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quinta-feira, 13 de setembro de 2012

jogos do amor capitulo 3




Fiquei no banheiro apenas o tempo suficiente para ver que os meus olhos, que são castanhos, pareciam duas lagoas sujas, e meus longos cabelos loiros estavam desgrenhados e oleosos. No pé da escada, peguei a mochila, que havia sido arrumada na noite anterior, e tirei o capacete da bicicleta do armário. Enquanto torcia o cabelo no alto da cabeça, pensava se não seria uma boa idéia ficar com o capacete durante toda a reunião.
Eu conhecia cada curva do trajeto para a Faculdade Kirbysmith, onde ficava o acampamento Sunburst, e onde minha mãe lecionava desde que eu tinha 4 anos. Pedalei o mais rápido possível, me desviando de um cachorro, um esquilo e um corredor, o que, segundo meus cálculos, dava uma média de apenas um "quase acidente" a cada dois quilômetros. Estava um dia super quente. O suor escorria pelo meu corpo. Tanto que nem me importei quando um homem ligou os irrigadores do jardim ao me ver pedalando sobre o seu gramado. Além do mais, esse era o melhor caminho para se chegar ao buraco na cerca, a minha entrada particular na faculdade.
Mas, mesmo pedalando tão rapidamente, eu não conseguia me livrar da lembrança do pesadelo. Cenas dele, assim como momentos memoráveis do passeio à tarde e do encontro duplo da noite anterior - que eu gostaria de esquecer - faiscavam diante dos meus olhos.
Na noite passada, tinha sido Tim e Pérola, e no passeio à tarde, Taylor e Pérola, e no torneio de basquete, Bo e Pérola, e na lanchonete... bem, era sempre a mesma história, apenas com um garoto diferente. Você já deve ter entendido: qualquer um que saísse comigo, logo saía com a Pérola.
E como eu podia culpá-los? Pérola é delicada, tem olhos escuros, cabelos castanhos. Tem um lindo sorriso, as pernas longas e o pescoço esguio de uma bailarina. De alguma maneira, a minha alegre e tímida amiguinha de colégio havia se transformado num cisne na faculdade. Estava pensando sobre isso enquanto quicava com a minha bicicleta pelos infinitos degraus que levavam até o centro acadêmico da faculdade. Não pedalava por aqueles degraus desde a minha infância e já havia me esquecido como a velocidade aumentava e a bicicleta sacudia. De repente, me vi mergulhando em direção a uma garota e um rapaz que segurava um violão. Ambos se viraram para mim, então, a garota se jogou contra uma parede e o rapaz pulou nos arbustos agarrando o violão como se fosse um bebê.
Passei por eles, apertando os freios, então virei a cabeça para ter certeza de que estavam bem. Dois rostos furiosos me fitaram.
- Desculpe - disse ofegante. - Desculpe! Eu me esqueci da última curva. Acho que perdi a prática...

Continua.....

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