Páginas

domingo, 9 de dezembro de 2012

20º Capítulo de A Cabana



Sabendo Um Pouco Mais!!!!



Arthur PDV

Pedro Cassiano foi meu melhor amigo desde que eu me conheço por gente. Nós disputávamos por tudo, pra ver quem era o melhor no futebol, o melhor filho, o melhor aluno e até mesmo para ver quem saia com mais garotas ou quem ia perder a virgindade primeiro. Nós sempre empatávamos, até porque perdemos a virgindade com a mesma garota, uma depravada da época do colégio, dormiu com nós dois ao mesmo tempo.

Mas nossas disputas nunca chegaram realmente a nos prejudicar, nossos pais diziam que era uma competitividade saudável até conhecermos ela: Juliana Rolim.

Linda, alta loira, simpática... Tudo o que um homem procura em uma mulher, e ainda por cima era uma puta de uma gostosa! Foi amor à primeira vista: para ambos.

Desde o inicio ficou claro por quem ela se interessava mais, e Pedro não aceitou isso... Quase vinte anos de amizade foram para o ralo por causa de uma mulher.

Namorei Juliana na época da faculdade, e Pedro sempre tentava de tudo para nos separar, arrumava intrigas, armava as suas... Até mesmo armou para que eu ficasse chapado e tirou fotos minhas com outra garota, ele achou que isso não passaria despercebido por Juliana, ela era uma mulher muito inteligente acima de tudo. Quando ela viu que era tudo armação dele, o xingou de coisas que até o diabo duvidava! A partir daquele dia nunca mais tivemos noticias de Pedro Cassiano, a única coisa que eu sabia era por intermédio de meus pais que ainda tinham contado com o pai dele, Pedro estava criando confusão e se metendo com coisas que não poderia arcar depois.
Casei-me com Juliana pouco depois de sair da faculdade. Eu trabalhava na empresa de meu pai como um advogado associado, eu poderia dar uma vida muito boa para nós dois. Foram dois ótimos anos, até que nós descobrimos a sua gravidez e sete meses depois eu era um homem realizado, pai de duas lindas filhas: Jane e Kate, dois anjinhos de olhos castanhos. Foram os melhores anos da minha vida.

Até que em um acidente perdi absolutamente tudo. Eu era um homem sem chão, sem teto... Pois toda a minha estrutura havia morrido com as três pessoas mais importantes do meu mundo. Eu nem pude ir ao enterro delas, porque eu estava em coma no hospital... O acidente foi grave, mas não o suficiente para ME matar, somente a elas... Eu daria minha vida em uma bandeja para tê-las de volta!

Fechei-me em um lugar só meu. Afastei-me de meus pais e irmãos, pois não suportaria ver a pena e a dor em seus olhos todas as vezes que eu os olhava.

E agora Pedro Cassiano levava a única coisa que me importava no mundo. Lua, a minha Lua... Eu sabia que toda essa felicidade eu estava sentindo não duraria, eu não merecia ser feliz.
Era só o que eu podia pensar nesses últimos três dias, eu não era merecedor da felicidade. Desde que ela se fora, não ousei me levantar, não comia, não dormia... Eu vivia como um robô, a qualquer barulhinho do vento eu imaginava que eram seus passos na neve voltando para mim, eu esperava, esperava e esperava... Mas ela nunca veio realmente.

No terceiro dia algo aconteceu. Ouvi o som de rodas de carro na neve, eu imaginei que era a minha Lua vindo para mim, mas devia ser só a minha imaginação louca me pregando mais peças.

– Arthur! – ouvi duas vozes diferentes me chamarem. Eu as reconheci claro, mas ignorei.

– Sabemos que esta aí, pare de fugir! – ouvi a voz de Micael, meu irmão. Ignorei mais uma vez, só havia uma pessoa que eu queria ouvir e ela não estava aqui.

– Arthur pare de frescura, Lua esta sofrendo! – disse a voz de Mel e ao ouvir seu nome eu me sentei. – Ela sente a sua falta. – disse ela.
- É cara... Os pais dela estão obrigando ela a se casar! - disse Micael de novo.

– Arthur! – ouvi mais batidas na porta.

Continuei ignorando. Como da ultima vez que eles fizeram isso, uma hora eles cansariam e iriam embora.

– Eu não vou desistir! – ouvi Mel gritar como se tivesse ouvido meus pensamentos. –Não dessa vez! – disse ela.

– É mano! – ouvi Micael concordando e então eles começaram a cantar um musica totalmente absurda.
– O que eu preciso saber? – perguntei depois de abraçá-los pelo maior tempo que a curiosidade me permitiu.

– Aqui. – Mel me entregou um envelope pardo.

Sentei-me em minha cama, os lençóis ainda tinham o cheiro de minha Lua, e retirei alguns papéis de lá. Conforme eu lia aqueles papéis mais confuso e furioso eu ficava, quando terminei de ler tudo pela segunda vez, perguntei:

– Quem? – eles se entreolharam.
PDV Arthur

Eu estacionava o Volvo em frente a uma casinha de madeira, com a pintura amarela desbotada pelo tempo, na reserva Quilleute. Há apenas um dia atrás eu sabia o que deveria ser feito assim que meus irmãos pronunciaram as palavras que me tiraram de meu transe. Peguei minhas coisas e segui o carro de meu irmão até a minha antiga casa, Mel estava na minha garupa falando pelos cotovelos, provavelmente recuperando o tempo perdido e eu praticamente bebi tudo o que ela falava.

Eles entram na frente para “preparar o terreno”, como Mel havia dito. Ela havia me dito que quando parti que mamãe havia entrado em depressão, e que o meu pai havia retirado todas as lembranças minhas de casa até o dia que eu voltasse... Então eles deveriam começar a colocar as fotos de volta em seus devidos lugares, pois eu voltei para ficar, mas ainda tinha assuntos pendentes, então sossegaria enquanto não os resolvessem, todos eles.

Assim que a minha querida e amada mãe Kátia colocou seus olhos em mim ela começou a gargalhar.

– Mel aonde vocês encontraram esse ator? – ela disse ainda se recuperando do acesso de risos.

11 comentários: