- Ainda bem que tomamos café - observou Arthur vinte minutos mais tarde.
Dos
seis monitores, somente Chay ainda tinha apetite. Eu já havia
trabalhado antes como baby-sitter e professora de educação física e
estava acostumada a ficar rodeada por crianças. Mas ali eu descobri que
algo acontece quando cinqüenta e oito delas se juntam. Elas descobrem
inúmeras maneiras de destroçar os seus sanduíches.
Depois
do almoço, dividimos as crianças em quatro grupos - primeira, segunda e
terceira séries e os estudantes vietnamitas. Cada líder ficou com um
grupo por um turno. Eu me dei bem com o grupo da primeira série, que, ao
se separar das outras crianças, ficara repentinamente tímido. Brincamos
de "batatinha 1,2,3" de modo bem civilizado e, depois disso, a terceira
série chegou num alvoroço.
Muitas crianças já tinham perdido ou rasgado o crachá, e algumas decidiram que seria melhor não me falar quem eram.
-
Tudo bem, moçada - disse - Darei um número para cada um. Você é cem.
Você é três. Você, dezoito. E você, setenta. Não esqueçam.
-
Eu sei o nome deles - se ofereceu uma garota com o cabelo da mesma cor
que o meu, preso no alto da cabeça com duas fitas espalhafatosas. Janet.
O seu crachá estava em perfeito estado e provavelmente continuaria
assim por mais quatro semanas.
- Aquele é o Eugene - denunciou, apontando para um menino com a pele morena e um cabelo preto quase todo raspado.
- Não sou.
- É sim.
- Não sou!
- É sim!
- Ele é o setenta - eu disse firmemente.
Mas Janet estava determinada a entregar todos:
- Aquela é a Maria, o Jackson e o Keith.
As crianças a encararam com raiva. Senti uma vontade enorme de chamá-la de dedo-duro, mas me lembrei que a adulta ali era eu.
Chay
me apresentou à senhora Mulhaney, membro da igreja que patrocinava o
acampamento. Dirigiu-se às crianças, explicando que havia trazido algo
para elas brincarem. Olhei para a caixa e depois para ele, achando que
ele estava maluco. Era um conjunto de arcos e flechas. Obviamente, as
flechas possuíam uma proteção de borracha nas pontas, mas qualquer um
que conhece uma turma de terceira série sabe que basta um objeto
diferente para surgirem diversas maneiras de usá-lo.
Continua.....
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