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domingo, 26 de maio de 2013

Doce Amor capítulo 92 e 93





— Tem medo dos homens que olharão, desejosos, para o retrato da avó do seu filho ou filha, Arthur? — ela pro­vocou.

Ele merecia aquilo. E mais.

— Só quero que você fique com o quadro — ele res­pondeu. — Pertence a você e à sua família.

Mas, como Arthur bem dissera, não era o tipo de pintura que Lua pudesse pendurar sobre a lareira na sala de estar de uma casa de família.

— Tudo bem — ela aceitou. — Acho que poderei ven­dê-lo algum dia e colocar o dinheiro numa conta para nos­so filho ou filha.
— Eu vou sustentar nossa criança, Lua. Assim como vou sustentá-la.

Ela balançou a cabeça.

— Só até eu voltar a trabalhar e ganhar meu dinheiro. Não é preciso pagar pelo mesmo erro duas vezes — ela disse.
— Nosso bebê não é um erro! — gritou Arthur, impa­ciente, o belo rosto se contorcendo de raiva.

Lua olhava para ele, impotente.

— Estava falando de mim, Arthur, não do bebê.

Ele estreitou os olhos azuis.

— Você também não foi um erro — ele murmurou.
Lua sabia que Arthur teria de explicar como se envol­vera com ela quando se encontrasse com Sarah, de volta a Nova York, para discutirem a relação. Só esperava que a outra mulher entendesse e aceitasse o fato de que Arthur não insistira no erro casando-se outra vez. Por falar nisso...

— Vou deixar aos seus cuidados o cancelamento do casamento. — até por que, exceto pelo dia e hora, ela não sabia mesmo quais preparativos foram providenciados.
— Vou cuidar disso, sim — concordou Arthur. — Agora será que podemos sair daqui de uma vez por todas? — ele perguntou, impaciente. — Eu nunca gostei de despedidas, e esta... Vamos embora, sim? — ele passou a mão pelos cabelos.
— Acho que você vai querer isso de volta também — disse Lua, tirando o anel com a safira amarela e dia­mante do dedo.
— Quer parar de me ofender e magoar? — disse ele, com raiva, encarando-a. — O anel é seu. O retrato é seu. E tudo o mais que você aceitar receber será seu também.


Mas não o coração dele. Nem o amor. Que era tudo o que ela queria... Mas o orgulho só lhe permitia ir até certo ponto, e Lua sabia que, nos próximos meses, precisaria mesmo da aju­da financeira de Arthur.

Ela queria estar numa posição boa o suficiente para recusar aquela oferta, mas não estava, não sem depender dos pais. E não gostava nem de pensar nisso.

— Ótimo — aceitou. — Já estou pronta para ir.

Arthur não sabia se estava preparado para ajudá-la a sair da vida dele daquele jeito. Mas também sabia que não tinha escolha. Porque causara tudo aquilo.

Se ao menos não tivesse visto o quadro e presumido que Lua fosse a modelo. Se ao menos a tivesse escutado quando lhe disse que o retrato era de outra pessoa. Se ao mesmo não tivesse se rendido à idéia de que ela já tentara enganar dois milionários e falhara. Arthur acreditava que era apenas a
terceira tentativa, só que, desta vez, Lua tomara o cuidado de engravidar antes do casamento. Se não tivesse feito todas aquelas coisas, talvez ele pudesse pedir uma segunda chance. Mas Arthur fizera mesmo tudo aquilo. E por isso ele merecia que Lua saísse da vida dele!

Na viagem até o apartamento, ela quase não agüentou segurar o choro. Olhando pela janela do carro, continha as lágrimas, determinada a segurá-las até que Arthur a deixas­se, porque não podia deixar que ele visse o quanto aquela despedida a estava machucando. Lua nem mesmo sabia quando o veria novamente. Ou se o veria.

Ele poderia muito bem decidir lidar com todos os as­suntos financeiros por meio dos advogados, e as visitas ocasionais ao bebê seriam feitas do mesmo modo. Até mesmo ser obrigada a se casar com ele seria me­lhor do que não saber quando ou se o veria novamente. Ela virou-se para Arthur, depois de destrancar a porta do apartamento.


Continua.....

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