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domingo, 9 de dezembro de 2012

19º Capítulo de A Cabana



Sempre Podemos Contar Com os Amigos de Verdade!!!!


– Tudo bem. – ficamos em silencio por um tempo. – Você esta mesmo apaixonada por ele?

– Eu o amo. – eu falei. – Ele também me ama... Oh! – eu disse chocada.

– O que? – ela estava preocupada.

– Mel ele deve estar se sentindo horrível agora! – eu disse. – Pelo pouco que eu o conheço, posso te garantir que ele imagina que merece estar passando por isso agora! – seus olhos estavam marejados. – Ele deve estar sofrendo tanto! – eu disse baixinho.

Fiquei imaginando Arthur ali naquela cabana sozinho há três dias. Durante esse tempo eu só pensei em mim e na minha dor, mas eu não pensei no que ele poderia estar passando agora. Ele estava sofrendo e o aperto em meu peito me confirmava isso. Eu precisava arrumar um jeito de voltar para lá, mas eu não sabia como, pois posso te garantir que meus pais fariam marcação cerrada comigo agora. E então eu tive uma idéia brilhante.
Levantei e fui até a minha escrivaninha pegando um caderno com folhas limpas e uma caneta e sentei-me ao lado de Mel.

– Mel, você vai pegar o Micael e vai atrás do Arthur. – eu falei. – Siga o caminho que esta nesse mapa e chegara lá mais rápido. – eu desenhei no mapa que eu havia feito o atalho que ele havia pegado naquele dia que voltamos da cidade. – E vocês vão lá dizer para ele tudo o que acabou de me dizer, levem o laudo pericial do acidente! Façam-no ver que ele não é culpado. Vocês vão não é?

– Claro. – disse ela pegando a folha de minha mão e se levantando, ela tinha uma expressão decidida em seu rosto. Eu só havia visto aquele olhar decido uma única vez na vida, na liquidação de bolsas da Gucci, era a ultima... Mel quase matou uma mulher. Arrepiei-me só de lembrar daquele dia, mas se ela estava com esse olhar de novo, eu sabia que seria bom, pois ela não sairia de lá até que ele a ouvisse. Conhecendo a minha amiga ela gritaria dia e noite incansavelmente na porta da cabana até que ele saísse.

– Boa sorte amiga. – eu disse me despedindo dela, ela já estava na porta do quarto.

– Obrigada. – disse ela.
– Pelo que? – perguntei confusa.

– Por amar meu irmão. – e dizendo isso ela saiu porta a fora.

– Não tem porque agradecer foi inevitável. – eu disse para o vazio do meu quarto.

Eu desejava ardentemente que tudo desse certo e daqui algumas horas eu teria meu Arthur de volta só para mim, não o largaria nunca mais, e se eu pudesse fazer com que ele se fundisse em meu corpo eu faria! Eu só queria amá-lo!

Mel não voltou. Nem no dia seguinte e nem no outro. Há três dias ela havia saído pela porta de meu quarto e nunca mais voltou, será que não havia dado certo? Eu estava louca de curiosidade, eu precisava ter noticias de Arthur. Ouvi batidas na porta e imaginando que era Mel corri para abri-la, era a minha mãe.

– Querida! – ela disse entrando em meu quarto, acompanhada por uma mulher de meia idade que trazia consigo um cabideiro. – Viemos fazer a prova do seu vestido de noiva! – minha mãe cantarolou feliz, senti o sangue de meu rosto descer para meus pés.
Sem a minha permissão minha mãe começou a arrancar minhas roupas e me vestir no vestido branco. Eu me sentia no modo automático.

– Querida, você vai a um casamento, não ao velório. – não respondi e continuei do mesmo jeito até que senti as mãos de minha mãe se afastar de mim. – Oh! Você será a noiva mais linda do mundo! – ela disse emocionada, me virei para o espelho de corpo inteiro e me olhei ali.

Aquela não era eu. Era só a casca de meu corpo, meu eu estava a quilômetros de distancia daqui, abraçada a Arthur. Olhei para o vestido branco, eu teria gostado de vesti-lo se o noivo fosse outro, se fosse Arthur, pois se o noivo fosse Arthur eu poderia estar pelada e ainda sim seria a pessoa mais feliz que o mundo já ouviu falar. Eu estaria sorrindo e radiante dentro daquele vestido se o noivo fosse Arthur, só Arthur, meu Arthur.

Foi olhando para aquele vestido e imaginando que o noivo nunca seria ele que tomei uma decisão. Caminhei lentamente até a minha cama fingindo que eu iria me sentar. A maletinha de costura da costureira estava ali. Rapidamente peguei uma tesoura bem afiada e afundei a tesoura no vestido.
– Lua! – minha mãe gritou horrorizada. Eu picava, cortava e rasgava, destruindo todo o vestido com uma raiva que nunca senti antes. Senti mãos me segurarem, mas não parei, quando vi que a tesoura não adiantaria mais peguei em um lado do rasgo com uma mão e o puxei abrindo um rasgo da cintura a calda.

– Não me casarei com Pedro Cassiano. – eu gritei decidida.

– Isso não esta em questão. – disse minha mãe me olhando brava.

Arranquei o vestido todo rasgado e me joguei em baixo das minhas cobertas.

– Fique tranqüila Sra. Blanco, poderemos consertar o vestido a tempo. – ouvi a voz da costureira. Senti então uma presença ao meu lado, mas ignorei, me encolhi ainda mais em minha cama e rezei para que tudo fosse um pesadelo.

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