Capitulo Dez – Grávida
POV de Lua
Nunca me senti tão vazia. Parecia que tudo estava indo para o fundo do poço aos poucos. Minha respiração já não existia, eu me senti caminhando nas nuvens, como se um anjo estivesse me chamando.
A dor tinha passado, o medo também, eu só sentia, nada, absolutamente, nada.
- Doutor, e agora? – ouvi uma fraca falar. Acho que é a Sophia.
- Teremos que esperar – ouvi uma voz de homem falar – pode ser um choque.
- Eu quero é saber o que aconteceu – disse uma voz parecida com a do Micael.
- No mínimo, o Aguiar aprontou! – a voz de Sophia disse com raiva.
Aguiar. Arthur Aguiar. Ouvir esse nome, que dor no peito, que vontade chorar. Que vontade de fugir do mundo.
- AAAAAAAAAAAAH! – gritei de dor.
- LUA! – gritou Sophia correndo até mim.
Notei estar em um hospital. E viva. Pensei que estivesse morta. ERA PRA EU ESTAR MORTA!
Virei o rosto, em desespero, sentido as lágrimas escorrerem.
- Amiga – ela implorou – por favor.
- Sophia – eu murmurei – me deixa sozinha, por favor.
- Senhorita, deixe-me falar com a Senhora Aguiar – disse um cara. Deve ser o meu médico.
Ouvi a porta fechar.
- Senhora Aguiar...
- Senhorita Blanco – eu corrigi de forma fraca – Aguiar já não existe mais.
- Tudo bem, senhorita Blanco, preciso ter uma conversa muito séria com a senhorita – ele disse.
- E que é você?
- Doutor Cassiano – ele disse – seu médico de agora em diante.
- E quem disse que eu preciso de médico? – sim, eu estou sendo uma mimada, porque ODEIO médico.
- Seu estado físico e emocional – ele disse de forma calma – a senhorita está passando por sérios problemas.
- Que problemas?
- A senhorita está entrando em depressão profunda, os cortes, o sangue – ele disse. Eu senti que isso era apenas o inicio de uma conversa.
- Os cortes foram apenas... De momento – eu disse – eu só senti que precisava disso. Eu não queria mais viver, a única coisa que me faria viver, me abandonou, por um erro meu. Eu mesma perdi minha fonte de vida. O amor da minha vida.
O doutor Cassiano meu olhou.
- E a senhorita quer perder o pequeno ser que está dentro de você?
HMM?
- Pequeno ser?
- A senhorita está grávida. Tem muita sorte dos remédios não terem matado a criança.
Grávida. Grávida. Grávida. Não, não posso estar grávida.
- O senhor tem que estar mentindo! – eu quase implorei.
- Infelizmente, ou felizmente, não estou. Está grávida de um mês – ele disse.
Por quê? Porque tudo tem que acontecer comigo? Grávida, sem marido, sem ninguém. Ta, isso é muito drama.
- E a senhorita, se não se tratar, levará a criança e a senhorita a morte – ele finalizou.
É muito pra minha cabeça.
- Só vou me curar pelo meu filho – eu decidi – só por ele.
POV de Arthur
Já estou com a Melanie, Lily e o Chay a dois dias. Estou um bagaço. A barba por fazer, quase sempre não abotoou as minhas camisas ao completo, e estou sempre de bermudas. Não me sinto bem, de certo modo. Eu sinto como se tivesse um peso na minha consciência, como se estivesse faltando algo. E está.
Lua. Eu sinto muito a falta dela, mas a única coisa que eu não consigo perdoar é a traição. Para mim, se alguém trai alguém, não existe amor. Cresci com isso, e me doeu saber que a mulher que me jurou amor eterno, me traiu.
- Arthur? – chamou Melanie.
- Oi – eu disse.
- O almoço ta pronto – ela disse.
- Não estou com fome – eu disse.
- Tem que comer. Vo u ser sincera Arthur, você estava melhor com ela do que está sem ela!
Bufei.
- Você me dizendo isso? – perguntei.
- Arthur, você é meu melhor amigo, um irmão pra mim, e eu sei cada sentimento que está dentro de você. Apesar dela ter te traído, você a ama, e quer perdoar ela, mas o seu orgulho é muito grande. Eu posso não gostar nem um pouco dela, mas ela te faz feliz, eu vejo que você muda quando está com ela, você fica automaticamente feliz. Pensa bem, antes de fazer qualquer coisa precipitada. – disse Melanie.
- Você dizendo isso? – perguntei de novo.
- Eu amo você Arthur, e só quero o seu bem. E ela te faz bem. Pense nisso – Melanie beijou minha testa e saiu.
...
Eu já havia decidido o que ia fazer. Irei deixar todo o meu orgulho de lado e ir atrás da mulher que eu amo.
Estava perto de sair de casa, quando meu celular apita. Era mensagem.
“Aguiar, já sabe da novidade? Sua esposa está grávida! Não é uma maravilha? E o melhor, eu sou o pai.”
E logo em seguida, outra.
“Não vai me dar os parabéns não?”
Joguei o celular com toda a força no chão, com muita, muita raiva. E eu aqui, pensando em perdoá-la! Como eu pude ser tão idiota?! (momento Hermione aqui) Ela vai ter um filho, de outro. DE OUTRO!
Chutei tudo que tinha pela frente.
- EU TE ODEIO, POR TE AMAR TANTO! – gritei quebrando um vidro de perfume.
De agora em diante, Lua Maria Blanco não existe mais na minha vida.
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