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segunda-feira, 27 de maio de 2013

Amor Por Contrato



                                                                                              10º Capitulo




Um barulho irritante começou a soar ao longe. Lua gemeu irritada. Era o telefone ? Ela abriu os olhos, para logo fechá-los novamente devido a claridade. Sim, definitivamente era o telefone. Olhou ao redor, estranhando o novo quarto em tons claros. Onde tinha deixado o celular mesmo ? Ah, sim no bolso lateral da mala. Levantou-se cambaleando e caminhou até a mala em um dos cantos do quarto. Quando abriu o bolso, o maldito celular parou de tocar. Praguejou um palavrão, e pegou o celular. O visor mostrava uma chamada perdida de Sophia e 10 horas da manhã. Arregalou os olhos assustada. Tinha dormido demais. Com certeza Arthur já havia saído para trabalhar. Esfregou os olhos, e o celular voltou a tocar, desta vez ela atendeu no primeiro toque : - Oi Soph. - Porque demorou para atender ? - quis saber curiosa - Estava dormindo admitiu. - Oh-meu-Deus, então a noite foi maravilhosa não foi ? - Sim, foi, a tempos não dormia tanto. - ela disse revirando os olhos. - já viu as revistas de hoje ? - Não, como disse acabei de acordar. - disse sem paciência - Tudo bem, tudo bem. - a loira disse suspirando – Você fica muito mal humorada quando é acordada já sei, desculpe, mas é que … não pude me conter ! Bom, como sua representante tenho duas coisas para te contar. - Huun. - disse para que Sophia prosseguisse. - A 1° é que uma foto sua e de Christopher abraçados esta estampando as capas de revista de hoje, e não me pergunte como mas as lentes conseguiram pegar até as alianças. Então o boato é que estejam casados. Isso não é legal ? - a loira perguntou entusiasmada Lua já previa isso, e sabia que a partir de agora os boatos do casamento só aumentariam, até que tivessem realmente a confirmação. - Qual é a segunda noticia ? - Sabe o advogado de Arthur ? - Sophia perguntou eufórica - Sim, o que tem Micael. - Ele me chamou para sair ! - ela disse e logo soltou um de seus gritinhos histéricos - Eu pensei que você não gostasse de advogados, devido ao seu ultimo relacionamento com um. - Oh, eu não gosto. - ela admitiu – Mas aquela gostosura não pode ser desperdiçada. Lua riu. Sophia sempre tinha suas artimanhas. - Quando vocês vão sair ? - Sexta a noite. Até convidaria você e Arthur se eu não quisesse terminar a noite na cama dele. Lua gargalhou. As vezes ela era franca de mais. - Nem se me convidasse querida. Já tenho compromisso. - Com quem ? Arthur ? - Sim. Algo beneficente onde tenho que acompanhá-lo. - Oh-meu-Deus, é a sua apresentação para a sociedade. Que roupa você vai usar ? - Ann... Arthur disse que cuidaria disso. - admitiu - Huun. Lua podia até imaginar a cara de Sophia torcendo o nariz por ter perdido o seu posto de “estilista da Lua” para Arthur. - Soph, desculpe, vou ter que desligar. Nos falamos mais tarde ? - Claro. Mas só se não estiver ocupada com o Arthur. - Foi você quem me arrumou esse casamento. Não reclame. - Lua riu e desligou. Ela torcia por Micael e Sophia. Eles formavam um belo casal. Suspirou pensando no que faria a seguir. Bom primeiro trocaria de roupa pois ainda estava com o vestido da noite anterior, depois faria um tour pela casa para tentar se familiarizar e … Espere um pouco... se ela ainda estava com o vestido do jantar, isso significa que dormiu, e se ela dormiu só podia ter sido no carro. E se ela dormiu no carro Arthur só podia a ter carregado até o quarto. Ela bufou e bateu o pé no chão. Sabia que não deviria ter tomado tanto daquele vinho caro. Alem de ficar alegre de mais também dormiu. Arthur devia estar com uma ótima impressão dela nesse momento.
Arthur estacionou o carro e desceu afrouxando a gravata. O dia tinha sido difícil e desde de o café não tinha posto nada na barriga.
Os boatos e perguntas sobre o seu casamento não fez as coisas melhorarem, e sua paciência já tinha se esgotado.
Pensou em ligar para saber como Lua estava durante o dia, mas como ela mesmo havia dito, aquilo era um casamento de mentira, e esse tipo de coisa só era feita em casamentos de verdade.
Abriu a porta e sentiu a casa perfumada.

