Lua não conseguiu abrir os olhos. Estava tão cansada que apesar de estar acordada, suas pálpebras estavam pesadas demais para serem abertas. Mas algo a fez abrir os olhos. Alguém estava falando com Beatriz, mas aquela não era a voz de Arthur e nem de nenhuma das enfermeiras que ela conhecia.
- Olá minha filha... – a voz dizia baixinho. Lua abriu os olhos fitando o teto sem coragem o suficiente para aceitar de quem era aquela voz. Seu coração disparou. Levantou a cabeça devagar e viu A silhueta de Carla de costas para ela, segurando sua filha nos braços em frente ao pequeno berço. Levantou-se devagar e sentiu seu peito arfar.
- Carla. – ela murmurou. Carla levantou a cabeça e girou nos calcanhares para mirar Lua. Seus olhos estavam confusos, haviam olheiras embaixo de seus olhos azuis. Parecia tão cansada quanto Lua que acabara de dar a luz. Carla deu dois passos para em direção a porta.
- Carla, ponha Beatriz no berço... Agora. – sua voz saiu firme, sem tremer nem um pouco. Ela não se moveu, olhando com ódio para Lua.
- Não. – ela disse entre dentes. Lua deu mais dois passos em direção a ela, sentindo seus olhos marejarem.
- Carla, você não está bem, coloque Beatriz no berço e conversaremos. – disse com calma.
- NÃO FALE COMO SE FOSSE MÃE DELA! Ela é minha filha... ESTÁ OUVINDO?! – Seus gritos acordaram Beatriz que berrava em seu colo. – Calma meu amor, mamãe está aqui... – Seu olhar, seu sorriso forçado... Lua sabia que Carla estava totalmente desequilibrada.
A porta foi aberta rapidamente. Arthur apareceu com os olhos arregalados ao ver Carla e Lua se encarando, enquanto sua filha berrava.
- Carla... Me dê a Beatriz. – ele ordenou. Dois seguranças e mais uma multidão de pessoas apareceram na porta enquanto a policia tentava afastá-los. Carla soltou uma mão do corpinho de Beatriz e puxou uma pistola de trás de si.
- NÃO ARTHUR! ELA É MINHA! FIQUEM LONGE! – ela gritava enquanto apontava a faca na direção dele. Lua chorava, desesperada por sua filha.
- Não, Carla! Largue isso, você vai machucá-la e não quer isso! – Lua disse.
Enquanto Carla se distraia tentando acalmar Beatriz em seus braços, Arthur tentou ser rápido e jogou a arma no chão. Lua correu até eles e pegou Beatriz, enquanto Arthur tentava segurar Carla. A arma não estava longe o bastante, Carla a alcançou. O gatilho foi puxado de uma só vez atingindo Arthur.
- Vem meu anjo, está na hora de mamar. – Lua disse pegando a pequena Bia nos braços. Aninhou-a em seus braços e a colocou em um de seus seios, enquanto cantava uma canção de ninar. Beatriz brincava com as mãozinhas, passando-as no rosto de Lua, já estava com uma semana de vida, a cada dia mais linda e mais esperta.
- Pronta para ir? – Blanca perguntou ao entrar no quarto.
- Claro. Vou acabar de dar de mamar a ela e pegar a bolsa. – sorriram uma para outra e Lua voltou a cantarolar a canção e balançar-se na cadeira de balanço.
Acabou de dar de mamar a Beatriz, pegou sua bolsa e encontrou-se com sua mãe e Sophia no andar de baixo de sua nova casa. Estavam morando em Guadalajara em uma linda casa de dois andares. Sophia dirigiu com Blanca ao seu lado e Lua atrás com a pequena.
Atravessaram o longo corredor deslizando pelo linóleo branco, até chegarem a um quarto.
- Ah! Já estava com saudades das mulheres da minha vida. – Arthur disse com um sorriso largo estampado no rosto. Lua aproximou-se dando-lhe um selinho demorado. Ele estava com uma tipoia no braço, o tiro acertara-lhe o ombro. Estava pronto para ir para casa.
- Nós também sentimos sua falta. Mas já está pronto para ir para casa, finalmente.
- É o que eu mais quero, meu anjo. Poder aproveitar vocês duas de verdade.
Arthur se levantou colocando o braço bom ao redor da cintura de Lua e deixaram o quarto do hospital.
FIM
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