenho ferro de passar roupa.
— Mas você gosta de me ver vestindo seus agasalhos e assim, ganha alguns pontos de bônus. — Beijou-lhe, acariciando a língua dele com a sua até que perdessem a noção de onde estavam. — E aposto que nunca teve problemas em escolher que roupas vestir... Talvez possa me ensinar isso.
— Que tal se eu lhe ensinar algumas coisinhas e você me ensinar algumas outras? — sugeriu ele com um olhar malicioso
— Estou sempre disponível.
— Pare! Você nem sabe dos meus defeitos ainda.
— Me diga um, então.
— Meu cartão de crédito está sempre no limite de estourar e o meu guarda-roupa está abarrotado de sapatos.
— Não estou muito interessado em seu guarda-roupa, mas adoraria vê-la usando botas iguais às de Mel. Você tem alguma?
— Quer parar? Estou sendo sincera. Continuando: eu sou uma dorminhoca...
— Ah, disso eu já sei — interrompeu ele, tirando alguns flocos de neve de seu rosto. — Mas fique tranqüila, pode dormir em minha cama o quanto quiser.
— Também sou muito metódica, e gosto das coisas do meu jeito.
— Bem, princesa, eu também. Teremos que nos revezar nisso.
— Você não está me levando a sério... — Ela o encarou, muito séria. 
— Claro que estou! Não estou nem aí se você roubar todos os cobertores da casa ou se eu tiver que sobreviver comendo pão com ovo frito. Mas só para garantir, tenho um estoque enorme de cobertores e uma caderneta de poupança. Não é muito grande, mas pode ajudar em algum imprevisto. Como alguma liquidação, por exemplo.
— Coisas boas nunca entram em liquidação.
— Então me dê um bom motivo para que não nos vejamos.— Lua engoliu em seco, e sentiu os olhos se enchendo de lágrimas.
— Porque eu gosto de você — disse ela finalmente.Arthur a olhou como se não entendesse o que dissera. — Gosto muito... Mas isso nunca deu certo para mim antes.
— E você acha que agora é como das outras vezes?
— Não... — ela respondeu após alguns segundos. — Desta vez parece bem diferente... real.
Arthur soltou um suspiro de pura alegria e puxou-a para seu colo, dando-lhe um beijo longo e apaixonado.
— Sabe — murmurou quando se soltaram —, eu estava numa fase péssima, achando que a vida era uma droga. Mas quando vi você, com aquele vibrador na mão... — Riu quando ela bateu em seu peito. — Eu estou me apaixonando por você, Lu, e dar as costas a isso sem tentar não me parece justo.
— O que sugere então?
— Vamos chamar a polícia e fazer o que pudermos para ajudar aos outros.
— Vejo que se importa com eles tanto quanto eu — disse ela, sentindo os olhos se encherem de lágrimas novamente.
Arthur ligou para o número de emergência com mãos trêmulas.
— Estão priorizando as emergências — explicou ele, após conseguir falar. — Mas graças a Felipe, subimos para o topo da lista. Agora podemos ajudar Chay a desatolar a moto, voltar para a mansão e preparar a todos. Não vai ser nada fácil arrumar aquela bagunça.
Os olhos de Lua cravaram em Arthur, sua garganta estava seca e mais do que nunca, sentia as emoções a ponto de explodir.
— Você... gosta de mim?  
— Gosto,Lu. Gosto muito — foi a resposta simples dele. Colocou-lhe o capacete no lugar e puxou-a para que o abraçasse por trás. — Pronta?
Como ela demorou em responder, ou não conseguia responder, ele se virou e olhou-a por cima do ombro.
— Está tudo bem?
— Sim — ela disse com voz segura, mas com um sorriso trêmulo. — Para você eu estou pronta para tudo.
E realmente se sentia pronta. 
— Conseguiram fazer a ligação? — perguntou Sophie ansiosa ao vê-los entrar na casa.
Chay acenou com a cabeça em concordância.
— Então está feito — disse Mel em voz baixa, enquanto todos soltavam a respiração contida. — Alguém irá para a cadeia.
Micael ficou impassível, mas Sophie começou a chorar com o rosto enfiado em seu avental.
— Calma, vai acabar tudo bem — murmurou ele, afagando-lhe o cabelo.
— Não, não vai! — Sophie afastou-se dele e correu para a sala de estar.
Lua foi atrás dela, e todos a seguiram. Ana estava sentada frente ao fogo, com as mãos perto das chamas, se aquecendo.
— É tão lindo, não é? — comentou ela.
— É sim, mas não toque, está bem? — Lembrou-a Sophie, forçando para que sua voz soasse normal.
— Eu sei, bobinha, é quente — respondeu a irmã com um risinho infantil.
Lua abraçou Sophie, desejando poder ajudar mais.
Arthur tocou no ombro dela, pedindo-lhe permissão para falar com a irmã. Chegou perto do fogo e agachou em frente a Ana.
— Ana? A polícia está chegando — disse ele com voz suave. — Você sabe o que isso significa?
— Sei, sim, eles vêm buscar fELIPE.
— Isso mesmo, meu bem — concordou, fazendo com que Lua o amasse ainda mais. — Mas eles vão querer saber o que aconteceu com ele.
Ao ouvir isso, o rosto de Ana ficou sério.
— Nós já dissemos o que aconteceu — interveio Micael, austero. — Já está feito.
— Sim, disseram — respondeu Arthur, secamente. — Você disse que o matou, assim como você, Mel e depois você admitiu o crime, Chay. E, claro, Sophie , você também disse que o matou. Entendi direito, então? Vocês todos o mataram, certo?
Ninguém disse nada. Arthur olhou para Lua com um olhar derrotado e balançou a cabeça.
— Nós estamos tentando ajudar — disse Lua. — É só dizer o que realmente aconteceu. 
   

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