Logo reconheceu que era o cheiro de Lua.
Virou-se para trancar a porta e só então percebeu um vaso de flor. Um vaso que não estava ali antes, e que não era para estar ali.
Flores lembravam enterro, e enterro lembrava seus pais.
Ele bufou sem um pingo de paciência.
- Arthur ? É você ? - a voz animada dela vinha da cozinha – Venha, preparei o jantar.
Ele respirou fundo caminhando em direção a cozinha.
Pela primeira vez, depois de muito tempo alguém lhe esperava para jantar.
Lua, com o cabelo preso em um coque, estava vindo em sua direção, com os seus grandes olhos castanhos brilhando de alegria.
- Espero que goste de panqueca. - ela disse pegando sua mão e o puxando para a cozinha
- Queria agradecer por ontem. Foi muito gentil. - ela disse sorrindo – Hoje, aproveitei o dia para me familiarizar com a casa e meio que tentei dar um pouco de vida a ela. Estava tão escura e fria. Espero que não se importe.
O que ela queria dizer com dar vida ? - ele se perguntou.
- Onde prefere se sentar ? - ela perguntou quando chegaram a cozinha
Christopher não respondeu, estava ocupado olhando para a “vida” de Lua.
- O que significa isso ? - ele perguntou franzindo o cenho
A cozinha estava repleta de flores.
Uma na janela, outra em cima da geladeira, outra plantinha no chão …
- Isso o que ?
- Esse mato todo na minha casa. - ele disse serio sem alterar a voz
Lua puxou a mão como se alguém tivesse lhe dado uma chibatada.
- Oh, a casa estava tão sem cor e eu não tinha nada para fazer. Espero que não se importe e …
- Eu me importo. - ele a cortou
- É quem bom … eu as acho tão bonitas e delicadas, e pensei que .. - ele a cortou de novo
- Eu não gosto delas, só servem para atrair bichos.
- Oh, quanto a isso não se preocupe, eu posso cuidar para que isso não aconteça. Eu pensei que você … - ele a cortou mais uma vez
- O que você não pensou é que a casa é minha e que antes de sair mudando as coisas, tem que falar comigo. Não gosto de flores.. - ele declarou.
Naquele momento ela teve certeza de que se lhe tivessem arrancado um dedo, não doeria tanto.
Alguns segundos de silencio se passaram até ela se pronunciar :
- Você tem razão. - ela disse olhando para todos os lados menos para os olhos dele - Você esta coberto de razão. Pode apostar que a partir de hoje, vou ficar no meu lugar. - ela disse ressentida – Amanhã mesmo retirarei todas as flores. - ela prometei – O seu jantar esta servido.
Ela anunciou se retirando da cozinha.
- Escuta Luh … - Arthur disse parando na frente dela e a olhando nos olhos, arrependido
- Aproveite seu jantar Arthur. - ela disse fazendo a volta nele e saindo quase correndo da cozinha.
Arthur soltou um palavrão baixinho.
Agora os grandes olhos castanhos de Lua não brilhavam mais de alegria. Nem se quer brilhavam.
Ele respirou fundo e olhou para mesa posta.
Pratos, copos, talheres, tudo em seu devido lugar e uma vaso pequeno e delicado no centro da mesa com três rosas vermelhas dentro.
Um nó na garganta quase lhe enforcou e ele precisou engolir seco.
Ele realmente era um idiota.
Assim que fechou a porta atrás de si e passou a chave, Lua se jogou na cama sentindo as lagrimas lhe queimarem o rosto.
Sabia que estava se comportando igual a uma adolescente mimada, mas dane-se. Que fosse uma adolescente mimada então.
Tudo o que ela tentou fazer foi ajudar, não pensou que por miseras flores ele faria tudo aquilo. Afinal eram apenas flores.
Enterrou a cabeça no travesseiro fazendo assim com que os soluços saíssem abafados e baixos.
Como ele havia conseguido mudar tanto de uma noite para outra ?
Na noite passada, era gentil, engraçado e alegre, porem hoje estava mais para idiota, idiota e idiota.
Porem ela tinha entendido. A casa era dele. Quem mandava era ele, e ela não se metia nos assuntos dele.
Era tudo culpa de Sophia. Como ela conviveria com ele durante seis meses se logo no primeiro dia já haviam brigado?
Um “toc – toc” - foi ouvido na direção da porta e ela rapidamente secou os lagrimas.
- Lua, venha vamos jantar.
Aquilo não era um pedido, e sim um ordem.
- Eu já jantei Arthur. Obrigado pela sua preocupação. - ela disse irônica
- Não minta, você não jantou.
- Jantei sim. - ela rebateu orgulhosa
- Escute, - ele disse sem paciência – se você não descer em dois minutos, não te esperarei para comer.
- Ótimo, não espere. - ela disse brava
Ele pronunciou um palavrão alto.
- Tudo bem, deixe as flores. - ele disse por fim com voz baixa
- O que você disse ? - ela perguntou se sentando na cama
- Disse para deixar a droga das flores.
- Serio ? - perguntou já de pé junto a porta
- É, deixe as flores. A casa também é sua agora, só me de um tempo para me acostumar com isso. - ele suspirou – Eu vou tomar um banho. Assim você tem tempo para descer e jantar lá em baixo, depois eu como alguma coisa.
Barulhos de passos sumindo no corredor foram ouvidos e finalmente o barulho de uma porta batendo soou.
Lua ainda estava atônica. Tinha ouvido mesmo aquilo ?
Deus, que homem bipolar !
Ela se jogou na cama pensando.
Por um lado ele tinha razão por ter ficado bravo. Ela não havia pedido para ele. E se ele fosse alérgico ? Oh era isso, claro, era alérgico.
Como ela não tinha pensado nisso.
Ela gemeu com a consciência pesada.
Talvez se jantassem juntos, o clima poderia ficar melhor... ou pior, tanto faz. Pior do que estava não iria ficar mesmo.
Era apenas o primeiro de muitos dias que teria que passar na companhia dele. Tinha que se acostumar com o maldito frio na barriga.
Afinal, era apenas Arthur. Um outro homem rico qualquer...

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