-
Como todas as crianças, elas querem diversão - disse, com o olhar
distante por um momento, como se estivesse de volta aos bairros da
periferia. - Mas são desesperadas por atenção. E já presenciaram coisas
nas ruas e em suas próprias casas que nenhum de nós gostaria de saber.
Discutimos
quais eram os nossos objetivos para as quatro semanas de acampamento e
alguns procedimentos gerais. Nosso dia seria dividido em dois períodos
antes do almoço, e dois após o almoço. Anna, que estava no último ano da
faculdade e era uma aluna da Educação como Chay, havia sido contratada
como monitora de leitura e de matemática. Arthur era o monitor de música
e artes. Descobri que ele tinha acabado de se mudar para Baltimore e
que iria começar a faculdade, assim como eu.
Pâmela,
de 15 anos, era irmã mais nova de Chay e estava como voluntária. Iria
monitorar as atividades livres. Eu fiquei responsável pelos esportes, é
claro. E Hau, um calouro da faculdade, era o monitor de inglês; iria
praticar inglês o dia inteiro com dez crianças vietnamitas que ficariam
sob sua responsabilidade.
Assim
que a reunião terminou, Chay, que andava balançando os braços ao lado
do corpo como um chefe de escoteiros, nos acompanhou até o
estacionamento onde as crianças seriam deixadas todos os dias. Alguns
minutos depois, um grande ônibus amarelo, repleto de braços que acenavam
para fora das janelas, chegou sacudindo ao som de diversas vozes e
encostou próximo ao meio-fio.
Levou
um certo tempo para agrupar as crianças no ginásio. Posso estar
enganada, mas acho que alguns cães pastores teriam ajudado. Filas para o
banheiro foram formadas. Depois disso, crachás com nomes foram
entregues. Chay acalmou as crianças e falou sobre as regras. Então, os
grupos foram levados para almoçar no refeitório.
- Ainda bem que tomamos café - observou Arthur vinte minutos mais tarde.
Continua.....
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