Depois de seis semanas, Lua ainda estava esperando pelo telefonema de Arthur Aguiar.
Ela
agira como uma tola por esperar que ele ligasse, claro e, depois de
várias conversas com Kate, tivera a certeza de que Arthur nunca se
envolvia seriamente com as mulheres com quem saía. Desde o fim do
casamento, segundo Kate, Arthur tivera uma multidão de mulheres, mas
nunca, sussurrou-lhe a secretária, como se tivesse adivinhado que o
interesse de Lua era sério, ficara com uma funcionária das galerias
Aguiar.
E, se ficara, talvez ela tenha deixado de ser funcionária dele rapidinho, pensou Lua.
Na verdade, ela vivera
a maior parte das últimas seis semanas esperando ser demitida. Claro
que não era tão fácil se livrar das pessoas hoje em dia, mas Lua não
tinha dúvidas de que, se Arthur a quisesse longe dali, ele daria um
jeito.
O fato é que ele
finalmente estaria de volta a Londres na semana seguinte, a tempo para a
inauguração de uma exposição, e isso não a ajudava a se concentrar no
trabalho.
Na verdade, Lua se
sentia um tanto desastrada hoje, derrubara várias coisas pela manhã,
parecendo totalmente descoordenada. Claro que ela sabia a razão do
crescente nervosismo. A chegada de Arthur estava se aproximando com uma
velocidade que a deixava tonta.
Talvez devesse ter
pedido uma licença de alguns dias, dizendo-se doente. Estava mesmo se
sentindo enjoada pelos cantos, incapaz de comer o dia todo. A ansiedade
pela idéia de ver Arthur novamente parecia aumentar a cada dia.
Se bem que o motivo
por que ela deveria ficar nervosa estava além da compreensão. Afinal,
fora Arthur quem a convidara para sair, e não o contrário. E ela não se
convidou para voltar ao apartamento. Na verdade...
— Lua? — uma voz
familiar lhe soou no ouvido. Ela se virou rápido e deixou cair alguns
cartões que estava preparando para a exposição.
— Desculpe — murmurou, agachando-se para pegá-los com as mãos trêmulas e aproveitando uns poucos segundos para se recompor.
Durante as seis
semanas de ausência e silêncio de Arthur, decidira que agiria com frieza
e seriedade quando o encontrasse, e não faria referência alguma, se
Arthur não fizesse, ao fato de eles terem passado a noite juntos no
apartamento na cobertura do prédio...
— Vamos para o meu escritório — disse ele, mal escondendo a
impaciência. — Quero conversar com você.
Era o mesmo Arthur,
percebeu Lua, ansiosa. A pele cor-de-oliva estava bronzeada, os olhos
azuis exibiam o mesmo olhar ferino e o cabelo castanho, embora
parecesse ter sido cortado. Vestido de maneira formal, com um terno
cinza-escuro e uma camisa branca, com uma gravata de seda
caprichosamente amarrada ao pescoço, ele parecia um homem que estava no
controle da situação.
E parecia exatamente o que era: o multimilionário seguro, proprietário de três prestigiadas galerias de arte.
Olhando para Arthur agora, Lua se perguntava como pôde pensar que ele estava mesmo interessado nela!
— Lua — gritou Arthur, franzindo a testa para o silêncio
dela.
Ela percebeu que
estava se comportando como uma idiota, parada ali, olhando-o, sem
palavras diante da aparição súbita dele na galeria.
Continua.....
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