— O que torna o quadro ainda mais interessante é que ele não está em nenhum dos catálogos do artista — informou Lua.
Arthur olhava para ela, curioso. Como ela sabia daquilo? A não ser que tivesse investigado o quadro. O que não fazia sentido. Afinal, Lua sabia que Andre Souter a usara como modelo.
— Talvez seja falso — refletiu Maria.
— Não, Maria — tranqüilizou-a Arthur. — Com certeza é uma obra autêntica.
— Que esteve escondida no porão de alguém pelos últimos 20 anos -acrescentou Lua, provocando.
Ela não pararia de falar? Arthur fechou a cara. Ela certamente queria algo. Mas o quê? Qual o sentido daquilo?
— Na verdade, Jack Garder o mantinha... Está tudo bem com você, Maria? — Arthur se jogou para frente rapidamente para pegar a xícara das mãos da mulher.
— Ah, que estúpida eu sou! — Maria se levantou rapidamente para pegar a xícara de volta das mãos de Arthur. — Vou levar estas coisas para a cozinha, para que não haja mais acidentes — balbuciou, pegando a bandeja e saindo rápido da sala. Henry seguiu atrás dela.
Arthur estava certo de que aqueles velhos estavam escondendo algo.
Ele só não sabia o quê.
Ao olhar para Lua, Arthur percebera que ela também estava intrigada. Lua não esperava por aquilo.
— Seus pais estão escondendo alguma coisa.
Lua olhou desconfiada para Arthur na viagem de volta para Londres. Ele tinha razão, claro, mas ela não queria admitir. Os pais estavam mesmo escondendo algo. O incidente com a mãe depois que o nome de Jack Garder foi mencionado era indício de alguma coisa.
Lua só não tinha ideia do quê!
Henry mudara de assunto assim que voltaram à sala de estar, minutos mais tarde. Ele voltara a falar sobre o casamento, um assunto que colocava Lua em perigo.
— Claro que não — defendeu ela, já decidida a conversar em particular com os pais sobre o quadro, provavelmente quando eles fossem a Londres.
— Você está imaginando coisas, Arthur — ela disse, distraída, sem querer insistir no assunto. — Agora me diga, que preparativos são estes que seus advogados estão fazendo?
Ela não se esquecera daquilo.
— Não seria um acordo pré-nupcial, seria? — ela perguntou, brava.
— Você assinaria?
— De jeito nenhum! — ela respondeu.
— Achei que não — ele ponderou.
—Acordos desse tipo são uma ofensa a todos os envolvidos — disse-lhe Lua.
— E a maioria deles não vale nada — concordou Arthur.
— Ah, tenho certeza de que o acordo pré-nupcial que seus advogados redigirem vai valer! — retrucou, enojada.
— Provavelmente — aceitou. — Mas não é isso o que eles estão fazendo, e você não o aceitaria, de qualquer modo. Eles estão cuidando de alguns documentos porque eu sou um norte-americano me casando na Inglaterra. Então não há motivos para discutirmos isso, não acha?
Certamente, parecia. Lua se virou para Arthur sem conseguir esconder a vergonha no rosto. Mas ficou feliz em saber que este era o único assunto jurídico envolvendo o casamento. Se bem que agora não havia nada para distraí-la, por isso teria de voltar a pensar na reação estranha dos pais.
Continua.....
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