A
oferta foi repetida mais por educação do que por qualquer outro motivo,
percebeu Lua com o coração apertado, quando Arthur se sentou no balcão
para beber o líquido fumegante sem nem ao menos olhar para ela.
Ela ficara tão
fascinada pela atenção daquele homem lindo e sedutor na noite passada
que não conseguiu acreditar na própria sorte quando Arthur pareceu
corresponder ao interesse. Mas parecia que ela teria muito tempo para se
arrepender.
A saída de Lua para não tornar a situação ainda mais constrangedora do que já estava...
— Estou indo, então — anunciou. — Eu... Obrigado pelo jantar — acrescentou de um jeito estranho.
E por tudo o mais, ela
poderia ter dito, mas não disse. Depois das intimidades que eles
compartilharam na noite anterior, isso seria realmente vergonhoso. Algo
que pretendia jamais repetir, se a condição fosse se sentir assim na
manhã seguinte.
Lua parecia um pouco
intrigada com a grosseria, percebeu Arthur com certa irritação culpada
depois de olhar para ela. Aqueles incríveis olhos dourados estavam
alertas e arregalados, e ela ficara ligeiramente pálida diante da falta
de entusiasmo dele. O que ela esperava, caramba?! Que ele faria
declarações de amor eterno? Que ele diria que não poderia viver sem ela e
a convidaria para acompanhá-lo a Nova York?
Droga, isso é a vida real, não um conto de fadas. E eles são adultos, não crianças românticas!
E se divertiram, mas isso era tudo.
— Vou voltar para Nova
York ainda hoje — disse-lhe Arthur, distraidamente. — Mas eu ligarei
para você — acrescentou, sabendo que não pretendia fazê-lo.
Arthur jamais deveria
ter se envolvido com uma funcionária, por isso certamente não pretendia
se encontrar com Lua Blanco fora do expediente nunca mais.
Até porque ele sabia
que, caso se encontrasse com Lua fora da galeria, eles acabariam na
cama, mais uma vez. Mesmo agora, olhando para o biquinho macio daquela
boca, para aqueles cabelos loiros e para as sinuosas curvas do corpo sob
a blusa, Arthur sentiu uma rajada de desejo, uma ânsia sobre a qual
estava totalmente determinado a não fazer nada.
Lua, por sua vez,
percebeu com pesar que estava mesmo sendo dispensada. Ela não era tão
ingênua a ponto de não saber que, quando um homem diz que vai ligar
depois de uma noite daquelas, sem nem ao menos perguntar o número de
telefone, significava que ele não tinha a menor intenção de entrar em
contato com ela!
Claro que Arthur era
um pouco diferente e podia, se quisesse, obter o telefone de Lua com o
Departamento Pessoal da galeria. Mas ela não achava que ele fosse fazer
tal coisa.
A emoção de jantar com
ele na noite passada e das horas que passaram juntos fazendo amor para
depois ser dispensada logo de manhã foi a experiência mais humilhante de
toda a vida de Lua.
Ela estava demorando demais para sair dali!
Continua.....
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