Ela
respirou fundo, desejando agir com naturalidade. Claro, com tanta
naturalidade quanto fosse possível diante do homem que a assombrara e
com o qual sonhara nas últimas seis semanas!
— Em que posso ajudá-lo, Sr. Aguiar? — ela perguntou, exalando uma eficiência calma.
— Você pode subir para
meu escritório comigo — ele respondeu, com firmeza. — Agora! —
acrescentou, sem esperar por uma resposta e virando-se de repente,
deixando a sala a passos largos.
Kate, que trabalhava
ali perto, olhou curiosa para Lua quando ela seguiu Arthur pela galeria.
Como resposta, Lua deu de ombros, como se perguntasse "como poderia
saber?".
Porque ela realmente
não sabia o que estava acontecendo. Eles jantaram e dormiram juntos,
mas ela não falara a ninguém aquilo, muito menos tentara entrar em
contato com Arthur. Então qual era o problema?
Quanto mais pensava no
assunto, diante do silêncio que Arthur fazia ao subir a escada que
conduzia ao escritório dele no segundo andar, com mais raiva ficava.
Será que esperava, que
Lua tivesse pedido demissão antes que ele retornasse? Por que Arthur
estava tão furioso? Por que ele não esperava encontrá-la na galeria?
Bem, isso teria sido mais do que injusto, não?
Lua adorava o emprego e
também gostava das pessoas com as quais trabalhava. Além do mais, a
esquisitice da situação não era culpa dela, droga!
Arthur olhou para Lua
irritado ao fechar a porta do escritório. Ele podia estar enganado, mas
diante do rosto vermelho e do brilho nos olhos de Lua, apostaria que
estava diante de uma moça bastante indignada.
Ele se sentou atrás da
mesa de mármore italiano, uma mesa que mais de um cliente tentara
comprar. Arthur sempre se recusara a vendê-la, já que o móvel parecia
complementar o restante do escritório, todo de madeira e bastante
austero, ainda que a vista da janela desse para o rio.
— Então, por que esta
com raiva, Lua? — ele perguntou, com as sobrancelhas arqueadas sobre os
olhos azuis que pareciam rir da situação.
— Por eu ter sido mal-educado agora? Ou por que eu não telefonei nas últimas semanas? — desafiou.
— Seis semanas — ela respondeu, ficando imediatamente vermelha.
— Que seja. — Arthur
deu de ombros, sabendo exatamente quanto tempo fazia desde que a vira
pela última vez, mas sem ter a menor intenção de deixar que ela
percebesse.
Continua....
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